Corinthians aprova plano da Gaviões da Fiel para quitar Neo Química Arena

Mosaico da Gaviões da Fiel feito na partida diante do Flamengo - Reprodução / Instagram (@gavioesoficial)

No dia em que o Corinthians comemorou os 114 anos de sua fundação, neste domingo (1º), com direito a uma vitória em casa diante do Flamengo, em jogo válido pela Série A do Brasileirão, a Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do clube, aproveitou para anunciar uma novidade referente ao plano de quitação da Neo Química Arena.

A Gaviões pretende realizar uma “vaquinha”, em que torcedores de todo o Brasil poderão realizar depósitos em uma conta pix, em uma operação feita em parceria com o Corinthians e a Caixa. O objetivo é arrecadar recursos para dar fim a uma das maiores dores de cabeça do clube em tempos recentes.

Trata-se da dívida contraída pelo Corinthians para a construção da Neo Química Arena, escolhida como sede da abertura da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil. A inauguração do estádio coincidiu com um período em que a equipe acumulou sucessos dentro de campo e fora dele, com contratos milionários de patrocínio e de direitos comerciais e de transmissão.

O problema é que os débitos do Corinthians com a Caixa passaram a crescer cada vez mais. Quando o contrato foi firmado, a dívida estava em R$ 400 milhões. Atualmente, ela gira em torno de R$ 700 milhões, comprometendo a capacidade de investimento do clube que, mesmo possuindo o segundo maior faturamento do país (em 2023, as receitas alcançaram o valor recorde de R$ 1 bilhão), não tem conseguido montar elencos competitivos, amargando péssimos resultados nas competições que disputa.

No total, o Corinthians tem R$ 1,96 bilhão em débitos, incluindo a dívida com a Caixa, relativa ao estádio. A aprovação do clube ao plano de quitação feito pela organizada, anunciada neste domingo (1º), é vista como o primeiro passo para equacionar esse problema, que cresce sem parar.

Como funciona o plano de quitação?

Basicamente, a ideia da Gaviões da Fiel é promover uma campanha de arrecadação junto aos torcedores, que poderão enviar depósitos a uma conta pix, a qual existirá com a finalidade específica de receber recursos para a quitação do estádio.

A Máquina do Esporte apurou que a organizada acertará questões burocráticas com o banco, antes de realizar o lançamento da campanha da quitação da arena. A iniciativa contará com um site, que está sendo desenvolvido por uma empresa parceira, com experiência na área de arrecadação de recursos.

Uma das preocupações da Gaviões é evitar a ocorrência de golpes envolvendo o plano de quitação do estádio. Por isso, a torcida tem procurado frisar que a conta pix, embora já tenha sido autorizada pela Caixa, ainda não foi aberta oficialmente.

Caminhos jurídicos

Em recente entrevista à Máquina do Esporte, o advogado Gustavo Lopes, especialista em direito esportivo, afirmou que a Gaviões da Fiel poderia pagar a dívida no lugar do Corinthians, sem envolvê-lo, desde que a Caixa aprovasse o movimento

“Não há ilegalidade nenhuma neste movimento. Qualquer pessoa pode iniciar vaquinhas para ajudar alguém em momentos específicos. Uma vez arrecadado este dinheiro, a torcida teria dois caminhos: doar para o Corinthians ou se sub-rogar nos direitos, ou seja, passar a ser o credor do clube no lugar da Caixa”, disse.

Com a criação da chave pix ligada diretamente à Caixa, por exemplo, os valores doados abateriam a dívida em tempo real, movimento que poderia ser acompanhado pelos torcedores. Essa proposta, envolvendo a participação da organizada, deverá ser oficializada pelo Corinthians junto ao banco nos próximos dias.

Segundo o especialista, caso o projeto não seja aceito pela Caixa, a torcida poderia, por exemplo, se amparar em mecanismos que lhe confiram a garantia de que o dinheiro doado ao Corinthians seja integralmente direcionado para o pagamento da dívida.

“Dá para fazer uma engenharia jurídica para que os torcedores tenham a garantia de que os valores sejam direcionados para as finalidades que eles querem. Seja por meio de uma doação com fins específicos ou de um pacto triangular entre Caixa, torcedores e o Corinthians. É só conversar”, afirmou.

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