Caso algum torcedor qualquer fosse perguntado se prefere conquistar a Copa do Brasil ou a Libertadores, a segunda opção certamente teria maiores chances de ser a escolhida, já que é a principal competição de clubes do continente.
Por ser mais importante, a Libertadores deveria ter ingressos mais caros para sua final, que será disputada em partida única, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 4 de novembro (os times participantes ainda serão definidos). Mas, na prática, nem tudo aquilo que aparenta ser lógico acaba por se materializar no mundo real.
Em 2023, a final da Copa do Brasil será mais cara para os torcedores do que a da Libertadores. A venda dos ingressos da decisão continental teve início na última terça-feira (12). Haverá três modalidades de entradas disponíveis. As mais caras são da categoria 1, na área mista, que fica próxima às laterais do campo. O valor será de R$ 1,3 mil.
Já os da categoria 2, que também estão posicionados na lateral do campo, só que mais distantes do gramado, custarão R$ 800. Por fim, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) destinará para os dois clubes finalistas os ingressos nas áreas localizadas atrás dos gols, ao preço de R$ 260.
Esse valor pode parecer salgado, se pensarmos que equivale a quase 20% do salário mínimo nacional (de R$ 1.320). Mas representa uma verdadeira pechincha, na comparação com os preços que o Flamengo decidiu praticar no primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil, que também será realizado no Maracanã, no próximo domingo (17), às 16h (horário de Brasília).
Preços elevados
Os torcedores dos eventuais finalistas da Libertadores (que sairão dos confrontos entre Boca Juniors x Palmeiras e Fluminense x Internacional) pagarão para assistir à final continental o equivalente a 37% do que os são-paulinos gastarão para acompanhar o primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil no Maracanã.
O Flamengo fixou em R$ 700 o preço dos ingressos para os visitantes, ou seja, os torcedores do São Paulo, adversário do time rubro-negro na final. Em “retribuição”, o Tricolor Paulista também resolveu cobrar o mesmo valor dos rubro-negros, na partida de volta, que será realizada no Morumbi, em 24 de setembro.
Os ingressos da final da Copa do Brasil superam os da Libertadores de longe, quando a comparação é feita com o jogo de ida, no Maracanã. Enquanto a modalidade mais cara da decisão continental custará 1,3 mil, na primeira partida do torneio nacional haverá entradas custando R$ 4,5 mil no espaço Maracanã Mais.
No ano passado, quando o Flamengo conquistou a Copa do Brasil diante do Corinthians, essa mesma categoria de ingresso custou R$ 2,5 mil. Nesse intervalo de cerca de um ano, o clube decidiu elevar os preços em todos os setores do Maracanã. Os aumentos variam de pouco mais de 40%, no caso de entradas mais populares (como a do Setor Norte, que passou de R$ 70 para R$ 100), a cerca de 75%, no caso das modalidades mais caras.
Se a comparação for entre os mesmos produtos (ou seja, a localização exata no estádio), ainda assim a final da Copa do Brasil está com preços mais salgados. O Setor Oeste inferior, que equivale à categoria 1 da decisão da Libertadores, custará R$ 1,5 mil, ou seja, R$ 200 a mais em relação ao seu equivalente continental.
Mais ou menos popular
Com uma política de preços mais barata, o São Paulo tem conseguido atrair bons públicos nos jogos em casa na Copa do Brasil e na Série A do Brasileirão, com uma média de 48.949 torcedores em seu estádio.
Essa situação levou o próprio presidente do São Paulo, Julio Casares, a dar declarações públicas, afirmando que o time seria o “mais popular do país”.
Mas, na final da Copa do Brasil 2023, o São Paulo adotou uma perfil “mais ou menos popular”.
Os ingressos para o jogo de volta têm preços menores que os praticados pelo Flamengo. Só que, de um modo geral, têm níveis bem parecidos aos da final da Libertadores. Se, por um lado, nenhum setor de arquibancada no Morumbi terá ingressos acima de R$ 700, também é verdade que a maior parte dos setores terá preços acima dos R$ 260 estabelecidos pela Conmebol para os finalistas de sua competição.
Nas arquibancadas, os preços dos ingressos para a final no Morumbi variam de R$ 200, no Setor Norte (popular), a R$ 700, no Setor Oeste. A modalidade mais cara de entrada para esse jogo é a do Camarote dos Ídolos, com bilhetes vendidos a R$ 2 mil.
Apesar dos valores estarem acima da média cobrada pelo clube no decorrer da temporada, os ingressos para o jogo contra o Flamengo se esgotaram em cerca de 24 horas.
O que explica os preços?
Muitos fatores influenciam a movimentação da “mão invisível” que regula os preços dos ingressos nas decisões do futebol no Brasil e na América do Sul.
No caso da Libertadores, embora estejam com valores mais em conta na comparação com a Copa do Brasil neste ano, em outras ocasiões os bilhetes já estiveram em níveis proibitivos para a maioria dos torcedores brasileiros.
Em 2021, por exemplo, quando o Palmeiras derrotou o Flamengo na decisão em Montevidéu, no Uruguai, os ingressos para a decisão no Estádio Centenário custaram a partir de US$ 200 (cerca de R$ 1,1 mil, pela cotação da época).
A justificativa da Conmebol para o alto preço esteve nos custos para a realização da partida, incluindo a reforma do Centenário, avaliada em US$ 1,5 milhão, sem contar os demais gastos com hospitalidade e a realização da fan fest, que consumiram mais US$ 3 milhões.
Em 2020, quando a final da Libertadores entre Palmeiras e Santos ocorreu no Maracanã para um público de apenas 5 mil pessoas (por conta da pandemia de Covid-19), os ingressos mais baratos custaram US$ 80. Se tomarmos como base esse valor e a cotação atual, é possível afirmar que a decisão deste ano é a mais barata dos últimos tempos, na casa dos US$ 52.
Em 2022, quando o Flamengo conquistou o tricampeonato da Libertadores, diante do Athletico-PR, em Guayaquil, no Equador, o ingresso mais barato foi de US$ 142 (R$ 742, pela cotação da época).
Vale lembrar que a renda líquida da final da Libertadores é dividida entre os finalistas. Já na Copa do Brasil, cada clube fica com o valor líquido arrecadado na partida como mandante.