Equipe Sport pede recuperação judicial e culpa fim de contrato com CBF e clubes da Série A

Pioneira no marketing esportivo brasileiro, a Equipe Sport entrou em recuperação judicial. O pedido foi feito em 13 de dezembro do ano passado. A empresa acumula R$ 158 milhões em dívidas. A solicitação foi deferida no dia 15 do mesmo mês pelo juiz Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo (SP), que nomeou a Laspro Consultores como administradora judicial.

Os problemas financeiros, que culminaram no pedido de recuperação judicial da Equipe Sport, tiveram início na pandemia, que interrompeu campeonatos e abalou as receitas de clubes e empresas que atuam na área esportiva.

Quebra de contrato

O principal motivo, porém, é pós-pandêmico e remonta a março do ano passado, quando 11 dos 19 clubes que mantinham contrato com a Sport Promotion (pessoa jurídica criada em 2011 pela Equipe Sport e que detinha os direitos de explorar a publicidade estática nos estádios, nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro) notificaram a empresa, informando o pagamento da multa rescisória e que não mais contariam com seus serviços.

A maioria desses times acabou migrando para a Brax. Na rodada de abertura do Brasileirão de 2022, 12 clubes estavam fechados com a nova agência e pretendiam utilizar suas placas nos jogos. Porém, antes de a competição começar, a Sport Promotion obteve na Justiça do Rio de Janeiro uma liminar que garantia a ela o direito de expor suas placas nos jogos em que seus ex-parceiros fossem mandantes. Apenas Fluminense e Fortaleza acataram a decisão.

CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) inicialmente emitiu, em 10 de abril, um ofício endereçado aos clubes, afirmando ser ela a dona dos direitos de exploração de placas de publicidade no Brasileirão. A entidade também ressaltou no documento que o contrato com a Sport Promotion ainda estava em vigor.

A medida da CBF, em vez de conter a debandada dos clubes, acabou por estimulá-la ainda mais. Os movimentos seguintes da entidade serviram para desautorizar a Sport Promotion em suas tentativas de impor sanções às equipes.

Em 13 de abril, a confederação entrou na Justiça contra a agência parceira, exigindo a instalação de uma arbitragem para romper o acordo, alegando débitos de quase R$ 35 milhões, que não teriam sido pagos pela Sport Promotion.

Pedido de indenização

No pedido de recuperação judicial, a Equipe Sport atribui a deterioração de sua situação financeira ao rompimento do contrato com os clubes e a CBF. No documento, porém, a empresa alega que a rescisão teria ocorrido de forma ilegal.

Em 14 de abril do ano passado, foi instaurado um procedimento arbitral entre a Equipe Sport e a CBF, no Centro de Mediação e Arbitragem do Rio de Janeiro. A entidade máxima do futebol brasileiro e os clubes da Série A constam como requeridos no processo, ao passo que os da Série B aparecem como interessados.

No pedido de recuperação judicial, a Equipe Sport alega que, caso obtenha êxito na demanda, poderá receber R$ 280 milhões em indenização por conta do rompimento do contrato com os clubes do Brasileirão.

Pioneira no marketing esportivo

A história da empresa remonta a 1982, quando um de seus proprietários atuais, José Francisco Leal, fundou a Promoação, ao lado do locutor esportivo Luciano do Valle (falecido em 2014) e do empresário José Cocco, passando a promover eventos esportivos como o Mundialito de Vôlei, no Brasil.

No ano seguinte, Cocco deixaria a sociedade. Leal e Luciano do Valle fundaram, então, a Luqui, que formou consórcio com a Band, intensificando a promoção de eventos e culminando com a produção do programa Show do Esporte, exibido aos domingos.

A Equipe Sport em si foi fundada em 1991, por Leal em sociedade com João José Bastos. A dupla permanece à frente da empresa até os dias atuais. O contrato de publicidade estática da Sport Promotion com os clubes da Série A do Brasileirão foi firmado em 2019 e duraria até 2023.

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