Sergio Azevedo

O mercado publicitário brasileiro tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 20 bilhões anuais. A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) conta com 300 empresas de grande e médio porte que, juntas, representam 68% desse universo de investimentos. Dessa forma, com um poder aquisitivo de mais de R$ 13,5 bilhões, as tendências apontadas pela entidade devem ganhar destaque no planejamento de qualquer companhia.

De dois anos para cá, a bola da vez passou a ser o esporte. Com o crescimento do marketing esportivo e, conseqüentemente, da profissionalização das modalidades, os anunciantes passaram a enxergar possibilidades concretas de negócio ao se associarem a eventos esportivos das mais variadas naturezas.

“Atualmente, as grandes e até médias corporações demonstram muito interesse na área [esportiva]. Neste ano, ainda teremos o Pan do Rio de Janeiro, o que movimenta outros esportes, como vôlei, natação, atletismo, e as próprias empresas chegaram à conclusão que seria importante fazer um debate rotineiro sobre o assunto”, afirma Sérgio Azevedo, presidente da ABA-Rio.

Porém, se o mercado brasileiro está em alta, um esporte se destaca nesse momento para os anunciantes. Ciente disso, a ABA-Rio, em parceria com a agência Brunoro Marketing Esportivo, realiza no próximo dia 24 de abrul o “I Fórum ABA Esporte: Automobilismo”, com debates sobre os cases envolvendo categorias como Fórmula 1 e Stock Car.

“O automobilismo tem sido uma fonte de grandes oportunidades do marketing esportivo no Brasil. Além disso, tem sido uma vertente importante, muito bem explorada pelas empresas que têm interesse em alavancar suas marcas e negócios”, explica Azevedo.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o presidente da ABA-Rio explica o porquê da realização do fórum de automobilismo no Rio de Janeiro, como as empresas exploram as oportunidades nas categorias e os planos da entidade em criar eventos com outros esportes.

Leia a seguir a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Por que a ABA-Rio decidiu dedicar um fórum exclusivamente ao marketing esportivo relacionado ao automobilismo?

Sérgio Azevedo: O automobilismo tem sido uma fonte de grandes oportunidades do marketing esportivo no Brasil. Além disso, tem sido uma vertente importante, muito bem explorada pelas empresas que têm interesse em alavancar suas marcas e negócios. Sentimos que tinha uma grande demanda. Então, ao lado do [José Carlos] Brunoro [presidente da Brunoro Sports], que é parceiro nesse evento, avaliamos que era um momento importante que o país atravessava, com muitos investimentos nessa área e bons exemplos das empresas. Por isso decidimos realizar o evento.

ME: Tradicionalmente, os grandes eventos e investidores do automobilismo estão em São Paulo. Por que realizar um fórum sobre esse esporte no Rio de Janeiro?

AS: Boa parte das verbas, das empresas e dos próprios eventos realmente está em São Paulo. Apesar disso, entendemos que o Rio de Janeiro é extremamente importante para o desenvolvimento do esporte como um todo e, principalmente, para o automobilismo, até por toda a história da cidade com esse universo.

ME: Como o automobilismo abandonou o amadorismo de décadas atrás para se tornar mote de discussão de marketing esportivo?

AS: Eu acho que é um elenco de fatores. Tem uma história de amadurecimento, que já vem desde a década de 70 com a Fórmula 1. Além disso, sempre exportamos bons pilotos para categorias norte-americanas, européias e sul-americanas. Além disso, teve um despertar por parte da TV, que tem sido muito importante na divulgação, mas não podemos esquecer do surgimento de muitas outras mídias. Hoje temos revistas especializadas, espaços de programas em várias emissoras falando sobre o automobilismo. As pesquisas demonstram que o automobilismo é um dos esportes que tem a maior preferência do público. Ainda não é tão forte quanto o futebol, mas está entre os quatro.

ME: Isso atrai as empresas para o automobilismo?

AS: Os espetáculos têm boa repercussão, bom público, e as empresas já perceberam isso. Existem grandes oportunidades para alavancar negócios, de levar ao grande público os produtos, e por isso estaremos discutindo essas possibilidades no fórum.

