Tullio Formicola Filho

O patrocínio da Reebok ao São Paulo e ao Internacional tem como objetivo fazer a Reebok crescer ainda mais no mercado “Premium” das marcas esportivas. Atualmente, a empresa detém cerca de 20% desse mercado, atrás da líder Adidas, que tem 30%.

Para 2006, a expectativa da marca é crescer em até 60% a participação no mercado de confecções e outros 8% no de calçados, com a inclusão da linha futebol, até então inexistente no país.

Além disso, a empresa pretende fazer um grande esforço de combate à pirataria, usando até mesmo jogadores para convencer o torcedor a comprar produtos oficiais.

Leia a seguir o complemento da entrevista com Tullio Formicola Filho, diretor de marketing e vendas da multinacional americana:

Máquina do Esporte: Qual a posição da Reebok hoje no mercado brasileiro? Qual a expectativa de crescimento com os patrocínios?

Tullio Formicola Filho: A Reebok no Brasil tem um sólido segundo lugar nesse mercado premium [a líder é a Adidas], que é onde atuam as marcas internacionais. O que a gente quer é agregar uma nova categoria que nós não trabalhávamos. Essa categoria no primeiro ano vai agregar muito na parte de confecções, um crescimento de 50% a 60%. E na parte de calçados esportivos ela agrega nesse primeiro ano algo em torno de 7% a 8%. Nesse setor, nossa previsão para o segundo ano é agregar de 15% a 20%.

ME: Isso é um reflexo da ação…

TFF: Da ação e também da inclusão de novos produtos no mercado. Até hoje nos trabalhávamos com tênis para running, tênis e adventure, e agora vou introduzir o futebol. A introdução dessa nova categoria por si só já gera um volume de negócios maior.

ME: O senhor acha que os torcedores de São Paulo e Inter vão agora ficar mais atentos ao ver um produto da Reebok nas prateleiras?

TFF: Com certeza. Tem aquela historia que muita gente não bebe Pepsi [ex-patrocinadora do Corinthians], como na época da Parmalat [como patrocinadora do Palmeiras] em que muitas pessoas não compravam os produtos dela. Agora, se eu conseguir atingir todos os 18 milhões de torcedores do São Paulo, eu ficarei muito feliz. Eu acho que o produto Reebok hoje já tem o seu espaço, o seu consumidor. A idéia com o futebol é agregar novos consumidores a esse ambiente em que a gente já vive, a essa base de negócios que a gente já tem.

ME: Qual será o trabalho que a empresa desenvolverá no combate à pirataria?

TFF: Faremos um grande trabalho contra a pirataria. Isso, no meu modo de ver, mata toda a economia do país. Nós lançamos uma camisa para os juniores e ninguém gostou. No jogo seguinte, jogamos com outra camisa. Essa primeira camisa já tinha o modelo falsificado na frente do Morumbi no dia seguinte ao jogo. É difícil você mandar prender todo mundo, cada um precisa buscar seu espaço dentro da sociedade. Mas o torcedor do São Paulo deveria ter consciência de que toda camisa que ele compra, com o nosso selo de autenticidade, está ajudando o clube dele. E com a camisa pirata não, ele não está ajudando ninguém. Nem o clube, nem o país, nem a economia. Não está ajudando nada. Nós vamos fazer esse combate, vamos ter pessoas nas ruas, fazer apreensões, vamos trabalhar sério nesse sentido, pois isso também acaba gerando mídia espontânea.

ME: Os jogadores servirão como garotos-propaganda de uma possível campanha antipirataria?

TFF: Nós temos uma verba dentro do contrato de marketing com o São Paulo que pode ser usada de varias formas, e uma das idéias é essa. Usar o jogador do clube para falar da camisa do clube, não especificamente de Reebok. Para usar algo do tipo: “Ajude a gente, pois nós damos alegrias para vocês. Compre a camisa oficial”. A idéia é mais ou menos essa. Mas nós não temos nenhuma previsão de quando ou como poderemos fazer essa campanha, pois o contrato ainda é recente, acabamos de assiná-lo. Ainda estamos definindo as estratégias.

ME: Existe a possibilidade de se fazer jogos entre times patrocinados globalmente?

TFF: Em 1996 existiu a Copa Reebok, disputada nos Estados Unidos. A idéia é ter uma reedição dessa Copa nos próximos três anos, mas isso é um plano que a Reebok Internacional tem, mas ainda não existe uma definição quanto a datas. Existem muitos campeonatos sendo disputados, em calendários diferentes. Mas nós temos a idéia de colocar os times jogando entre eles, ou então fazer alguma coisa na América, na Europa e depois fazemos uma final. Existe uma estratégia, um planejamento, mas ainda não temos nada certo.

ME: Em 2007, com o Pan-Americano no Rio de Janeiro, a empresa vai voltar o foco de suas ações de marketing para os esportes olímpicos?

TFF: Não, nada. Porque não é focado no Brasil, é um esporte global. Quando isso acontece, o patrocínio vem da Reebok Internacional, e no momento existem outros focos. O que nós vamos ter é alguns atletas, mas não teremos nenhuma ação grande para isso.

ME: A Reebok tem um acordo com a NBA nos Estados Unidos. Existe algum projeto da empresa com a liga para o Brasil?

TFF: Eu não tenho licença para trabalhar a NBA aqui no Brasil. O contrato da NBA nos Estados Unidos e na América Central é com o escritório de lá. Eu aqui não tenho nada, tudo de NBA não vem para a Reebok do Brasil. Pois, na verdade, essa é uma empresa concorrente minha, inclusive na confecção de produtos. Eu só posso vender de basquete o uniforme tipo “life stile”, ou as camisas das seleções dos Estados Unidos masculina e feminina, isso eu tenho o direito. Agora os times eu não posso.

ME: E a fusão entre Adidas e Reebok. Muda alguma coisa no Brasil?

TFF: A Adidas comprou a Reebok mundialmente, houve troca do controle acionário. Nosso contrato está na Reebok e vai até 2012. Eu não sei o que pode mudar hoje, pois existem níveis de atuação, de planejamento, que eles estão fazendo lá. Além disso, o primeiro foco são os mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia. O segundo foco seriam as outras regiões do mundo. Não sei o que isso vai acarretar, nem eles sabem. Nós estamos aguardando.

Leia o complemento desta entrevista.

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