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Clubes brasileiros se rebelam contra dispositivo que pode beneficiar Federação de Atletas

Em nota divulgada nas redes, times criticaram inclusão da Federação das Associações de Atletas Profissionais (Faap) no projeto da Lei Geral do Esporte

Senadora Leila Barros (PDT-DF) é a relatora do projeto da Lei Geral do Esporte - Reprodução / Twitter (@SenadoFederal)

O projeto da Lei Geral do Esporte avançou no Senado e deve ser votado em plenário nesta quarta-feira (26). A proposta, que tem relatoria da senadora e ex-jogadora de vôlei Leila Barros (PDT-DF), é bastante ampla e busca, segundo o texto do Ministério do Esporte, reunir “em um só documento toda a legislação relacionada à área esportiva, como a Lei Pelé (Lei 9.615, de 1998), o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671, de 2003), a Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438, de 2006) e a Lei da Bolsa Atleta (Lei 10.891, de 2004), o que criará novos marcos para todos os aspectos regidos pelas normas que vigoram hoje”.

Nos últimos dias, clubes de futebol têm realizado ações sincronizadas, relacionadas a esse projeto. Tudo começou na semana passada, quando os principais times da Série A do Campeonato Brasileiro publicaram conjuntamente notas nas redes sociais, criticando a forma como o projeto está tramitando no Senado. À ocasião, porém, o texto não deixava claro qual ponto da proposta era questionado pelas agremiações.

Nesta terça-feira (25), as grandes equipes de futebol do país voltaram a postar um texto relacionado à proposta que tramita no Congresso Nacional, mas foram mais claros em seus questionamentos. Os clubes são contra o dispositivo presente no projeto, que inclui na nova legislação a Federação das Associações de Atletas Profissionais (Faap). O Santos, por exemplo, foi um dos que atacaram a iniciativa.

Rixa antiga

A entidade é alvo de uma antiga rixa com os grandes clubes por conta da cobrança de taxas nas transferências de jogadores. A polêmica reside em um percentual de 0,8% que os times eram obrigados a pagar para a Faap, com base na Lei Pelé, ao negociarem um atleta.

O não pagamento dessa taxa motivou diversas ações movidas pela Faap contra clubes. É o caso, por exemplo, do processo que ela ingressou contra o São Paulo na Justiça cobrando a quantia de R$ 529.660,00, que representaria 0,8% do montante relativo às vendas do peruano Christian Cueva para o Krasnodar, da Rússia, por € 8 milhões, e de Éder Militão para o Porto, de Portugal, por € 7 milhões.

No texto veiculado nas redes, os times engrossaram o coro contra a entidade, que é sediada em Brasília (DF).

“Apesar de ter sido expurgada da Lei Pelé após anos de luta dos clubes, a Faap reaparece no novo projeto de Lei, como resultado de milagrosa influência política, e mais forte do que nunca. Os clubes não são contra contribuírem financeiramente para o pós-carreira de atletas, ou para a melhoria do ecossistema, mas convidam o Parlamento e o Governo a desenhar alternativas menos espúrias para tanto e com rigor na fiscalização dos fundos geridos em favor dos atletas”, diz um trecho da nota.

Os clubes pedem aos senadores que “vetem a reinclusão da Faap na Lei Geral do Esporte”. O projeto que estabelece a nova legislação foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, no último dia 11 deste mês. Caso venha a ser aprovado em plenário, ele seguirá para sanção presidencial.