ME: Quais são essas possibilidades criadas pelo automobilismo para as empresas?

AS: Há muitas empresas, como a Golden Cross, Medley e Petrobras, por exemplo, que fazem um trabalho de relacionamento. As provas servem como pontes para realizar ações com clientes, fornecedores, entre outros públicos.

ME: Até que ponto o patrocínio aos atletas e, conseqüentemente, os resultados nas pistas, ajuda ou atrapalha nas ações realizadas nos camarotes?

AS: As empresas patrocinam muitos atletas, mas não deixam de fazer as ações de relacionamento, independentemente de o piloto estar na ponta ou não. As empresas investem por conta do espetáculo. Então é ótimo se o piloto dela está no pódio, mas, como em tudo na vida, quem investe no esporte tem um imponderado também. Você investe em um time de futebol, por exemplo, e não necessariamente ele será campeão todas as vezes, mas nem por isso deixa de ser um bom investimento.

ME: Sem um grande ídolo, não é mais difícil “vender” o automobilismo às empresas?

AS: Todo esporte que vive em função de uma pessoa corre um risco, pois o ídolo é importante, mas não fundamental. Tanto é verdade que na Stock Car, por exemplo, temos uma série de carros, com uma série de nomes de empresas. Elas não investem necessariamente apenas nos melhores classificados.

ME: Com o automobilismo em alta, a ABA-Rio já pensa em promover outros fóruns focados nesse esporte especificamente nos próximos anos?

AS: Como todos os eventos que lançamos das áreas de comunicação e marketing, vamos experimentar o mercado. Vamos ouvi-lo, ver qual a repercussão e se as pessoas gostaram ou não. Uma coisa eu não tenho dúvida: o programa deste ano é de alto nível. As pessoas que estarão palestrando são de alto nível. Então vamos ver se o evento será bem ranqueado. Se sentirmos isso e o mercado achar que deve ser repetido, vamos fazer.

ME: Além do fórum focado no automobilismo, a ABA-Rio também realizou outros encontros para discutir o marketing esportivo. Por que a entidade passou a tratar desse assunto com mais freqüência?

AS: Os nossos associados são os grandes anunciantes do país. Então, em nossas reuniões, nós sempre tentamos descobrir quais são os assuntos de maior interesse do próprio anunciante, pois eles só investem no que for conveniente para eles. A área esportiva não é um fenômeno apenas no Brasil, mas sim no mundo todo. Atualmente, as grandes e até médias corporações demonstram muito interesse na área. Neste ano, ainda teremos o Pan do Rio de Janeiro, o que movimenta outros esportes, como o vôlei, natação, atletismo, e as próprias empresas chegaram à conclusão que seria importante fazer um debate rotineiro sobre o assunto.

ME: O senhor citou outros esportes. A realização de um fórum sobre automobilismo pode abrir o precedente para que eventos do gênero aconteçam com outras modalidades em foco, como vôlei, por exemplo?

AS: Pode ser que sim. Eu não diria exatamente o vôlei, mas diria esportes fechados, como basquete, vôlei, etc. O elenco precisaria ser um pouco maior. No automobilismo, estaremos centrando em várias categorias, como Fórmula 1, Stock Car, Truck, entre outras, então é mais amplo. Um sobre atletismo, por exemplo, pode acontecer, pois engloba corrida, salto com vara e salto em distância, entre outros. Temos, então, que ter um elenco de categorias que caibam em um fórum, e que os anunciantes tenham interesse.

ME: E a realização de um fórum focado apenas no futebol?

AS: Acho que poderíamos fazer, mas por outro lado não queremos esvaziar o nosso fórum de esportes internacional. Esse é um evento maior, de dois dias. Então o que fazemos: dedicamos um dia inteiro só para o futebol e os demais esportes no outro. Se algum dia formos fazer sobre futebol especificamente, temos que ter o cuidado de não matar ou tirar o peso do evento internacional.

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