Uma das ideias mais polêmicas do futebol na atualidade, a Superliga Europeia começou, enfim, a ganhar forma. A A22 Sports Management, empresa sediada em Madri, na Espanha, e que está à frente do projeto, deu entrada no pedido de registro da competição.
A Superliga Europeia deverá contar com 64 clubes, divididos em três divisões. Conhecida como Blue Ligue, a terceira contará com 32 times, ao passo que a segunda, denominada Gold League, e a primeira, batizada de Star League, terão 16 cada uma.
O pedido de registro feito junto ao Escritório de Marcas e Patentes da Espanha ocorre na esteira da decisão proferida no fim do ano passado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que considerou ilegais as ameaças de sanções feitas pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) aos clubes que articulavam a criação da Superliga.
Conforme noticiou na época a Máquina do Esporte, a decisão da corte suprema da Europa poderia acarretar, para os clubes, um efeito similar ao que a Lei Bosman (sentença proferida pelo mesmo tribunal, em 1995) teve para os jogadores de futebol.
O pedido de patente feito pela A22 Sports não se limitou aos nomes das três divisões, e diz respeito também às logomarcas das competições, além de envolver vestuário, bolas, merchandising, equipamento e conteúdo publicitário e de redes sociais.
Contra-ataque
Na prática, a sentença do TJUE deixou Fifa e Uefa de mãos atadas, abrindo espaço para que os interessados na criação da Superliga pudessem manobrar abertamente.
O projeto surgiu em 2021, tentando reunir os maiores times da Europa, como Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Liverpool, Milan, Internazionale e Juventus, em uma competição de elite, capaz de ofuscar os campeonatos nacionais e mesmo a Champions League, principal torneio de clubes do mundo na atualidade.
À época, a ideia enfrentou forte reação, com críticas vindas inclusive de setores das torcidas dos clubes que articulavam a criação da Superliga. Ameaças de punições feitas pela Uefa e respaldadas pela Fifa fizeram a nova competição ir para a geladeira, ao menos naquele momento inicial.
Nos últimos meses, porém, a A22 Sports resolveu partir para o contra-ataque na guerra de narrativas. A empresa divulgou no LinkedIn o relatório de uma pesquisa realizada pelo instituto francês Opinion Way, que mostrou um apoio significativo de torcedores europeus à ideia de criação da Superliga.
Resultados da pesquisa
O estudo ouviu 6.458 fãs de futebol espalhados por França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Holanda, Itália, Bélgica e Portugal, em fevereiro deste ano. A pesquisa indicou que 72% dos torcedores ouvidos nesses países apoiam a criação de uma Superliga Europeia.
As maiores taxas de aprovação apareceram na Espanha, onde alcançaram 84%. Já os menores índices foram na Alemanha, com 61%.
As torcidas mais empolgadas com a ideia da Superliga são as da Juventus, com 96%, e do Real Madrid, com 93%. As piores taxas apareceram entre os fãs dos times da Premier League, em que apenas Manchester City, com 85%, e Chelsea, com 81%, ultrapassaram a barreira dos 80%. O menor apoio ocorreu entre os apoiadores do Tottenham, com 55%.
Outro dado que chama a atenção no estudo é que a proposta da Superliga faz mais sucesso entre os jovens, chegando a 86% de aprovação junto ao público de 15 a 24 anos. Já entre as pessoas acima de 65 anos, o apoio à ideia cai para 59%.
O estudo ainda revelou que 90% dos entrevistados demonstraram ser favoráveis à transmissão gratuita da competição, via streaming, pela plataforma própria, que será denominada Unify. Por enquanto, não está claro se esse será o modelo predominante de distribuição da futura competição.
“O fim do monopólio da Uefa abriu novas possibilidades para as competições pan-europeias de futebol de clubes. A Superliga apresenta uma alternativa atraente ao sistema atual, oferecendo partidas emocionantes do primeiro ao último dia da temporada, e firmemente enraizada nas ligas domésticas”, afirma a publicação da A22 Sports.
Nome ainda está incerto
Neste mês, os adversários desse novo torneio de elite tiveram um breve momento de satisfação, depois que o TJUE acatou a queixa feita pela Liga Dinamarquesa de Futebol contra os idealizadores da Superliga.
A entidade do país nórdico questionou o uso do nome Superliga pela nova competição, alegando que registrou essa marca em 2013 e que o uso dela por outro campeonato, na União Europeia, ocasionaria danos à sua imagem.
O TJUE chegou a propor conciliação, mas os dois lados não chegaram a um acordo, razão pela qual a entidade dinamarquesa optou por seguir com o processo, com o objetivo de garantir exclusividade sobre o nome em todo o território da União Europeia.
A disputa pelo uso da palavra Superliga, porém, aparenta ser um detalhe acessório nessa questão, ainda mais agora, que cada uma das divisões do torneio ganhou identidade própria.
Por enquanto, nem os clubes defensores da Superliga nem Fifa ou Uefa se manifestaram acerca dos movimentos realizados pela A22 Sports de registrar a nova competição.