Endrick e Vitor Roque: Talentos precoces que movimentam milhões no futebol

Endrick

Endrick irá para o Real Madrid em 2024 - Reprodução / Instagram (@endricki)

Eles ainda são considerados adolescentes pela legislação brasileira. Um deles ainda não pode dirigir carros, vender imóveis sem autorização judicial ou mesmo utilizar sites de apostas (embora seja garoto-propaganda de uma empresa que atua nesse ramo). O outro só entrou na maioridade em fevereiro deste ano.

Mas, apesar de serem tão jovens, já movimentam quantias milionárias no futebol brasileiro. Vitor Roque, que tem 18 anos e recentemente foi negociado pelo Athletico-PR com o Barcelona, e Endrick, que acabou de completar 17 anos e, em meados de 2024, quando atingir a maioridade, integrará o elenco do Real Madrid, tornaram-se o segundo e o terceiro atletas mais caros do futebol brasileiro em todos os tempos.

Ambos só perdem para Neymar, principal estrela do Brasil nas últimas décadas, negociado pelo Santos com o Barcelona por € 88 milhões em 2013. O clube catalão firmou acordo para pagar € 74 milhões por Vitor Roque, do Athletico-PR, que passou a ocupar a segunda colocação no ranking das maiores negociações da história do país, superando Endrick, que deixará o Palmeiras rumo ao Real Madrid por € 72 milhões no ano que vem.

Pela cotação atual, as vendas de Vitor Roque e Endrick poderão atingir, somadas, a quantia de R$ 770,6 milhões. Para se ter uma ideia da dimensão dos dois negócios, eles superariam em R$ 70,6 milhões o valor que a 777 Partners pagou por 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vasco.

Vale lembrar que esses números se referem aos valores máximos das negociações. No caso de Endrick, por exemplo, há uma cota fixa de € 35 milhões, além de outra de € 25 milhões, relacionada ao desempenho do atleta. No caso de Vitor Roque, a parcela já garantida é de € 40 milhões, além do bônus de € 21 milhões.

As operações ainda envolvem taxas e impostos que serão pagos pelos clubes espanhóis. Somados, os tributos das duas negociações alcançariam € 25 milhões (R$ 131,8 milhões, na cotação atual).

Rankings atuais

Atualmente, plataformas especializadas em análise de valor de mercado de jogadores de futebol, como a Transfermarkt, levam em conta apenas o valor da cota fixa das duas negociações.

As cotações de Vitor Roque e Endrick nesse site estão um tanto abaixo dos preços das parcelas previamente estabelecidas, pelas quais ambos foram vendidos. O jogador do Athletico-PR aparece avaliado em € 32 milhões, ao passo que o palmeirense teria valor de mercado de € 25 milhões.

Ainda assim, os dois lideram com folga o ranking dos atletas mais caros da Série A do Brasileirão, superando nomes como Pedro, do Flamengo, que disputou a última Copa do Mundo pela seleção brasileira, ou seu colega de clube Gabigol, avaliados em € 22 milhões e € 20 milhões, respectivamente, na plataforma.

Marcas

Antes de despertar a cobiça do Real Madrid, Endrick já chamava a atenção dos torcedores e, consequentemente, das marcas com a qualidade de seu futebol.

O palmeirense possui parcerias relevantes com empresas, algumas delas um tanto polêmicas, caso do contrato para ser embaixador da plataforma de apostas Rei do Pitaco. Pela legislação atual, Endrick não teria idade suficiente para utilizar os serviços da marca que representa.

Ele também firmou contrato com a Rough Diamonds, que elaborou o token não fungível (NFT) do jogador. Isso sem contar a parceria com a fornecedora de materiais esportivos Nike.

No caso de Vitor Roque, que, antes de chegar ao Athletico-PR, havia atuado pelo Cruzeiro, as marcas ainda não se atentaram para o potencial do jogador. Em seu Instagram, pelo menos por enquanto, o atleta não destaca nenhuma parceria significativa para sua legião de 1,5 milhão de seguidores (Endrick tem 4,5 milhões). Atualmente, o atacante do Furacão utiliza chuteiras da Nike.

O que explica os fenômenos precoces?

O CEO da Armatore Market+Science e colunista da Máquina do Esporte, Fernando Fleury, acredita que vem ocorrendo uma ascensão cada vez mais precoce dos talentos no futebol, especialmente no Brasil.

“Os clubes não conseguem manter jogadores por muitas temporadas e precisam buscar na base talentos novos todos os anos. Essa necessidade de se fazer caixa por meio da venda de jogadores faz com que jovens surjam cada vez mais cedo no futebol”, analisou.

De acordo com ele, a nova realidade do mercado faz com que o agenciamento dos atletas vá muito além do ato de negociar contrato com clubes ou com fornecedores de chuteiras. Para o especialista, os agentes devem analisar de maneira constante as oportunidades para que esses talentos possam ter novos patrocinadores. As redes sociais, segundo Fleury, têm um papel essencial nesse processo.

“O crescimento das redes sociais coloca as pessoas cada vez mais perto de seus ídolos, e esses jovens cresceram vivendo esse boom. Esses jogadores têm a oportunidade de construir uma marca pessoal desde cedo. Através das redes sociais, eles podem se conectar diretamente com os fãs e criar um seguimento global. Isso devido ao fato da ‘midiatização’ do esporte. A presença dominante da mídia no futebol amplificou a visibilidade dos jovens jogadores promissores. Assim, um jogador talentoso pode ganhar reconhecimento global rapidamente, levando a grandes oportunidades comerciais”, resumiu.

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