Política de empresas e moda nas academias, a procura por corridas de rua é cada vez maior no Brasil, que segue uma tendência mundial do setor. Com o atrativo da qualidade de vida e a possibilidade de integração, a ?modalidade? garante às marcas um público cada vez mais fiel e qualificado, com potencial de compra e interesse em novos produtos. Com o intuito de preencher ainda mais esse espaço, a Promotrade realiza, na próxima semana, a terceira edição da Running Show, feira especializada neste tipo de prática esportiva.
O evento, que será realizado no pavilhão da Bienal no Ibirapuera entre os dias 21 e 24 de agosto, reunirá empresas de ponta como Asics, New Balance, Nike, Topper, Mizuno e Avia, representantes do setor calçadista. Também por isso, a Running Show adquire o status de ponto de encontro para os corredores.
?Acho que o sucesso da feira está ligado ao crescimento do esporte no Brasil. Em 2001 tivemos 11 provas em São Paulo, com cerca de seis mil participantes ao todo. Neste ano, são cerca de 300 eventos, que movimentam quase 300 mil pessoas?, disse Sérgio Bernardi, diretor da Promotrade, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
O principal responsável pela organização da Running Show acredita que o mercado ainda tem muito o que crescer. Bernardi acha que o potencial do Brasil, pelo tamanho do país, pode ser melhor explorado para, quem sabe, uma dia chegar à força dos Estados Unidos, com mais de 50 milhões de praticantes.
Um dos meios de turbinar esse processo, as feiras que reúnem interessados no assunto podem fidelizar o público das corridas. Com clínicas, assistência profissional e oferta de tecnologia das marcas, a Running Show quer vestir essa camisa e liderar o processo de ampliação do mercado.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: Como explicar a evolução do mercado de corridas de rua no Brasil?
Sérgio Bernardi: Olha, acho que o motivo básico é a facilidade que a prática oferece. A pessoa precisa apenas de um tênis e uma camiseta para sair correndo na rua, enquanto em outras modalidades depende de estrutura, aptidão técnica e mais dinheiro. Além disso, existe a questão do círculo de amizades que você cria. A corrida favorece essa coisa de comunidade que treina junto, inclusive no que diz respeito à participação em provas.
ME: Há um limite para essa ampliação do mercado?
SB: Eu acho que alguma limitação deve acontecer em breve no tocante às provas. O número de eventos tem sido muito grande, não dá para você ter prova todo dia em São Paulo. Agora para isso de busca de qualidade de vida não tem muito limite. Eu acho que no Brasil o mercado ainda é pequeno, inclusive, e a base de consumidores só tende a crescer.
ME: Isso explica o interesse das marcas nesse público?
SB: As grandes empresas vêem um público que tem capacidade de compra e que procura sempre o melhor produto. O cara que corre quer ter o melhor tênis, a camisa com a tecnologia mais avançada, e isso é importante para as marcas. No setor de calçados, por exemplo, tem empresa que já destina mais de 50% da sua produção para o running. Isso porque a gente está falando de um setor muito consolidado. Quando você fala em outros produtos existe um mercado enorme pela frente a ser explorado.
ME: E qual a importância de feiras como a Running Show nesse processo?
SB: A feira tem de mostrar as novidades, colocando profissionais para falar sobre o assunto, com uma veia pedagógica mesmo. E o mundo inteiro está percebendo isso. A empresa que organiza a Ispo, a maior feira de esportes do mundo, por xemplo, criou um evento só para as corridas, que chama Running Order Show e foi um sucesso. E a tendência é que as feiras creçam mesmo. Acho que a gente tem potencial para ser um evento mais geral, falando de qualidade de vida com outros esportes também, como o triatlo e o ciclismo.
ME: Qual é o público da Running Show, o corredor de rua que quer conhecer melho o assunto ou o empresário que organiza os eventos e quer fazer negócios?
SB: Com certeza são os corredores. O consumidor é o grande alvo. Ele representa 90% do nosso público. A feira tem também o público de negócios, mas é montada principalmente para o leigo. Tanto é que as fábricas não esperam grandes negócios.