Sami Arap Sobrinho

Uma campanha publicitária da Topper, marca oficial de material esportivo da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), dizia que o esporte “ainda vai ser grande”. É impossível não lembrar disso ao falar com Sami Arap Sobrinho, advogado que preside a entidade nacional desde 2010.

O rúgbi nacional tem seis patrocinadores (Topper, Bradesco, Heineken, JAC Motors, Deloitte e Probiótica), três apoiadores (CCR, Cremer e BR Properties) e quatro parceiros (Travel Ace, Cultura Inglesa, Shark & Lion e ZDL). Ainda assim, a CBRu está em fase de desenvolvimento.

Em julho deste ano, a entidade findou uma parceria com a Dream Factory, agência que dava suporte ao marketing da instituição. Em vez de substituir a empresa, a CBRu decidiu aumentar o departamento.

A aposta é que o rúgbi brasileiro passe por novo período de expansão. Sobretudo a partir de uma divisão de perfis entre a modalidade com 15 atletas e o estilo com sete jogadores em cada equipe, que será incluído no programa olímpico do Rio-2016.

“O que nós queremos é aproveitar a exposição que o Rio-2016 vai gerar. É uma chance de alavancar a modalidade”, disse Arap Sobrinho em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Com a nova estrutura do departamento de marketing da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), quais são as funções da diretoria executiva e do conselho na captação de patrocinadores?

Sami Arap: Presidente e membros do conselho da CBRu atuam na identificação de potenciais patrocinadores e tratam de discussões preliminares num nível executivo hierarquicamente superior. Uma vez identificado o panorama, entram em campo as áreas de marketing e de torneios/competições para detalhar nossos produtos e objetivos. O acompanhamento constante junto ao patrocinador cabe à área de marketing.

ME: Existe a possibilidade da CBRu trabalhar novamente com a Dream Factory, já que o acordo foi rompido amigavelmente?

SA: Sim, claro. Os executivos da Dream Factory Sports são pessoas altamente capacitadas, e acredito que desenvolvemos uma relação de amizade e confiança. Infelizmente, a CBRu ainda não alcançou o estágio de independência financeira, e quase a totalidade das agências não querem trabalhar somente em base de honorários de êxito. Por isso, as agências alegam não ser possível destacar uma pessoa em período integral para trabalhar pelo rúgbi.

ME: Agora que o rúgbi de sete é um esporte olímpico, qual é a meta da CBRu para alavancar a modalidade até 2016?

SA: As metas para desenvolvimento e alto rendimento do rúgbi seven estão descritas no plano estratégico 2012-2030 da CBRu. O que nós queremos é aproveitar a exposição que o Rio-2016 vai gerar. É uma chance de alavancar a modalidade.

ME: Disputar em alto nível a Copa do Mundo de 2019, no Japão, é o principal objetivo da CBRu no momento?

SA: Atualmente, o principal objetivo da CBRu é o fortalecimento técnico dos atletas e das seleções. Disputar uma Copa do Mundo está em nossos planos de médio prazo. O futuro de nossas seleções está nas categorias de base.

ME: Existe diferença na captação de patrocínios do rúgbi seven para o rúgbi de 15?

SA: Há vários países que distinguem os patrocinadores de rúgbi 15 e rúgbi seven. As temporadas e torneios são diferentes. No início da CBRu, em 2010, não fizemos essa distinção, mas hoje percebemos que há necessidade dessa separação. Aliás, são modalidades com objetivos e programas distintos: um é olímpico, e o outro é voltado à Copa do Mundo.

ME: Qual é o critério usado para definir qual patrocinador se identifica melhor com determinada modalidade?

SA: Os valores do rúgbi aplicam-se para as duas modalidades. Creio que a definição, pelo patrocinador, de uma ou outra modalidade, se dará em função do tipo de produto disponível (competições nacionais e internacionais), não da modalidade em si.

ME: Nesse processo de estruturação da modalidade no país, qual é a importância do projeto Try-Rugby SP, anunciado recentemente pelo Sesi?

SA: O recém-lançado projeto “Try-Rugby SP” é de suma importância para o desenvolvimento do rúgbi no Brasil. Imagine o que significa alcançar dez mil jovens de oito a 17 anos no Estado de São Paulo, em parceria com o SESI-SP (respaldado pela FIESP), contando com a reputação do British Council e da Aviva Premiership. Estou certo de que o projeto terá êxito e será replicado em outras unidades do país.

ME: Eles anunciaram uma meta de dobrar o número de praticantes do rúgbi em São Paulo. Isso é realmente possível?

SA: Sim. O projeto é sério e administrado por pessoas competentes. A escolha das cidades foi muito feliz.

ME: Hoje, mais da metade dos praticantes de rúgbi no Brasil estão em São Paulo. Como a CBRu pretende desenvolver o esporte nos outros Estados?

SA: Acima de tudo, buscamos qualidade, não quantidade. O rúgbi tem crescido com qualidade nas regiões Sul-Sudeste do país. Infelizmente, o Brasil tem dimensões continentais, e nossos recursos financeiros são limitados. Clubes e federações estaduais devem fazer suas partes, procurando parcerias com a iniciativa privada e os governos locais. A união faz a força.

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