Especial Ligas Europeias: Na Ligue 1, desafio é superar abismo entre PSG e demais clubes

Le Havre

Le Havre é um dos clubes promovidos para a Ligue 1 em 2023/2024 - Reprodução / Instagram (@hac_foot)

Um oceano de incertezas rodeado por um abismo financeiro que aparenta ser intransponível. Esta metáfora é a que melhor define, nos dias atuais, a Ligue 1, primeira divisão do futebol profissional francês. A temporada começou nesta sexta-feira (11), com o confronto entre Nice e Lille, que terminou empatado em 1 a 1.

A competição é tema da última reportagem especial da Máquina do Esporte sobre as cinco grandes ligas de futebol da Europa. Nas matérias anteriores, ficou evidente que a disparidade financeira é uma característica dessas competições. Na Ligue 1, porém, essa marca se acentua de maneira exponencial por conta do PSG.

Irrigado com a fortuna da família real do Catar, o clube de Paris conta atualmente com um poderio financeiro que o coloca muitos níveis acima de seus adversários. Para se ter uma ideia do tamanho do desfiladeiro que separa o PSG dos demais times franceses, basta observar os dados do relatório Deloitte Football Money League 2023, publicado no início deste ano e que analisou as receitas dos clubes mais ricos do planeta na temporada 2021/2022.

O estudo traz apenas um clube da Ligue 1 entre os dez mais bem-sucedidos financeiramente do mundo, justamente o PSG, que aparece em 5º lugar, com faturamento de € 654,2 milhões no período analisado. Se o leitor observar todas as posições abaixo, não deparará com mais nenhum time francês no ranking.

Considerando-se que o 30º colocado dessa lista obteve pouco mais de € 177 milhões em receitas e que não há nenhum outro clube do país na relação, não é exagero afirmar que, na atualidade, o PSG equivale a vários de seus adversários locais somados.

A folha salarial do PSG gira em torno de € 277 milhões ao ano. Já no Le Havre, clube da região da Normandia, recém-promovido da Ligue 2 (a segunda divisão do país) e que tem pouco mais de 90 mil seguidores no Instagram, os salários estão na casa dos € 6,1 milhões anuais.

Ainda que a comparação fosse entre o PSG e equipes mais tradicionais (e que já tiveram seus dias de glórias no Campeonato Francês), a luta continua muito desigual. Se somarmos, por exemplo, os salários dos elencos de Olympique de Marselha, Lyon, Lille e Nice, faltariam ainda € 84 milhões para o quarteto ao menos igualar a folha do clube parisiense.

Não por acaso, o PSG venceu nove das últimas 11 edições da Ligue 1. Antes da chegada dos fartos recursos do Catar, a equipe de Paris havia conquistado apenas duas vezes o Campeonato Francês, em 1985/1986 e 1993/1994.

Fundado em 1970, o PSG foi comprado em 2011 pela Qatar Sports Investments (QSI), empresa de capital fechado que é subsidiária da Autoridade de Investimento do Catar (QIA, na sigla em inglês).  

Direitos de transmissão

É fato que, nos dias que correm, o PSG, que já perdeu Lionel Messi para o futebol dos Estados Unidos, vê-se em meio a rumores envolvendo a possível saída de seus dois outros astros, Kylian Mbappé e Neymar.

O cenário de imensa incerteza afeta não apenas o clube especificamente, mas a própria competição, que viu sua projeção internacional crescer de maneira significativa nos últimos anos, graças à chegada de craques de prestígio ao PSG.

As dúvidas da Ligue 1 pairam também em torno de seus direitos de transmissão. O acordo atualmente em vigor foi firmado em 2020, com PrimeCanal+ e Free. No mês que vem, deverá ser realizada uma nova licitação, que será válida pelo período de 2024 a 2028.

O grande entrave nessa história consiste na postura adotada pelo Canal+, que resolveu endurecer o jogo e ameaçar deixar a mesa de negociação.

Principal parceiro de mídia da Ligue 1, o Canal+ paga € 332 milhões ao ano pelo direito de exibir dois jogos diários da primeira divisão francesa, que são transmitidos em seus canais subsidiários.

A simples ausência do Canal+ nas negociações faz com que a margem de manobra da Liga Francesa de Futebol Profissional (LFP) fique reduzida, assim como suas chances de obter maiores valores pela comercialização dos direitos de transmissão.

Vale lembrar que, no ano passado, os clubes firmaram um acordo de € 1,5 bilhão com a CVC Capital Partners, que garante ao fundo de investimentos 13% de participação sobre os direitos comerciais do Campeonato Francês.

