Finalistas da Copa Libertadores 2024, Atlético-MG e Botafogo se enfrentarão na grande decisão que será realizada no próximo dia 30 de novembro, no Estádio Mâs Monumental, em Buenos Aires (Argentina), a partir das 17h (horário de Brasília).
Os dois clubes atravessaram momentos difíceis ao longo da temporada, mas conseguiram se firmar e, hoje, se digladiam não apenas pelo título da Copa Libertadores, mas também pela própria hegemonia no futebol brasileiro em 2024, dentro de campo e também nas finanças.
O Botafogo é o líder da Série A do Campeonato Brasileiro, com 64 pontos na tabela. A principal ameaça para o clube carioca é o Palmeiras, que soma 61 pontos e é o atual bicampeão da competição, mas já perdeu na rodada. Se vencer o Vasco nesta terça-feira (5), o Botafogo abrirá seis pontos de vantagem com apenas seis rodadas para o fim do torneio.
Já o Atlético-MG, além da decisão continental, está na disputa da final da Copa do Brasil, diante do Flamengo. A tarefa de conquistar o título ficou mais difícil após a derrota por 3 a 1 no jogo de ida no Maracanã, mas o jogo de volta será na Arena MRV, em Belo Horizonte (MG), no próximo domingo (10), a partir das 16h (horário de Brasília).
Cada um dos times, portanto, tem chances reais de ganhar um título nacional neste ano. Além da glória e dos troféus, as eventuais conquistas poderão render boas premiações em dinheiro aos clubes. Mas, afinal, quem será o “campeão financeiro” do futebol brasileiro em 2024: Atlético-MG ou Botafogo?
A seguir, a Máquina do Esporte traz projeções sobre quanto os dois clubes alvinegros poderão faturar com premiações nesta temporada.
Estaduais
Competições que abrem a temporada, os Estaduais definiram os primeiros campeões de 2024. Em São Paulo, o Palmeiras recebeu uma premiação de R$ 5 milhões pela conquista do Campeonato Paulista deste ano.
Caso a prática adotada pela Federação Paulista de Futebol (FPF) fosse adotada nas demais unidades da federação, o Atlético-MG levaria vantagem sobre o Botafogo, na corrida pelo título de “campeão financeiro”. A equipe conquistou o título mineiro, ao superar o arquirrival Cruzeiro por 5 a 3, no placar agregado dos dois jogos finais.
Em contrapartida, o Botafogo ficou com apenas o quinto lugar na Taça Guanabara, que atualmente equivale à fase classificatória do Campeonato Carioca, competição que, em 2024, foi vencida pelo Flamengo.
Como prêmio de consolação, o time da Estrela Solitária venceu a Taça Rio, que, neste ano, foi disputada entre os clubes que ocuparam da quinta à oitava colocações e não avançaram às semifinais. A conquista garantiu ao Botafogo uma vaga na Copa do Brasil de 2025. O campeão carioca de fato foi o Flamengo, que derrotou o Nova Iguaçu na final.
Mesmo com a má campanha no Estadual, o Botafogo não ficou em desvantagem em relação ao Atlético-MG, uma vez que os Campeonatos Carioca e Mineiro não pagam premiação em dinheiro aos vencedores. No fim das contas, os campeões levam para a casa apenas o troféu.
Copa Libertadores
Atlético-MG e Botafogo traçaram caminhos distintos até chegarem à final da Copa Libertadores. A trajetória percorrida pela equipe carioca foi mais longa, já que entrou na competição na fase preliminar (também conhecida popularmente como Pré-Libertadores), pelo fato de ter terminado em quinto lugar na Série A do Brasileirão do ano passado.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) pagou US$ 500 mil para equipes que disputaram a segunda fase (foi nessa que o Botafogo iniciou sua participação) e US$ 600 mil para quem jogou a terceira. Considerando-se a cotação atual, a equipe carioca levou para casa pouco mais de R$ 6,4 milhões.
O Atlético-MG, por seu turno, ingressou na competição diretamente na fase de grupos. Tanto o Galo quanto o Fogão receberam da Conmebol US$ 1 milhão a cada vez que realizaram um jogo na condição de mandantes. Como ambos jogaram três vezes em casa, faturaram US$ 3 milhões.
