Após Penalidade Máxima, 66,8% do público diz ter perdido a confiança na integridade do futebol

Cruzeiro e Atlético-MG, que têm patrocínio máster de casas de apostas, se enfrentam pelo Brasileirão - Pedro Souza / Atlético-MG

Uma pesquisa realizada pela Armatore Market+Science mostrou que 66,8% dos torcedores perderam a confiança na lisura dos jogos de futebol após a divulgação da Operação Penalidade Máxima. A investigação, desencadeada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), mostrou a participação de jogadores em um esquema de manipulação de jogos para beneficiar apostadores.

“As pessoas foram impactadas [pela Operação Penalidade Máxima] porque mexeu com um esporte que tem muita emoção. A partir do momento em que o esporte que o público espera que o resultado seja íntegro e começa a ter dúvida sobre sua integridade, as pessoas são impactadas. O torcedor começa a ter dúvida se seu time ganhou, perdeu ou empatou de maneira limpa”, afirmou Fernando Fleury, CEO da Armatore Market+Science e colunista da Máquina do Esporte.

O levantamento ouviu, de maneira on-line, cerca de 600 torcedores brasileiros de 18 estados do país e do exterior. A maior parte desse público se declarou do gênero masculino e informa estar altamente identificado com o futebol.

Punições

Quase a totalidade do público (92,8%) afirmou que os jogadores envolvidos devem ser penalizados. Parte dos atletas já recebeu punições pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que foram desde a absolvição do lateral-esquerdo Igor Cariús, do Sport, até o banimento do futebol de Matheus Gomes (sem clube) e Gabriel Tota (Ypiranga-RS). Gomes ainda terá que pagar uma multa de R$ 10 mil. Tota foi penalizado em mais R$ 30 mil.

Os jogadores que se tornaram réus da investigação do MPGO ainda estão sujeitos a uma punição na esfera penal. O caso também gerou investigação própria da Polícia Federal e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Resultados, que acontece neste momento na Câmara dos Deputados.

“A investigação da Máfia das Apostas está em andamento. O estudo sugere que os fãs torcem para que o Ministério Público consiga desvelar o esquema, trazendo lisura e ampliando a confiança no esporte favorito dos brasileiros”, destacou Fleury.

Vítimas

O público que se considera apostador frequente acredita que as empresas de apostas foram prejudicadas pela manipulação de jogos investigada pelo MPGO. Desse público, 63% consideram as empresas do setor como vítimas. Já entre os que são apostadores moderados, esse índice cai para 46,5%. Entre os que não apostam, o número é ainda mais baixo: 37,8%.

“Acho que é um número expressivo que vê as casas de apostas como vítimas. Acho que todos são vítimas nesse caso: as casas de apostas, o futebol… Isso afeta um mercado que é bastante importante para nós”

Fernando Fleury, CEO da Armatore Market+Science

“Falando como analista de marketing e não como líder da pesquisa, é importante para o mercado que isso seja resolvido rápido. Porque isso tira a credibilidade de todo o esporte, não só do futebol. As casas de apostas permitem apostas em vários esportes”, acrescentou.

Regulamentação

A pesquisa da Armatore também mostrou que 66,5% das pessoas são favoráveis à regulamentação das apostas esportivas no país. Uma parcela de 24% é contrária à legalização das apostas. Já 9,5% não opinaram. A pesquisa também mostrou que a maioria (57%) discordam de recolocar o setor na ilegalidade.

“Ou seja: o público é bem favorável a tornar as apostas esportivas legalizadas”, enfatizou Fleury.

Desde a lei 13.7856, de 2018, as chamadas apostas de cota fixa são permitidas no Brasil. No entanto, o governo federal ainda não regulamentou essa atividade econômica. Ou seja, ainda não estabeleceu as regras que serão seguidas no mercado nacional, incluindo como será a tributação do setor.

Atualmente, o Ministério da Fazenda prepara uma medida provisória a ser enviada ao Congresso Nacional estabelecendo o regramento das apostas esportivas no país.

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