Depois de alcançar um desempenho digno do apelido que ostenta (Glorioso) em 2024, com as conquistas da Série A do Brasileirão e de sua primeira Copa Libertadores, o Botafogo vem acumulando fracassos neste início de temporada.
O time da Estrela Solitária ficou apenas em 9º lugar na tabela do Campeonato Carioca deste ano, não conseguindo a classificação para a fase decisiva. Mas o mal desempenho no Estadual nem é o que de pior poderia acontecer ao clube, que perdeu as duas principais competições de início de temporada que disputou.
Em 2 de fevereiro, a equipe alvinegra foi derrotada pelo Flamengo por 3 a 1, no Estádio Mangueirão, em Belém (PA), na final em partida única da Supercopa Rei, que reúne os vencedores do Brasileirão e da Copa do Brasil do ano anterior.
Mas o pesadelo da torcida estava longe de terminar. Algumas semanas depois, o clube voltaria a ser derrotado em um jogo decisivo. No caso, na partida de ida da Recopa Sul-Americana, disputada contra o Racing, da Argentina, na cidade de Avellaneda. O time da casa venceu por 2 a 0.
Parecia até um verso fora de contexto do célebre samba de Beth Carvalho, que diz “Esse é o Botafogo que eu conheço”. No caso, aquele Botafogo de antes da chegada do empresário norte-americano John Textor, que comprou a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube e realizou investimentos pesados, ajudando a tornar a equipe novamente competitiva.
Mas, com Textor e tudo, o clube voltou a perder para o Racing por 2 a 0, nesta quinta-feira (27). A equipe argentina levantou o troféu da Recopa em pleno Estádio Nilton Santos.
As derrotas têm um duplo significado para o Botafogo. Um deles é simbólico, já que o time deixou de conquistar dois títulos inéditos em sua história. Mas existe ainda uma questão financeira, que merece ser analisada.
Prêmios
Das três competições em que o Botafogo naufragou, duas pagavam premiação em dinheiro: a Supercopa Rei, promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e a Recopa Sul-Americana, organizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).
O Campeonato Carioca, por sua vez, não oferece prêmio em dinheiro aos seus vencedores. O Botafogo, a exemplo de outros clubes grandes do Estadual, fez um acordo para receber cotas de direitos de transmissão pela participação na competição. Nesse caso, a equipe tinha garantida uma fatia de R$ 17 milhões, independentemente do desempenho no torneio.
Considerando-se as competições que pagam prêmio em dinheiro, as derrotas em ambas custaram ao Botafogo um total de R$ 12,45 milhões.
Na Supercopa Rei, o campeão deste ano (Flamengo) levou para casa a quantia aproximada de R$ 11,94 milhões, dos quais R$ 6,05 milhões foram pagos pela CBF, enquanto o restante diz respeito a um complemento de US$ 1 milhão (R$ 5,89 milhões, pela cotação de hoje) bancado pela Conmebol.
Os R$ 6,05 milhões da CBF, vale lembrar, referem-se à participação dos dois finalistas no jogo decisivo. Portanto, mesmo perdendo a taça, o Botafogo embolsou essa quantia mínima paga pela entidade brasileira. Porém, deixou de ganhar os R$ 5,89 milhões da Conmebol.
Na Recopa 2025, que reuniu os campeões da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana de 2024, o prêmio em dinheiro para o time vencedor desta edição (Racing) foi de US$ 2 milhões (R$ 11,78 milhões, na cotação atual).
Já o Botafogo, que ficou com o vice-campeonato, embolsou “apenas” US$ 900 mil (R$ 5,29 milhões), deixando de ganhar R$ 6,49 milhões.
Desde a conquista do Brasileirão e da Copa Libertadores de 2024, o Botafogo tem passado por grandes mudanças no elenco, com alguns de seus principais jogadores indo atuar na Europa, especialmente no Lyon, clube que também pertence a John Textor.
O próprio técnico Artur Jorge, que comandou a equipe nas campanhas vitoriosas, optou por deixar o Glorioso no início desta temporada, transferindo-se para o Al-Rayyan, do Catar.
Vale lembrar que, segundo um levantamento feito pela Máquina do Esporte no fim do ano passado, o Botafogo foi o time brasileiro que mais faturou com premiações em dinheiro, acumulando o equivalente a R$ 254 milhões ao longo da temporada 2024.