Arena Barueri derruba público e arrecadação do Palmeiras no Paulistão 2024

Palmeiras vem mandando seus jogos na Arena Barueri desde 8 de fevereiro - Reprodução / Instagram (@palmeiras)

O Palmeiras possui a melhor campanha da edição deste ano da Série A1 do Campeonato Paulista, com 25 pontos alcançados e 75% de aproveitamento nas partidas. Porém, se o desempenho do time dentro de campo é arrasador, o mesmo não se pode dizer do público e das arrecadações que o clube tem registrado nos jogos em casa nesta temporada.

Desde que a presidente Leila Pereira, em mais um episódio da conturbada relação com a WTorre, decidiu que o Verdão não mandaria mais suas partidas no Allianz Parque, alvo de muitas críticas de jogadores, comissões técnicas e da imprensa, devido às péssimas condições da grama sintética utilizada no local, o clube viu despencar sua média de torcedores nos confrontos como mandante.

Até agora, o Palmeiras realizou cinco jogos em casa no Paulistão 2024, sendo que dois ocorreram no Allianz Parque, enquanto os outros três foram na Arena Barueri. Além do clássico contra o Santos, o time atuou em seu estádio contra a Inter de Limeira. Essas duas partidas, somadas, contaram com 67.607 torcedores, média de 33.803 pessoas por confronto.

Esse número está um pouco abaixo do quociente alcançado pelo Palmeiras na fase classificatória do Paulistão 2023, quando realizou seis partidas como mandante, reunindo um público total de 222.507 pessoas e uma média de 37.084 por partida.

Vale observar que um dos jogos do Palmeiras como mandante, o clássico contra o Santos, foi realizado no Morumbi (hoje MorumBis), registrando um público de 49.241 pessoas, quantidade superior à capacidade do Allianz Parque.

Considerados apenas os cinco compromissos que o alviverde teve como mandante no Allianz Parque durante a fase de grupos do Paulistão 2023, a média de público ficou em 34.653 torcedores (apenas 850 a mais do que neste ano).

Más condições do gramado sintético provocaram troca de casa

O último jogo do Palmeiras em sua arena ocorreu em 28 de janeiro, ocasião em que o gramado sintético existente no local recebeu duras críticas, inclusive do treinador Abel Ferreira. Ao fim da partida, o clube divulgou uma nota alegando que haveria descaso da Real Arenas (braço da construtora WTorre, responsável pela gestão do estádio) com a qualidade do campo.

O clube deu um ultimato, afirmando que não mandaria mais seus jogos no Allianz Parque enquanto o problema não fosse resolvido, chegando a ameaçar que solicitaria a interdição do estádio às autoridades competentes.

Desde então, o Palmeiras tem mandado suas partidas na Arena Barueri, localizada na cidade de mesmo nome, na Grande São Paulo. Dos três jogos que realizou até o momento em sua “nova casa” (o estádio, atualmente, é administrado pela Crefipar, da Crefisa, empresa que patrocina o time alviverde e é comandada pela presidente do clube, Leila Pereira), apenas um ultrapassou a marca de 20 mil torcedores.

Esse número foi alcançado no clássico contra o Corinthians, em 18 de fevereiro, que contou com um público de 29.647 pessoas. Contra o Mirassol, no dia 25 do mesmo mês, o Palmeiras atraiu 11.774 torcedores à Arena Barueri.

Isso sem contar o confronto com o Ituano, em 8 de fevereiro, que teve apenas 8.879 testemunhas oculares. Até agora, o Palmeiras registrou, atuando na Arena Barueri, um público médio de 17.767 torcedores.

Renda também caiu

No Paulistão 2023, os cinco jogos da fase classificatória que o Palmeiras realizou no Allianz Parque totalizaram uma arrecadação de R$ 8.622.799,27.

Já na edição deste ano do Campeonato Estadual, a arrecadação bruta do time com bilheteria, em suas cinco partidas como mandante realizadas até o momento, foi de R$ 6.199.434,39, uma diferença de quase R$ 2,5 milhões para menos.

É fato, no entanto, que o clássico contra o Corinthians, na Arena Barueri, representa a segunda maior bilheteria do Palmeiras no ano, com mais de R$ 1,5 milhão arrecadados. À ocasião, o preço médio do ingresso foi de R$ 52,53, quantia um pouco abaixo dos R$ 58,67 que vigoraram na partida contra o Santos, no Allianz Parque.

A perda de receitas fica mais evidente quando analisamos os valores alcançados pelo clube nas partidas diante de times menores, em cada estádio. Contra a Inter de Limeira, no Allianz Parque, o preço médio dos ingressos foi de R$ 54,38. Já contra Ituano e Mirassol, na Arena Barueri, os valores caíram, respectivamente, para R$ 37,41 e R$ 39,07.

Do total que o Palmeiras faturou com bilheteria até o momento no Paulistão 2024, 62% foram obtidos em dois jogos no Allianz Parque, enquanto as três partidas na Arena Barueri respondem por apenas 38% do montante.

Disputa com a WTorre

Esse divórcio momentâneo do Palmeiras com o Allianz Parque tem a ver com uma disputa travada entre a atual diretoria do clube e a WTorre, empreiteira que realizou as obras de remodelação do antigo Palestra Itália e que também é responsável por administrar o estádio, via Real Arenas.

A diretoria acusa a empresa de não efetuar os repasses relativos às receitas obtidas com o estádio para o clube. Em maio de 2023, o Palmeiras registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na 23ª Delegacia de Polícia de São Paulo, acusando a Real Arenas de cometer apropriação indébita e associação criminosa.

O clube ainda ingressou com uma ação na 29ª Vara Cível da Comarca de São Paulo, cobrando o pagamento da dívida, que, à época, estaria em R$ 128 milhões. 

Em agosto do mesmo ano, a Justiça inicialmente determinou que a gestora apresentasse as garantias de que dispunha dos R$ 128 milhões para saldar a dívida reclamada pelo Palmeiras.

Posteriormente, a WTorre conseguiu suspender a exigência sob o argumento de que, para apresentar as garantias exigidas pelo clube, teria de recorrer a uma recuperação judicial.

A concessionária também alegou que os dois lados possuem créditos e débitos a serem saldados, além de afirmar que o contrato de gestão do Allianz Parque prevê que todas as disputas entre as partes devem ser resolvidas pelo Tribunal de Arbitragem.

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