Wilson Justo

De um ano para o outro, a Sorocred decidiu ampliar drasticamente o número de produtos oferecidos. A empresa, especializada em cartões de crédito até o ano passado, hoje dispõe de dezenas de serviços, entre linhas de financiamento e benefícios. Para acompanhar esse crescimento, usará o esporte para divulgar a marca.

Com faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2010 e expectativa de crescer 15% em 2011, qual seria, então, a modalidade ideal para investir? A Liga Sorocabana chegou à elite do basquete nacional e é sediada em Sorocaba, sede da companhia. O futebol inegavelmente gera mais visibilidade. Mas a escolhida foi a Stock Car.

“A categoria está ganhando muita visibilidade nos últimos anos, nosso piloto está sempre ganhando [Átila Abreu, atual terceiro colocado], e as etapas acontecem em pontos do Brasil onde temos grandes grupos de clientes”, avalia Wilson Justo, diretor de marketing da Sorocred, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

Em comparação à temporada anterior, quando a empresa de Sorocaba realizou investimentos pontuais, os investimentos para este ano cresceram em torno de 30%, e as perspectivas são bastante positivas. No início do próximo ano, com a entrada nas redes Cielo e Redecard, a Sorocred promete fazer novos e maiores aportes.

Abaixo, confira a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Que outras ações ligadas ao esporte fez a Sorocred no passado?

Wilson Justo: Podemos considerar como ação relevante, no ano passado, quando patrocinamos o Lucas Di Grassi. Foi uma experiência muito bacana. Trabalhamos um público mais qualificado, em especial clientes corporativos. Usando o esporte como meio, agora, vamos para a categoria que é mais popular no sentido de que o público pode conhecer o piloto, ir na corrida, que é a Stock Car. Estamos usando o automobilismo como vetor para levar nossa marca.

ME: O investimento no esporte cresceu em comparação à temporada anterior?

WJ: Estamos ampliando um pouco o valor que destinávamos ao esporte. Até agora, estamos colocando 30% a mais do que no ano passado, por acreditar no esporte para desenvolver a comunicação. E isso porque agora estamos só com sete corridas da temporada de Stock Car. No ano que vem, temos desejo de estar durante todo o ano, se tudo correr bem. Estamos em evolução.

ME: Qual é o foco do investimento?

WJ: Temos relação importante com Átila Abreu, piloto da Stock Car. Ele é corredor sorocabano, e nós somos de Sorocaba, então temos essa relação que nasceu no automobilismo. Queremos sedimentar a relação com esse atleta para entender melhor como podemos explorar a categoria no Brasil.

ME: Do que depende a ampliação do investimento na Stock Car? O que vocês estão esperando?

WJ: Está tudo dando certo. Não depende de resultado do piloto, de pódio, nada voltado para o esporte em si, porque o resultado está vindo no sentido que a gente quer. O piloto está sendo por outras empresas, então teremos de nos decidir logo.

ME: E qual é o resultado que vocês estão buscando? Divulgação de marca? Relacionamento com clientes?

WJ: Na verdade, os dois. A divulgação da marca acontece nesse esporte porque estamos em momento de crescimento em relação ao ano passado. Nós nos tornamos uma financeira, sendo que antes éramos apenas administradora de cartões de crédito, e agora temos mais de 50 produtos financeiros. Então precisamos nos aproximar do público e acreditamos nos conceitos que o automobilismo traz, como força, competitividade etc. Mas, como acontecem eventos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, vamos também rentabilizar o investimento convidando clientes, lojistas e investidores para assistir às corridas com a gente. Estamos fazendo um misto de divulgação de marca e relacionamento.

ME: O que será feito na Corrida do Milhão, em 7 de agosto?

WJ: Teremos investidores participando dos treinos, acompanhando pilotos dentro do carro nas voltas rápidas. Eles vão fazer voltas de demonstração. No domingo, durante a corrida, teremos camarote reservado a investidores e clientes locais. Eles vão ficar conosco das 8h até o fim de todas as corridas.

