Romulo Macedo

No Brasil, parceria para gerir o marketing do Espírito Santo Futebol Clube, integrante da primeira divisão capixaba, em um Estado com futebol muito inferior a todo o país. Em Taiwan, acordo com uma empresa de exportação e importação para viabilizar a venda de produtos brasileiros em solo asiático. Esse é o negócio a ser costurado.

Romulo Macedo deixou a Garra Sports Marketing em meados deste ano para criar a Coach Sports. A agência fechou parceria com a Seronce, importadora taiwanesa que está tentando levar produtos brasileiros como açaí e guaraná para o país dela, ainda com pouco sucesso. O esporte foi escolhido como ferramenta para tal.

A ideia é montar um evento composto por vários elementos brasileiros, como capoeira, samba e música popular brasileira. O Espírito Santo FC, por sua vez, seria levado para Taiwan para enfrentar a seleção local. Nesse ambiente, produtos brasileiros seriam degustados, e a demanda por eles, enfim, seriam gerada na região.

“Estamos buscando empresas para que entrem na ilha, divulguem produtos, e nós damos a visibilidade”, explica Macedo, que detalhou em entrevista à Máquina do Esporte todo o plano para levar o futebol a Taiwan. “Empresas que exportam açaí, castanha, palmito, nós queremos que eles posicionem os produtos deles”.

Confira a entrevista na íntegra, abaixo:

Máquina do Esporte: Em que condições a Coach Sports foi fundada?

Romulo Macedo: Ela começou no início de setembro deste ano, e desde então estamos operacionalizando a agência. Já fechamos para fazer a gestão da imagem de um atleta de aventura, Ângelo Corso. Na primeira expedição que ele fez, pedalou do Rio de Janeiro até o Pará. Depois, subiu contra a correnteza o rio Amazonas. Foi o primeiro homem a fazer isso contra a correnteza.

ME: O que vocês pretendem fazer com ele? Captar patrocinadores?

RM: Sim, e também estamos conversando para transformar em um programa na TV fechada. Estamos conversando com empresas, tanto para dar apoio quanto equipamentos. Precisamos de patrocínio para bancar custos, como acoplar câmera em HD, alugar helicóptero para filmar de cima, tudo isso com um custo bem alto.

ME: E já há negócios encaminhados?

RM: Estamos conversando com algumas empresas. Algumas já estão bem encaminhadas. Nada disso ainda é trabalhado, e tem tudo a ver, porque envolve desenvolvimento sustentável, natureza, coisas que têm crescido muito. Toda a expedição é movida pelo corpo humano, dentro da natureza, para chegar a lugares que nem se imagina.

ME: Qual outro foco de atuação?

RM: Fechamos com o Espírito Santo Futebol Clube para gerir o marketing deles. Faremos planejamento, relação com patrocinadores, e é um clube novo, de quatro anos, que está na primeira divisão capixaba. O futebol lá não é tão forte, mas queremos fazer um trabalho diferenciado. A prioridade é patrocínio, buscar dinheiro, mas também posicionar a marca, buscar o torcedor que ainda não existe, porque é um clube novo. E usar a internet, mídias sociais, que não geram custo para trabalhar.

ME: E no Taiwan? Quais são os planos?

RM: Nós para lá, na primeira vez, a convite de uma empresa de importação e exportação chamada Seronce. É uma empresa taiwanesa. Eles têm um diretor de marketing brasileiro, que tem ligação com esporte, principalmente futebol, e querem desenvolver o futebol como ferramenta de marketing para divulgar produtos que eles vendem.

ME: Qual a situação do futebol em Taiwan?

RM: Lá ainda é muito incipiente. Fomos, fizemos uma série de reuniões e recebemos o convite para participar de feiras de turismo em Taiwan. Estamos desenvolvendo junto com a Seronce, em parceria com o Espírito Santo FC, o “Brazil Spirit”. É um intercâmbio para divulgar o esporte lá, mas temos uma série de obstáculos a ser vencidos.

ME: Como será esse evento?

RM: Estou levando produtos brasileiros na mala, além de tudo o que preciso, para levar o projeto. Açaí, palmito, guaraná, produtos brasileiros que vão vir a dar suporte financeiro para o projeto. Não é só futebol, mas um evento brasileiro, com capoeira, samba.

ME: Vocês já têm apoio de empresas de lá?

RM: Temos o apoio da confederação local.

ME: Por que usar o Espírito Santo FC? Não seria melhor tentar um clube mais expressivo?

RM: A decisão é estratégica. O Espírito Santo FC é mais fácil, porque Fluminense, Flamengo e Corinthians, por exemplo, têm outras prioridades. Não teriam como priorizar um projeto desse porte. E, para eles, futebol está muito no início. Se trouxer o astro do críquete para o Brasil, não terá o mesmo impacto que na Índia, porque ninguém o conhece aqui. É mais ou menos essa a ideia. O custo é muito alto para trabalhar com esses clubes, que têm marca estabelecida, e a marca deles não significa tanto lá porque ninguém conhece futebol. E até por intercâmbio de atleta. Pensamos em trazer um taiwanês para jogar aqui no Espírito Santo, para disputar a primeira divisão estadual e ter torcida, pressão, coisas que faltam lá. Em um time grande, ele não teria chance de jogar.

ME: Quais os próximos passos para viabilizar esse projeto?

RM: Vamos participar de feiras, fazer uma série de reuniões, para desenvolver esse evento chamado Brazilian Football Day, algo nessa linha, que vai levar o Espírito Santo FC para jogar contra a seleção local de Taiwan. Só o futebol não atrai, então teremos de ter um evento brasileiro, com degustação de produtos, apresentações de samba e capoeira, música popular brasileira. Paralelo a isso, faremos uma escolinha, que lá eles chamam de football academy, com técnicos brasileiros.

ME: Qual o papel da Seronce? E haverá outros parceiros?

RM: A Seronce é a mãe de tudo isso. Agora estamos buscando empresas com relação comercial para que entrem na ilha, divulguem produtos, e nós damos a visibilidade. Estamos falando com varejistas, supermercados, para que entrem no mercado de Taiwan. Na verdade, por trás há suporte do escritório, que abre as portas para reuniões, e nós queremos que eles posicionem produtos brasileiros. Empresas que exportam açaí, castanha, palmito. Estamos conversando com algumas, mas ainda não há nada fechado. Estamos decidindo qual público será atingido, se será o AA ou alguém mais acessível.

ME: O poder público está envolvido?

RM: A princípio, não.

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