Uma final de Champions League, a cereja do bolo da temporada do futebol europeu, sendo disputada nos Estados Unidos. Se um dia isso pareceu uma coisa totalmente fora de qualquer propósito, pode ser que se torne realidade em um futuro próximo. Ao menos foi isso que disse o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, em uma entrevista ao Men In Blazers, programa norte-americano de TV e também podcast especializado em futebol.
“É possível que times europeus possam jogar partidas significativas nos Estados Unidos. Começamos a discutir sobre isso, mas um ano foi a Copa do Mundo (2022), 2024 é a Euro, este ano (a final) é em Istambul, 2024 é em Londres e 2025 é em Munique. Depois disso, vamos ver. É possível”, revelou o esloveno, que é presidente da entidade que comanda o futebol europeu desde 2016.
Durante o bate-papo, Ceferin se mostrou “chocado” com a voracidade com que o futebol europeu é consumido nos Estados Unidos.
“O que me chocou é que nossas finais da Euro (em 2021) foram assistidas por mais pessoas nos Estados Unidos do que as finais da NBA. Em 30 partidas da Euro, a audiência de cada jogo foi uma audiência de Super Bowl, então acho que estamos indo bem. O problema seria a diferença de fuso horário, porque disputar partidas da Champions League às terças e quartas-feiras, ao meio-dia, em Los Angeles, é um problema”, disse o dirigente.
Não é novidade que o futebol europeu esteja de olho no mercado dos EUA. Em setembro do ano passado, a agência de notícias PA divulgou que existiam conversas adiantadas sobre a realização de uma espécie de Supercopa em território norte-americano. O torneio serviria como abertura da temporada de futebol nos EUA a partir de 2024, com a presença de quatro times: o campeão da MLS na temporada anterior e os vencedores das últimas edições da Champions League, da Europa League e da Conference League, as três competições de clubes da Uefa.
Relação com a Fifa
Na entrevista, Ceferin ainda foi questionado sobre a relação atual entre Uefa e Fifa. O dirigente optou pela sinceridade.
“É uma relação complicada. Eu não diria a verdade se dissesse o contrário. Agora está um pouco melhor porque colocamos algumas linhas vermelhas. Não nos toquem, nós não tocamos em vocês”, afirmou.
“Claro que é um pouco paradoxal porque a Uefa não é membro da Fifa, somos independentes da Fifa. Não é como outros esportes em que você tem um órgão governamental mundial e, sob sua direção, os órgãos governamentais locais ou continentais. Somos três a quatro vezes maiores financeiramente que a Fifa, não apenas agora desde que estou aqui”, acrescentou o executivo.
No fim, Ceferin ainda deu a entender que toda a turbulência que envolve a relação tem um fundo financeiro.
“A Fifa sempre teve um problema com o fato de que a Uefa é muito rica. Além disso, é uma mentalidade muito diferente, eu diria”, finalizou.