Entenda a crise que resultou no rompimento do contrato entre Corinthians e VaideBet

Augusto Melo, presidente do Corinthians, caminha em um dos campos do CT do clube - Rodrigo Coca / Corinthians

A crise no Corinthians em 2024 chegou ao seu auge nesta sexta-feira (7), quando a VaideBet anunciou o rompimento do contrato de patrocínio máster com o clube. Aquele que seria o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro tomou outros rumos e está, inclusive, ameaçando o futuro do clube alvinegro.

O ano de 2024 no Timão começou com a troca em sua gestão. Comandado de 2007 a 2023 pelo grupo político “Renovação e Transparência”, que possui nomes como Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves (presidente até o ano passado), o Corinthians passou a ter Augusto Melo, da oposição, na presidência.

Entre as promessas do novo mandatário, estavam a chegada de um novo patrocinador, com potencial para mudar o patamar financeiro do clube, que convive com dívidas e dificuldades de sustentabilidade há anos.

Em janeiro, então, o Corinthians anunciou um acordo com a casa de apostas VaideBet. O contrato de patrocínio máster seria válido por três anos e pagaria R$ 370 milhões neste período. Com estes valores, seria o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro.

Intermediação

Os problemas com o acordo começaram ainda em janeiro, quando foi revelada a existência de um intermediário na negociação entre as partes. Até então, acreditava-se que o acordo teria sido feito sem qualquer intermediação, de acordo com o que testemunhas haviam ouvido de Augusto Melo.

A intermediária foi a Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé, que trabalhou na campanha de Augusto Melo para a presidência por indicação de Sérgio Moura, que depois se tornou superintendente de marketing do clube.

Em abril, o buraco se demonstrou ainda mais fundo. Informações publicadas pela Gazeta Esportiva revelaram que o contrato incluiu também uma comissão de 7% para a intermediária. O Corinthians deveria pagar, portanto, R$ 25,2 milhões para a empresa Rede Social Media Design.

Com as revelações, instaurou-se uma crise política no clube. Rubens Gomes, o Rubão, então diretor de futebol, bem como outros membros da diretoria corintiana, passaram a exigir explicações do presidente. Os impasses resultaram na saída do dirigente.

Laranja

Em maio, o jornalista Juca Kfouri publicou, em sua coluna no UOL, a denúncia de que a Rede Social Media Design, empresa intermediária da negociação, teria pagado mais de R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, empresa acusada de ser laranja pela reportagem.

A empresa teria como sócia Edna Oliveira dos Santos, que vive às custas do Auxílio Brasil, no Jardim Caraminguava, região periférica de Peruíbe, no litoral paulista. A mulher desconhece ser dona da Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

Poucos dias após a publicação, Sérgio Moura, então superintendente de marketing do Corinthians, pediu afastamento do cargo por conta das acusações envolvendo o pagamento de comissão à empresa de Alex Cassundé.

Sérgio negou qualquer conduta ilícita e afirmou que tomaria medidas judiciais contra os que o acusaram ou fizeram insinuações sobre sua atuação dentro do Corinthians. O clube, por sua vez, disse “que todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas” e que “não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”.

Rescisão

Com a polêmica crescendo exponencialmente, a VaideBet anunciou o fim do patrocínio. A decisão foi tomada depois da abertura de uma investigação da Polícia Civil sobre um possível repasse de parte da comissão do acordo a uma empresa supostamente utilizada como laranja.

Antes de rescindir o contrato de forma unilateral, a casa de apostas notificou o Corinthians pedindo esclarecimentos sobre o caso em até dez dias, prazo que expirou nesta quinta-feira (6). Diante disso, a empresa acionou uma cláusula anticorrupção e rompeu o acordo.

Neste cenário, o acordo que renderia R$ 370 milhões em três anos ao Corinthians incluiu apenas R$ 66 milhões em repasses e uma das maiores crises da história do clube, que parece longe de terminar.

Sem patrocinador máster, o Corinthians abre a zona de rebaixamento do Brasileirão, com apenas 5 pontos em 7 jogos. O próximo compromisso do time paulista será na terça-feira (11), quando enfrentará o Atlético-GO na Neo Química Arena.

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