Tarcísio Gargioni

Neste ano, diversas empresas têm buscado no patrocínio a atletas que irão participar dos Jogos Olímpicos de Pequim uma forma de ganhar mídia por preços ?módicos?, se comparados aos praticados pelo mercado. A Gol Linhas Aéreas, no entanto, vai na contramão dessa filosofia e aposta no esporte buscando apenas o retorno institucional.

Tanto que o projeto Gol Esporte, que contempla oito atletas (Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar, do judô; Flávia Delaroli, da natação; Ricardo Winicki [Bimba], do Windsurf; Clodoaldo Silva, da natação paraolímpica; Adria dos Santos, do atletismo paraolímpico e João Fernando Nascimento, do tênis de mesa paraolímpico), é ligado à área de Responsabilidade Social da empresa.

?Não podemos considerar esse projeto como investimento de marketing. O nosso investimento de marketing de maior valor está na mídia convencional. O dinheiro do Gol Esportes sai da área de Responsabilidade Social?, explicou Tarcísio Gargioni, vice?presidente de marketing e serviços da Gol.

Essa ?ajuda? ao esporte também chegou à Confederação Brasileira de Desporto Aquáticos (CBDA). À entidade, a empresa fornece passagens áereas nacionais e, em contrapartida, tem sua marca exposta em competições.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o vice?presidente de marketing da Gol fala sobre o motivo de ter escolhido a CBDA para ser sua parceira, refuta o fim dos contratos individuais após as Olimpíadas e nega a intenção de ?copiar? sua concorrente e também investir no futebol.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Ao pegar o budget de vocês, qual a porcentagem de investimento, qual a posição, em uma escala de investimento, do esporte no marketing?

Tarcísio Gargioni: Não podemos considerar esse projeto como investimento de marketing. O nosso investimento de marketing de maior valor está na mídia convencional. O dinheiro do Gol Esportes sai da área de Responsabilidade Social. Essa área está dividida em quatro pilares: social, cultural, ambiental e esportivo. E o esporte está em igualdade de condições com os outros três pilares.

ME: Então esse projeto é como uma ação social? Qual o objetivo que vocês têm em investir no esporte?

TG: Não esperamos retorno de mídia com o projeto. O objetivo é colaborar com o esporte brasileiro, pois acreditamos no esporte como instrumento social, de desenvolvimento. Não desejamos ou temos expectativa de retorno nenhum para a marca, mas sim para a sociedade, para os atletas.

ME: Por que a escolha de apoiar também os esportes aquáticos e qual foi o critério usado para esse patrocínio?

TG: Nós procuramos esportes ao ar livre, porque é o espírito da Gol. Procuramos também esportes individuais, que dependem do desempenho de cada um, e procuramos selecionar pessoas que superem seus próprios limites, que sejam competitivos, jovens, que tenham um pouco a ?cara? da Gol.

ME: Uma concorrente de vocês, a TAM, investe no futebol, patrocinando a CBF e o Clube dos 13, e vocês estão indo em uma outra linha, com outros esportes e atletas. Por quê?

TG: Nós queríamos ser vinculados à área do atletismo. Foi uma decisão por esse segmento, por essa opção. Acreditamos que tenha muito a ver com nossa identidade, com as características da nossa empresa.

ME: O senhor afirmou que o projeto não tem data para terminar. O programa começou em 2007, no Pan do Rio, que teve grande divulgação. Neste ano, teremos as Olimpíadas de Pequim, e a próxima grande competição é apenas em 2012. Haverá apoio até lá? A equipe da Gol pode aumentar?

TG: Nesses quatro anos que separam as competições ainda existem muitas ações a serem feitas. E a equipe pode aumentar sim, até porque cinco atletas estão conosco desde o ano passado, e quatro do ano passado não estão mais porque, além de dois triatletas, os outros dois formavam uma dupla de vôlei de praia que se desfez. Por isso, decidimos apoiar mais fortemente a parte de esportes aquáticos.

ME: O acordo com a CBDA é o mais recente. A Gol pretende ativar este patrocínio?

TG: Agora nós temos esse projeto, que é anual, e não temos nenhuma intenção de, no dia 31 de dezembro, encerrarmos com o programa. Pelo contrário, queremos dar continuidade.

ME: Mas não existe um projeto para uma campanha de televisão ou outra mídia até como uma forma para ativar esse patrocínio?

TG:A partir do segundo semestre faremos um planejamento pensando no próximo ano. O contrato com a CBDA já inclui o ano de 2009, pois é um patrocínio um pouco mais amplo.

ME: E existe alguma possibilidade de outras modalidades, como o futebol, entrarem no programa Gol Esportes?

TG: Sempre existe a possibilidade de outras modalidade. No futebol talvez não, pois preferimos nos voltar para os esportes olímpicos, e preferimos continuar nesse foco, que já está definido.

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