ME: Quando vocês estavam estudando possibilidades, por que se decidiram pelo automobilismo?

WJ: Escolhemos trabalhar com Stock Car porque ela se mostrou uma categoria interessante, por ser nacional. Ainda estamos caminhando na estruturação de produtos, para depois fazer algo como a Seara fez no futebol. Nesse exato momento, o automobilismo tem atributos que buscamos. Fizemos estudo e ele mostrou que, entre os esportes disponíveis, com exceção ao futebol, tinha os atributos mais próximos do que a gente imaginava ser ideal. A categoria está ganhando muita visibilidade nos últimos anos, nosso piloto está sempre ganhando, e as etapas acontecem em pontos do Brasil onde temos grandes grupos de clientes.

ME: Vocês cogitaram a Liga Sorocabana, que hoje está chegando ao Novo Basquete Brasil (NBB), elite do basquete nacional?

WJ: A Liga Sorocabana é, sem dúvida, um time de ponta. Viemos acompanhando resultados, temos relacionamento próximo com o técnico, mas tivemos apenas um contato e não posso ser prematuro e dizer que seremos patrocinadores. Depende de uma série de fatores.

ME: Vocês divulgam o valor do investimento? Faturamento anual da empresa? Meta de crescimento?

WJ: Não divulgamos o valor, mas tivemos faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2010 e queremos crescer 15% em 2011.

ME: Vocês têm atuação nacional? Qual foi a expansão que você citou no início da entrevista em termos de produtos oferecidos?

WJ: Atuamos no Brasil inteiro, com quatro milhões de cartões de crédito emitidos. Até julho do ano passado, não operávamos como financeira, e portanto tínhamos apenas cartão de crédito e produtos agregados. Hoje, além dos cartões, fizemos linhas de financiamento de veículos, materiais de construção, investimentos diversos, então nossa gama de produtos cresceu muito. Sem contar que temos também linha completa de produtos de benefícios, como vale-refeição, vale-combustível, entre outros.

ME: No esporte, vocês pretendem direcionar a exposição para a marca da Sorocred ou para algum desses serviços específicos?

WJ: A estratégia para este ano, como é o primeiro ano completo de patrocínio, porque no ano passado foi apenas parte dele, é direcoinar totalmente para a marca da empresa, e não só um produto, justamente para fortalecê-la. A maior mudança será feita no ano que vem, quando iremos demandar de mais investimentos em comunicação e marketing.

ME: O que irá crescer deste ano para o próximo?

WJ: O grande crescimento será a entrada da Sorocred nas redes da Redecard e Cielo. Hoje, temos 150 mil pontos-de-venda que aceitam nossos cartões. A partir de agosto, devemos entrar na Redecard, e, no início do ano que vem, na Cielo. Vamos de 150 mil pontos para algo em torno de dois milhões entre janeiro e fevereiro. É uma mudança considerável, o maior fato novo que teremos, ao conseguir cobertura efetivamente nacional. Aí, sim, e já estamos planejando isso, vamos repensar direções do marketing.

ME: O esporte seguirá como plataforma de divulgação?

WJ: Vamos apenas dar mais ênfase ao que já fazemos. O esporte deve seguir. É uma área que não tiraremos mais o pé.

ME: Em meio a esse crescimento, vocês pretendem partir para o futebol?

WJ: Sondamos e ainda estamos sondando possibilidades no futebol. Se falarmos do que é ideal, é clube de ponta. Mas estamos avaliando clubes de menor relevância mercadológica, e isso não tem nenhuma relação ao time propriamente dito, mas à repercussão que ele gera. Há times que estão crescendo, indo a finais, e estamos estudando possibilidades, mas não há nada configurado. É uma área muito interessante pela visibilidade e pela cobertura.

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