Além disso, a entidade ofereceu um acréscimo de US$ 330 mil por vitória alcançada na fase de grupos. O Atlético-MG ganhou cinco vezes, totalizando US$ 1,65 milhão. Já o Botafogo venceu apenas três vezes, alcançando US$ 990 mil relativos ao mérito esportivo.
Dessa forma, a equipe mineira terminou a fase de grupos da Copa Libertadores com cerca de R$ 27,15 milhões em premiações, ao passo que o time carioca somou R$ 29,7 milhões, sendo R$ 23,3 milhões dessa etapa e R$ 6,4 milhões das preliminares.
A partir daí, cada uma das equipes acumulou US$ 1,25 milhão nas oitavas de final, US$ 1,7 milhão nas quartas e US$ 2,3 milhões nas semifinais. Esse montante equivale a R$ 30,65 milhões.
Sendo assim, a Copa Libertadores já rendeu R$ 57,8 milhões ao Atlético-MG e R$ 60,35 milhões ao Botafogo. Na final, os prêmios aumentam de maneira significativa. O vice levará para casa US$ 7 milhões (R$ 40,8 milhões), enquanto o campeão ganhará US$ 23 milhões (R$ 134 milhões, aproximadamente).
Caso o Atlético-MG seja campeão, poderá alcançar R$ 191 milhões em prêmios na competição continental. Já o Botafogo tem a chance de atingir a marca de R$ 194,35 milhões na competição.
Se a equipe mineira terminar como vice, ganhará R$ 98,6 milhões, enquanto o time carioca levará R$ 101,15 milhões para casa, caso perca a final.
Vale lembrar que a Conmebol ainda reservou um extra de US$ 10 milhões (R$ 58,4 milhões) a ser pago ao campeão da Copa Libertadores, caso ele consiga vencer também o Mundial de Clubes de 2025.
Série A do Brasileirão
A Série A do Brasileirão é uma competição que poderia garantir boa vantagem ao Botafogo na disputa para ser o “campeão financeiro”. Afinal, o clube lidera a tabela, com 64 pontos, três a mais que o Palmeiras, segundo colocado.
Antes de saber quanto Galo e Fogão poderão faturar na competição, no entanto, é importante entender como funciona a premiação do Brasileirão. A cada temporada, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), organizadora do campeonato, destina um montante que é distribuído aos clubes, do 1º ao 16º colocado na tabela. Os rebaixados não ganham nada.
O dinheiro que garante o pagamento das premiações vem de contratos comerciais firmados pela entidade, em especial o feito com a Betano, que detém os naming rights da Série A do Brasileirão.
No ano passado, o campeão Palmeiras faturou R$ 47,8 milhões em prêmios no Brasileirão. A quantia foi equivalente a 10% do total que a CBF reservou para esse tipo de pagamento.
Neste ano, a previsão é de que a entidade reservará em torno de R$ 500 milhões para as premiações na Série A.
O Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que há vários anos analisa as probabilidades envolvendo a principal competição de clubes do país, atualmente crava o Botafogo com 67% de chances de ser campeão. O Palmeiras tem 29,1%, ao passo que o Fortaleza atinge 3%.
Faltando poucas rodadas para o término do campeonato, é difícil vislumbrar o time da Estrela Solitária ficando abaixo da segunda colocação. Mas alguém poderá responder que tudo é possível neste universo, em se tratando de Botafogo.
Vamos supor, em todo caso, que as estatísticas não falharão. Nesse caso, o clube carioca poderia faturar entre R$ 50 milhões (quantia provável que deverá ser paga ao campeão) e R$ 47,5 milhões (prêmio do segundo colocado).
Apesar de estar bem abaixo na tabela (em 10º lugar, com 30 partidas disputadas, ou seja, com oito jogos ainda por fazer), o Atlético-MG ainda assim garantiria uma premiação considerável no Brasileirão deste ano. Se permanecer onde está até o fim, o time mineiro ganhará R$ 27,5 milhões. Se for capaz de terminar em sexto, por exemplo, seu prêmio saltará para R$ 37,5 milhões.
Embora seja significativa, a distância entre os valores pagos ao campeão e aos demais clubes não é tão grande no Brasileirão, uma vez que a CBF optou por adotar um escala que decresce apenas meio ponto percentual a cada posição na tabela. Ou seja, enquanto o campeão leva 10% da bolada, o vice fica com 9,5%, o terceiro fatura 9%, o quarto ganha 8,5%, e assim por diante.
