Ricardo Hinrichsen

Ricardo Hinrichsen assumiu em 2012 a direção de consultoria na operação brasileira da agência Golden Goal, pertencente ao grupo inglês Chime Sports Marketing. Entretanto, esse está longe de ser um mundo novo para o executivo, que trabalha com marketing esportivo desde 1996.

Entre 2006 e 2009, Hinrichsen foi diretor e vice-presidente de marketing do Flamengo. Tirou lições dicotômicas da experiência, que ele considera espetacular e frustrante ao mesmo tempo. Mas também classifica o período como “mestrado, pós-mestrado e doutorado” na área.

A Golden Goal, atual companhia do executivo, é um dos principais nomes de seu segmento no Brasil. Além de ser parceira de times e entidades esportivas, a corporação possui projetos com marcas reconhecidas mundialmente pela associação ao esporte.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Hinrichsen também avaliou o mercado de marketing esportivo no país. “Tem mais agência do que farmácia. No médio e no longo prazo, o mercado crescerá ainda mais, mas haverá uma consolidação das empresas mais bem qualificadas. Outras desaparecerão”, previu.

Leia a seguir a íntegra da entrevista com Ricardo Hinrichsen:

Máquina do Esporte: Como foi a experiência de trabalhar em um clube de futebol da grandeza do Flamengo?
Ricardo Hinrichsen: Foi uma experiência enriquecedora. Fiquei no clube de 2006 a 2009, e nós desenvolvemos muitos projetos nesse tempo. Costumo brincar que fiz mestrado, pós-mestrado e doutorado no Flamengo. Mas tem um lado frustrante: o departamento de marketing não é uma prioridade nos clubes brasileiros. Geralmente, times estrangeiros investem de 3% a 5% de sua receita em marketing. Imagino que o Flamengo invista algo em torno de 0,3%. Portanto, foi uma experiência espetacular e ao mesmo tempo frustrante.

ME: E por que você saiu do marketing do Flamengo?
RH:
Fizemos um ano de 2009 excepcional. Entre outras coisas, assinamos com a Olympikus, tivemos o recorde latino-americano de camisas vendidas e fechamos patrocínio de camisa com a Batavo. No fim do ano, nos tornamos o clube que mais faturou com patrocínio no Brasil na temporada. Mas achei que era hora de sair. O Flamengo teria eleições presidenciais, e eu deixei claro que não ficaria independentemente do resultado.

ME: Você está atualmente na Golden Goal. Quais são os principais projetos da agência para este ano?
RH:
O nosso carro-chefe é a parceria que fizemos com a DFB, entidade que controla o futebol na Alemanha. Eles são reconhecidos como os melhores organizadores de eventos esportivos. A Copa do Mundo de 2006, realizada pela DFB, se tornou referência em termos de gestão e organização em todo o mundo. Também estamos trabalhando em uma série de projetos de branding com nossos parceiros.

ME: A Golden Goal está trabalhando em algo para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016?
RH:
Sim. Para a Copa do Mundo, faremos muitas coisas baseadas nessa parceria com a DFB. Uma de nossas ideias é usar o Mundial para promover a cidade ou o estado. Seria importante se as sedes da competição passassem a ser vistas de uma forma mais simpática após a realização da Copa. Além disso, é fundamental que o evento deixe um legado social para que o esporte permaneça presente na região.

ME: Quais são os principais clientes da Golden Goal?
RH:
Temos inúmeros parceiros. Muitos possuem grande relevância no esporte brasileiro e mundial. Alguns deles são Coca-Cola, Sadia e Visa, entre outros.

ME: E o movimento Cariocas, que tem como objetivo fortalecer ações comerciais conjuntas entre os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro? Como isso entra nos planos da Golden Goal?
RH:
É muito importante para a Golden Goal gerenciar o movimento Cariocas. Estamos ao lado de clubes que possuem visibilidade nacional, não apenas no Rio de Janeiro. Trabalhar com os quatro grandes ao mesmo tempo é uma oportunidade maravilhosa. Esperamos ter sucesso nesta empreitada.

ME: Quais são as metas da Golden Goal para o futuro?
RH:
A Golden Goal está em uma posição para se tornar a líder no mercado de marketing esportivo no Brasil. Precisamos continuar o trabalho que estamos realizando para consolidar a empresa neste patamar.

ME: Como você vê o crescimento do número de agências de marketing esportivo no Brasil?
RH:
Recentemente, tem aberto mais agência de marketing do que farmácia no Brasil. Tem de tudo. É natural, já que estamos próximos da Copa e dos Jogos Olímpicos no país. Mas tem muita coisa que abriu que não vai mais existir após esses eventos. Não é fácil entender como o mercado funciona. Vão restar apenas as agências que tiverem mais história e experiência. No médio e no longo prazo, o mercado de marketing esportivo crescerá ainda mais, mas haverá uma consolidação das empresas mais bem qualificadas. Outras desaparecerão.

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