Simone Galante

Nova atração do Morumbi, o Santo Paulo Bar faz parte de um conceito diferenciado de utilização do estádio, com temática ligada ao futebol e ligação com outros pontos de um projeto maior. O administrador disso tudo, porém, não é o São Paulo. Sem know-how na área, o clube cedeu, por meio de uma parceria, a gestão do espaço para a GRSA, empresa com atuação mundial em soluções alimentícias que inaugurou, com a atração, seu braço de entretenimentos e lazer no Brasil.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Simone Galante, diretora da divisão de varejo, explicou os planos de expansão da empresa, que pretende liderar o setor na Copa do Mundo de 2014. Antes de tomar a iniciativa, porém, a GRSA ainda pretende estudar bem o mercado.

?Estamos mapeando arenas e estádios com potencial para o Mundial, para depois, em seguida, fazermos um plano mais estruturado, entendendo bem o que estamos fazendo?, explicou a executiva.

Ponto alto da estratégia da GRSA, a Copa do Mundo não, pelo menos no discurso, o objetivo final da empreitada pelo esporte. A empresa aposta em um crescimento do mercado, que, com estabilidade, pode gerar uma demanda por alimentação de qualidade em arenas esportivas.

Não há como negar, no entanto, a oportunidade que o maior evento futebolístico do mundo representa. Por isso a GRSA já se mostra tão preocupada com a sua preparação para 2014. Único negócio fechado antes do fim dos estudos, o bar temático do São Paulo é uma exceção pela inserção no Morumbi Concept Hall, que prevê o espaço de convivência no estádio.

?O plano do clube previa um bar, e nada melhor que implantarmos o nosso conhecimento no Morumbi. Ele também vai servir para a gente construir um perfil do modelo do negócios na área?, avaliou Galante.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Como vai funcionar esse novo departamento da GRSA que está voltado para entretenimento e lazer?

Simone Galante: Tem muita coisa a ser feita na área. Queremos terminar nossos estudos sobre o mercado antes de começar qualquer projeto. Estamos mapeando arenas e estádios com potencial para a Copa de 2014 para depois termos um plano mais estruturado, entendendo o que estamos fazendo. Essa área esportiva é nova no Brasil, mas é muito importante para a nossa empresa mundialmente. A Compass, nossa maior acionista, é responsável pela alimentação do Super Bowl e do US Open.

ME: Se a estratégia da GRSA é conhecer o mercado antes de começar os investimentos, porque a parceria com o São Paulo veio antes do fim dos estudos? Era uma oportunidade que não podia ser desperdiçada?

SG: Sem dúvida. O plano do clube previa um bar, e nada melhor que implantarmos o nosso conhecimento no Morumbi. Ele também vai servir para a gente construir um perfil do modelo do negócios na área. A Copa de 2014 está meio na esquina para nós que trabalhamos com planejamento. Temos de ter gente treinada para trabalhar nesse setor. Não tem muitos anos pela frente e queremos atender boa parte do Mundial. Na Alemanha, em 2006, foi a Compass que montou boa parte da estrutura, então a gente sabe como aplicar os investimentos. Mas a cultura do Brasil é diferente, e não adianta a gente ter só o know how internacional. Estamos checando várias propriedades e queremos ampliar para conhecer tudo que envolve as arenas. Com isso, podemos mapear um modelo de negócios.

ME: E o que tem de diferente no Santo Paulo Bar?

SG: A gente conceitualiza todas as questões ali. Sabemos que ele tem um dna particular, e é muito interessante a reação das pessoas. Temos visto a paixão pelo futebol. Torcedores de outros times, inclusive, se debruçam para entender. Eles perguntam se vai ter em outros estádios, tentam especular, só que nesse momento ainda não temos nada muito forte em andamento, apesar de já existirem algumas conversas.

ME: Qual a importância da Copa de 2014 dentro do projeto de vocês?

SG: Ela é, claramente, uma oportunidade, mas não é a força motriz. O mercado terá um crescimento e será sustentável, deixando de depender de um evento apenas. A gente vê os movimentos das casas de shows, com a profissionalização necessária de alimentos e bebidas em eventos corporativos. Nós acreditamos que isso vai acontecer com o esporte também. A GRSA atende a vários segmentos, e quando a gente percebe que algum deles está crescendo a gente não deixa a oportunidade passar.

ME: E o que a GRSA pode oferecer de diferencial nesse setor?

SG: Em primeiro lugar a questão de serviço premium. O atendimento personalizado é fundamental. É importante você montar para aquela arena um serviço especial. Dentro do próprio Santo Paulo fomos em busca de rituais do Morumbi, de como o cliente gosta de assistir futebol. Tínhamos de aliar a vibração do estádio com o conforto de bar. Estamos trabalhando desde o sandúiche de pernil até o prato mais requintado no Santo Paulo. E tem de ser assim no detalhe de cada projeto.

ME: Como você avalia a oferta de alimentos de bebidas nos estádios brasileiros?

SG: A gente entende que a nossa iniciativa pode ser pioneira. Um espaço temático, com serviço premium, não tem igual no Brasil. Pelo menos a gente não enxerga assim. E isso pode mudar. A gente vê as pessoas querendo curtir o seu jogo de futebol com segurança, com um toque de gastronomia. A gastronomia pode estar em um bom hamburguer. A gente até tem coisas mais sofisticadas como camarão, por exemplo, mas entende que o perfil de público pede um estilo diferente.

Dá para imaginar a GRSA oferecendo produtos não só para o público com maior poder aquisitivo, mas também para a grande massa?

SG: Dá pra imaginar sim. A gente tem todas as soluções dentro de casa. Para te dar um exemplo básico, hoje a gente cuida de terminais rodoviários como o Tietê, a Barra Funda e o de Campinas, todos com uma central de ambulantes. Temos esse know how também.

ME: Outros esportes também interessam à GRSA?

SG: Interessam sim, mas é claro que a gente tem de entender o modelo que se tem do negócio antes de entrar nele. Tenho de ver se a estrutura vai ser ambulante ou em uma área fixa, e precisamos pensar em toda a viabilidade econômica. A gente sabe que um evento de dois ou três dias tem um custo bastante alto. E aí precisamos de um patrocínio específico. Às vezes você até consegue montar estrutura fixa em determinado local, o que já ajuda bastante. Nós trabalhamos com todos os itens de segurança alimentar, e garantir isso custa caro. Se a gente tiver um número de eventos que nos possibilite a compra de uma carreta móvel tudo bem, ou até se temos um local que a gente já opera fixamente para eventos variados.

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