O dia 1º de maio de 2024 marcará os 30 anos exatos da morte do tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna. Ídolo nas pistas, o piloto segue mobilizando uma legião incalculável de fãs e cifras imensas, mesmo três décadas depois de sua partida.
Nesta segunda-feira (29), Bianca Senna, sobrinha de Ayrton e CEO da Senna Brands (ou Marca Senna, como também é chamada), concedeu entrevista à Máquina do Esporte e comentou sobre as parcerias de licenciamento realizadas nos últimos anos.
Ela também falou a respeito do legado do piloto, dos projetos sociais realizados pelo Instituto Ayrton Senna e sobre o personagem Senninha.
Bianca reconheceu que, mesmo após 30 anos, a imagem do tio continua a ser valorizada. Ela disse estar surpresa com o aumento do interesse pelo legado do tricampeão em tempos recentes.
“Cresceu muito em comparação a 2019, que marcou os 25 anos sem Senna. Não estávamos preparados”, admitiu Bianca, que tem vivido uma agenda intensa nos últimos dias por conta das inúmeras homenagens prestadas ao piloto.
No ano passado, a Marca Senna realizou uma pesquisa global em parceria com a Opinion Box, que ouviu mais de 4 mil pessoas em 11 países. O estudo constatou que Ayrton Senna continua a ser referência no esporte para 98% dos entrevistados no Brasil; 88% no México; 87% na Argentina; 79% na Europa; 70% nos Estados Unidos; e 59% no Japão.
A pesquisa ainda revelou que Senna é conhecido por 92% dos brasileiros, 65% dos europeus e 72% dos japoneses, índices que rivalizam com nomes como Lewis Hamilton e Max Verstappen, dois dos principais pilotos da F1 na atualidade.
“No Japão, por exemplo, Ayrton Senna é mais conhecido do que a própria F1. Esse dado é interessante porque, devido às barreiras culturais e de idioma, costumamos realizar menos ações de comunicação voltadas para lá”, afirmou Bianca.
A Itália, país onde Senna morreu (o acidente ocorreu no GP de San Marino, que era realizado em Ímola, na região da Emília-Romanha), é outro local onde a imagem do piloto brasileiro permanece forte, com direito a homenagens em cidades como Turim, Siculiana e mesmo Ímola, isso sem contar San Marino, país de aproximadamente 30 mil habitantes que representa um enclave no território italiano.
“A ligação do povo italiano com o Ayrton é muito forte e sincera”, disse Bianca.
Marca movimenta bilhões e terá até empreendimento imobiliário
De acordo com Bianca, ao longo desses 30 anos, a Marca Senna já movimentou mais de US$ 2 bilhões em contratos de licenciamento. Pela cotação atual, esse valor ultrapassa R$ 10,2 bilhões.
O que chama atenção, segundo Bianca, não é a quantidade de parcerias firmadas pela marca, mas sim sua elasticidade.
“Conseguimos estar em diferentes lugares ao mesmo tempo. E a maioria dos nossos contratos são globais”, afirmou.
Os licenciamentos contemplam produtos oficiais que são diretamente associados ao piloto, como bonés, camisetas ou mesmo tênis, caso do Gel-Nimbus 25 Senna, em parceria com a Asics, lançado em parceria com a marca japonesa no ano passado, durante o GP São Paulo. Neste ano, com a volta do Ayrton Senna Racing Day, corrida de rua em homenagem ao piloto, que terá sua 19ª edição disputada no Autódromo de Interlagos nesta quarta-feira (1º), a Asics apresentou mais um modelo em colaboração com a Senna Brands, o Novablast 4 Senna.
Mas os licenciamentos não param por aí. Há ainda a coleção “Nosso Senna Collection”, apresentada pela artista plástica e também sobrinha do piloto Lalalli Senna, juntamente da Marca Senna, e que traz três edições limitadas do busto de Ayrton Senna, com peças exclusivas e numeradas, destacando feitos da carreira do piloto brasileiro: Victory Edition (41 peças), Speed Edition (333) e Champion Edition (1991).
Por fim, o nome Senna está presente em carros de passeio (McLaren), motocicletas (Ducati), relógios (Tag Heuer) e até mesmo games (Roblox).
Nesta semana, o Guaraná Antarctica anunciou uma parceria com a Marca Senna, a fim de realizar uma homenagem ao piloto em Las Vegas, que é um dos palcos da F1 nos Estados Unidos. O capacete do piloto será projetado na famosa Esfera da cidade, a partir desta quarta-feira (1º). A parceria ainda colocará em prática outras ações no decorrer do ano.
De acordo com Bianca, a Senna Brands ainda se prepara para lançar seu primeiro empreendimento imobiliário, o que demonstra a diversidade dos negócios envolvendo o nome do tricampeão. Por enquanto, porém, ela preferiu não adiantar detalhes sobre o projeto.
Instituto Ayrton Senna e Senninha
O legado do tricampeão também contempla ações na área social, desenvolvidas pelo Instituto Ayrton Senna, presidido por Viviane Senna, irmã do piloto.
A estimativa é de que, ao longo de 30 anos, a família Senna destinou mais de US$ 500 milhões para os projetos da entidade (cerca de R$ 2,5 bilhões).
“O Instituto parte de um sonho do Ayrton de oferecer a crianças e jovens a oportunidade de se desenvolverem por completo. No começo de 1994, ele falou dessa ideia com a minha mãe [Viviane], e os dois ficaram de conversar melhor no fim do ano para estruturar o projeto”, explicou Bianca.
No entanto, a conversa, infelizmente, nunca chegou a ocorrer. Mas a família decidiu lançar o Instituto ainda em 1994, atuando com foco na educação.
“Trabalhamos para melhorar a qualidade da escola pública, que ainda apresenta sérios problemas no Brasil, sobretudo após a pandemia de Covid-19. Ao longo de 30 anos de atividades, já beneficiamos mais de 36 milhões de crianças e jovens, em mais de 3 mil municípios”, afirmou Bianca.
O Instituto é mantido com recursos obtidos pela Marca Senna e também com licenciamentos do personagem Senninha, criado pelo publicitário Rogério Martins e o desenhista Ridaut Dias Júnior, a pedido do próprio tricampeão.
O objetivo do Senninha é passar valores positivos às crianças, sempre de uma forma lúdica. Atualmente, o personagem está mais voltado ao público em idade pré-escolar, com foco em auxiliar no desenvolvimento socioemocional e motor.
Além de revistas em quadrinhos e inúmeros produtos licenciados, o personagem também já protagonizou diversas séries animadas, incluindo “Senninha na Pista Maluca”, parceria com o Grupo Globo com episódios de 11 minutos de duração, exibidos no canal por assinatura Gloobinho e que contou até com a participação do narrador Galvão Bueno no capítulo “O Desafio da Meia-Noite”.
Por falar em mídia, ainda neste ano estreará uma série na Netflix que buscará retratar a vida de Ayrton Senna para além das pistas. O tricampeão será interpretado pelo ator Gabriel Leone.
Na visão de Bianca, a persistência em buscar a vitória talvez tenha sido a característica mais forte do tio, que segue inspirando novas gerações.
“A forma como enxergo é que Ayrton Senna representou nosso herói interior, com essa força para alcançar os objetivos, sem jamais desistir. Esse sentimento nós buscamos trazer hoje, por meio da marca”, finalizou.