O Corinthians negocia com a Adidas um contrato de fornecimento de material esportivo que entraria em vigor a partir de janeiro de 2026, mês em que o atual vínculo com a Nike já estará encerrado. Segundo a Máquina do Esporte apurou, os valores ofertados foram considerados bons pela diretoria, e o diálogo avançou.
O problema é que a Nike quer fazer uso de uma cláusula contratual que prevê a renovação automática do acordo por mais quatro temporadas (2026 a 2029). Já o Timão espera encerrar a relação com a atual fornecedora.
Membros da diretoria do clube consideram a cláusula de renovação automática abusiva, já que os valores pagos pela Nike atualmente (cerca de R$ 30 milhões) estariam bem defasados, especialmente se comparados aos que o Flamengo recebe atualmente da Adidas.
Quando renovou o acordo com a marca das três listras, no ano passado, o time rubro-negro tinha a expectativa de faturar entre R$ 70 milhões e R$ 90 milhões anuais, contando royalties, pagamentos fixos e bônus por desempenho.
O atual contrato também obriga o Corinthians a comunicar a Nike com antecedência sobre ofertas que o clube eventualmente venha a receber de marcas concorrentes.
Caso haja o rompimento, a Nike deve decidir ir à Justiça, o que pode complicar ainda mais as finanças já fragilizadas do Corinthians. Com os bastidores do clube em polvorosa, ninguém sabe quem estará no poder no final do ano, quando haverá o encerramento do atual contrato com a marca do Swoosh.
O Conselho Deliberativo do Corinthians reprovou o balanço financeiro de 2024, e Augusto Melo, atual presidente do clube, corre o risco de sofrer um processo de impeachment. Procurados para comentar sobre as negociações, Corinthians e Adidas não se pronunciaram.
Geopolítica das marcas
Nike e Adidas travam uma grande disputa para vestir os principais clubes brasileiros. Para 2026, a Adidas tem garantidos Flamengo e Internacional, em contratos até 2029, além do Cruzeiro, cujo vínculo atual só se encerra em 2030.
A empresa alemã, no entanto, tem colecionado perdas nos últimos anos. Em 2024, o São Paulo deixou a marca para assinar com a New Balance. Já o acordo com o Atlético-MG terminará no final deste ano. O Galo terá justamente a Nike como nova fornecedora. Mercadologicamente falando, a entrada no Corinthians compensaria plenamente essas perdas.
A empresa norte-americana, por outro lado, além de ser a atual fornecedora da seleção brasileira e do Corinthians, mira expandir suas operações em outros mercados brasileiros. Além do Atlético-MG, a Nike já fechou com o Vasco por sete temporadas a partir de 2026.
A multinacional norte-americana também fez uma oferta pela camisa do Grêmio, que tem contrato com a Umbro só até este ano. A oferta foi considerada boa pela diretoria gremista.
Desgastada com os torcedores, a Umbro pode deixar a camisa do Tricolor Gaúcho após 11 anos. A decisão sobre o tema deve ser tomada pelo Imortal até o meio do ano.