Dessa forma, a Série A do Brasileirão garante uma vantagem real ao Botafogo na disputa pelo título de “campeão financeiro”, mas ela não é absoluta.
Copa do Brasil
A Copa do Brasil é um torneio que pode fazer a balança pender a favor do Atlético-MG. Isso porque, embora a competição organizada pela CBF ofereça premiações desde as fases iniciais, o montante pago ao campeão é proporcionalmente muito maior do que as quantias distribuídas aos clubes nas outras etapas.
Tanto Atlético-MG quanto Botafogo iniciaram sua caminhada no torneio já na terceira fase, devido às boas colocações alcançadas no Brasileirão 2023. Nessa etapa, a premiação paga aos clubes participantes foi de R$ 2,205 milhões. Ambos conseguiram se classificar para as oitavas de final, garantindo a quantia de R$ 3,465 milhões cada um.
Enquanto a equipe mineira avançou na competição, o Botafogo caiu nessa etapa, diante do Bahia. Com isso, a Copa do Brasil rendeu à equipe da Estrela Solitária apenas 5,67 milhões.
O Galo, por seu turno, amealhou mais R$ 4,515 milhões nas quartas, R$ 9,45 milhões nas semifinais e já tem garantidos, no mínimo, R$ 31,5 milhões, que serão pagos ao vice-campeão.
Se levar o título diante do Flamengo, o Atlético-MG abocanhará 73,5 milhões, além do que já arrecadou nas fases anteriores. Na pior das hipóteses, a equipe de Belo Horizonte levará R$ 51,135 milhões. Na melhor delas, o clube faturará R$ 93,135 milhões.
Vale lembrar que, diferentemente do Brasileirão, em que os direitos de transmissão dos jogos em casa pertencem aos clubes, na Copa do Brasil essa propriedade é negociada pela Brax, agência parceira da CBF na organização do torneio.
O dinheiro usado no pagamento da premiação da Copa do Brasil provém dos contratos comerciais e de mídia firmados pela empresa. No fim das contas, mesmo pagando uma premiação menor, a Série A do Brasileirão é mais rentável aos clubes, já que, além da venda dos direitos de transmissão, eles também possuem contratos para a exploração da publicidade estática nas partidas realizadas como mandantes.
Afinal, quem será o “campeão financeiro” de 2024?
Os títulos da Copa Libertadores e da Copa do Brasil serão fundamentais para definir quem, entre Atlético-MG e Botafogo, será o “campeão financeiro”, quando o assunto é a soma das premiações conquistadas no decorrer da temporada.
Existem alguns cenários que merecem ser analisados nessa disputa. Se considerarmos o montante de dinheiro garantido por cada clube até o momento, o Galo leva vantagem sobre a Estrela Solitária.
Convém observar, contudo, que esse cenário leva em conta a possibilidade dos dois clubes terminarem o Campeonato Brasileiro na exata posição em que se encontram. Além disso, considera o que ambos ganhariam sendo vice-campeões da Libertadores, o que é impossível de ocorrer no torneio (um deles sairá vencedor).
Seria importante, então, analisar como seria no melhor cenário para o Botafogo (títulos na Série A e na competição continental), coincidindo com a pior hipótese para o Galo (perda dos dois títulos e 10º lugar no Brasileiro).
Ao mesmo tempo, vale considerar o quadro em que o Atlético-MG atinge as melhores posições possíveis nas três competições, enquanto o Botafogo fracassa em todas.
Nota-se que o cenário mais positivo para o Atlético-MG é muito mais promissor que o melhor quadro para o Botafogo. O potencial de faturamento da equipe mineira é maior.
É importante, ainda, levar em conta a hipótese intermediária, em que o Botafogo ganha a Libertadores, o Atlético-MG vence a Copa do Brasil e ambos alcançam os melhores desempenhos possíveis no Brasileirão.
Ainda que as posições dos clubes na classificação final do Brasileirão não coincidam com as deste prognóstico, o Botafogo levará a melhor na somatória das premiações, se vencer o torneio continental.
Fica claro, portanto, que a final da Copa Libertadores será crucial para definir o “campeão financeiro” do futebol brasileiro em 2024. Independentemente de quem vier a ficar com esse título simbólico, o fato é que o bom desempenho apresentado pelos dois clubes em competições de relevo neste ano permitirá que tenham bons recursos em caixa para seguirem competitivos na próxima temporada.