Ricardo Barbara

A primeira edição do Rio Open, encerrado no último domingo (23) com vitória do espanhol Rafael Nadal sobre o ucraniano Alexandr Dolgopolov, teve a presença de um patrocinador que, aparentemente, parecia fora de lugar. Que nada. A Glanbia, fabricante de suplementos alimentares, dona da marca Optimum Nutrition, patrocinou o evento para levar seus produtos para uma audiência maior do que a habitual.

Quem explica à Máquina do Esporte o que a empresa foi fazer no torneio de tênis é Ricardo Barbara, executivo que era presidente da Apple no Brasil e deixou a gigante americana para comandar a Glanbia no país em meados do ano passado. A missão dele é tornar a fabricante de suplementos na maior do Brasil neste segmento, em termos de participação de mercado. “Vamos estar entre os líderes de market share mesmo sem ter produção local”, garante o presidente.

Para tanto, Ricardo pretende patrocinar uma série de eventos esportivos e atletas que pouco tem a ver com body beauty e alterofilismo. Corridas de rua, maratonas, triatlo, lutas, tênis… Tudo que passar pelo radar do executivo vai ser avaliado. Até agora, a Glanbia fez patrocínios a um time de 18 atletas de diversas modalidades, tem como embaixadora a musa Gabriela Pugliesi e, recentemente, fechou com o lutador Vitor Belfort, que em maio disputa o cinturão do UFC.

Máquina do Esporte: Como surgiu a ideia de patrocinar o Rio Open? O que a marca ganha?

Ricardo Barbara: Temos uma estratégia no Brasil de associar muito a marca a saúde e desassociar um pouquinho a imagem que a suplementação tem de body beauty e de “sou alterofilista”. A ideia de voltar para o mundo de saúde é começar a abordar outros esportes, então vamos, sim, neste ano, estar em diversos esportes como corrida, triatlo, bike, esportes de endurance e o tênis. Por eu ser um apaixonado pelo tênis, por esse esporte, e por ter a oportunidade de eu estar no meio e conhecer o pessoal das antigas, surgiu a oportunidade. Consultei pessoas que trabalham comigo, distribuidores que estão no mercado há oito, dez anos, que entendem da nossa estratégia de ir para outros ambientes, e eles acharam super interessante para a marca. Estamos falando com um público apaixonado por esporte, que, se não usa algum tipo de suplemento, ainda vai usar. Suplementação não é só para “marombeiro”, falando esdruxulamente. É para qualquer pessoa que se preocupa com alimentação saudável e que quer repor nutrientes para manter o corpo saudável. Estamos aqui para associar a marca a este novo universo e ensinar o consumidor.

ME: Acaba sendo um trabalho didático como marca. Os eventos vão servir pra isso? Como vocês pensam a ativação?

RB: Se pegar hoje, é um desafio. Acabamos de fazer uma seleção que fez sucesso no Brasil, um time de atletas para representar nossa marca em 2014. Temos muitos poucos que são do mundo body beauty. Temos o Adriano Bastos, maratonista super campeão. Em luta, temos o Eduardo Santoro, também um campeão em MMA, e a gente pegou pessoas em motocross, então vamos, sim, ter um mundo de atletas que vai desassociar a marca do alterofilismo e penetrar em outros esportes. É trabalho de formiguinha, de ativação em cada um desses eventos para mostrar para o consumidor que temos produtos e diversos tipos de nutrientes para diversas necessidades do ser humano.

ME: Vocês têm um produto específico para cada modalidade? Um para corrida, outro para bike?

RB: Não é um produto para determinado esporte, mas, sim, para o que o corpo requer dentro daquele esporte. O cara que vai para o mundo da musculação quer ganhar massa, então tem que ter consumo de proteína muito maior. A necessidade em uma corrida de longa duração é por carboidrato, então temos um produto que é carboidrato puro. Outro que ajuda na recuperação muscular. A glutamina ajuda no processo de imunidade, importante em qualquer esporte. O que temos ensinado muito aos nossos parceiros varejistas é não empurrar um produto, mas entender a necessidade. O consumidor entra na loja e pergunta: qual o produto que você tem para me indicar? Tem que responder com a pergunta: qual o objetivo? Para quê? E aí recomenda o principal produto.

ME: Quais serão os próximos investimentos da marca?

RB: Vamos ter um evento no Rio, antes do Arnold [Classic Brasil], o principal evento do nosso universo, em abril. Faremos a primeira edição da Sports Nutrition School, uma escola de um dia e meio com duas sessões, uma para nossos parceiros e clientes e outra só para profissionais do ramo, personal trainers, médicos, nutricionistas, na qual vamos falar primeiro de nutrição esportiva e depois dos nossos produtos. Vamos falar por que a necessidade de cada uma das coisas para o organismo e depois quais produtos temos a oferecer.

ME: Como foi a experiência do Rio Open para vocês?

RB: Tenho conversado com as pessoas que trabalham comigo e tenho dito que é um aprendizado. Do ponto de vista de público, estou extremamente satisfeito. De mídia espontânea, estou muito feliz. A nossa embaixadora esteve conosco, a musa Gabriela Pugliesi, postou uma foto do nosso estande com nossa camiseta e teve 11 mil curtições em minutos. Ela esteve acompanhando a final com a gente. Não é nosso público core, mas um dia vai ser, então estou super feliz com isso. É um investimento alto para quem está chegando no Brasil e não tem como público-alvo este público aqui, mas foi uma experiência muito interessante principalmente pela quantidade de pessoas que foram ao nosso estande para tirar dúvidas. Elas disseram: esses vídeos que vocês estão mostrando são só de caras enormes, eu não quero ficar assim. É uma série de coisas associadas que estamos ensinando. Suplementação é super improtante para todo mundo.

ME: Há previsão de outros eventos desse tipo? Para pegar o espectador?

RB: De agora até o fim do ano, vamos olhar para todo tipo de evento relacionado ao mundo esportivo. Vou olhar para corridas, 5k, 10k, maratonas, Iron Man, ver todos os eventos para ver quais farão sentido estarmos presentes. Vamos estar com a Asics, com a Amil no projeto que eles têm no Rio de tênis, projetos muito interessantes que vão de dentro para fora, tirando funcionários do sedentarismo, levando para clientes. E vou vir para outros esportes. Todo evento de luta, MMA, UFC, vou olhar. Estou com o Vitor Belfort, um dos nossos patrocinados. Vamos lançar um produto importante em abril e, depois da luta dele em maio, vou levá-lo para um road show no Brasil importantíssimo para meu segmento. E no tênis, meu segmento, não vou deixar escapar, não [risos].

ME: Qual a meta dentro do mercado brasileiro?

RB: Somos ainda uma marca importada que briga com marcas nacionais que têm dominio do market share brasileiro. Já somos a marca importada mais vendida no Brasil, somos a marca de proteína mais vendida no mundo e vamos em 2014 dar um salto bem grande para ser a marca mais vendida do Brasil. Vamos estar entre os líderes de market share do mercado mesmo sem ter produção local.

ME: Como foi sua chegada à Glanbia?

RB: Vim do mercado de telecom, depois de mais de 20 anos, sendo os últimos cinco responsável por toda a operação de telecom da Apple no Brasil. Como vim parar nisso? Primeiro porque fiz o startup da Apple no Brasil e este é o startup de outra empresa americana. Segundo porque tem tudo a ver com o mundo que eu gosto, o esportivo. Terceiro por eu ser um consumidor de suplementos, entender do mercado, e quarto por achar que há uma grande oportunidade. Eu não largaria a Apple se não fosse uma grande oportunidade.

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