Investidores

Alguns clubes da Ligue 1 receberam investimentos milionários de grandes grupos que investem no esporte. O caso mais lembrado é o do PSG, mas existem outros, como o do Lille, que hoje é propriedade da Ineos, do bilionário britânico Jim Ratcliffe, homem mais rico do Reino Unido.

O Lyon também se enquadra nessa situação. No ano passado, o clube foi vendido para a Eagle Football Holdings, de John Textor, empresa que é dona da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, no Brasil. A compra da equipe francesa custou cerca de € 800 milhões.

Nos casos de PSG e Lille, seus proprietários acabaram por garantir também o espaço mais privilegiado nas camisas de jogos. Na do time de Paris, o patrocínio máster é da Qatar Airways, ao passo que a frente do uniforme da equipe do norte da França é dominada pela logomarca da Ineos.

No Lyon, o patrocínio máster é da Emirates. O clube também possui um contrato relevante com o conglomerado financeiro Groupama, que detém os naming rights de seu estádio.

Outras equipes que exploram a venda dos direitos de nome de arena são o Olympique de Marselha, com a Orange, e o Nice, que é parceiro da seguradora alemã Allianz.

Materiais esportivos

De um modo geral, pode-se notar uma grande fragmentação de marcas de materiais esportivos na Ligue 1. A alemã Adidas veste Brest, Lyon e Strasbourg., enquanto a norte-americana Nike é parceira de Montpellier e PSG.

A italiana Kappa fornece uniformes para Metz e Monaco. A alemã Puma, por sua vez, possui contratos com Lens, Olympique de Marselha e Rennes. E a Umbro está presente em Lorient e Reims.

Há ainda casos de empresas que contam com apenas um clube cada, como New Balance (Lille), Macron (Nantes), Uhlsport (Clermont), Craft Sportswear (Toulouse), Joma (Le Havre) e Le Coq Sportif (Nice).

Quais são os patrocinadores da temporada 2023/2024 da Ligue 1?

A Ligue 1 adotou oficialmente esse nome em 2002. Antes era chamada de Division 1. Seu principal patrocinador na atualidade é o Uber Eats, que detém os namings rights da competição.

Os demais patrocinadores e parceiros do campeonato são: Point.p, Kipsta (bola oficial), Betclic, Capifrance, La Poste e Oris (cronômetro oficial).

Quais são os patrocinadores e parceiros dos clubes da Ligue 1 2023/2024?

Esta é a lista completa dos patrocinadores dos 18 clubes que disputam a temporada 2023/2024 da Ligue 1, a primeira divisão do Campeonato Francês:

Brest 

Principais: Adidas (material esportivo), Queguiner Materiaux, Sill, Le Saint e Arkea 

Outros: Kerma Sport, J.Bervas Automobiles, Leclerc e Brest Métropole & Ville  

Clermont 

Principais: Uhlsport (material esportivo), Staffmatch e Pigeon & Fils

Outros: Crédit Mutuel, Systemes Solaires, Radio Scoop, La Région, Puy de Dome, Cille de Clermont Ferrand e Clermont Auvergne Métropole  

Lens  

Principais: Puma (material esportivo), Auchan e Winamax  

Outros: Veolia, Aésio Mutuelle, McDonald’s, Randstad, Groupe Lempereur, Aushopping Noyelles, Nexans, Pas de Calais, Boulanger, Dupont Restauration, Azurial, 123 Pare-Brise Waigéo, Assifep, Brico Dépôt, Izac, Artemis, Kyrielys, Free, Credit Agricole e BOA Mobilier  

Le Havre 

Principais: Joma (material esportivo) e Siemens Gamesa 

Outros: Le Havre Seine Métropole, Comuna de Le Havre, Région Normandie, Departamento de Seine-Maritime, Sol’s, SIM Agences d’emploi, Ultimate Champions, Glass Express, Parmentier, Apen, CMA CMG, Samsic, Paris-Normandie, Transdev, Groupe BMS e Vinci  

Lille 

Principais: New Balance (material esportivo) e Boulanger (máster) 

Outros: Aushopping, Teddy Smith, Winamax, Blåkläder, Essalmi, Rika, Actual, Crédit Mutuel, Izac, McDonald’s, Brasseurs, Intersport, Ville de Lille, MEL Métropole, Nord e 1xBet  

Lorient 

Principais: Umbro (material esportivo), Jean Floch e Acadomia

Outros: Actual, B&B Hotels, Crédit Mutuel, Breizh Cola, Karr Green e MA Piéces Autos  

Lyon 

Principais: Adidas (material esportivo), Emirates (máster) e Groupama (naming rights do estádio) 

Outros: MG, Alila, Staffmatch, Orange e Sorare  

Olympique de Marselha 

Principais: Puma (material esportivo), CMA CMG (máster) e Orange (naming rights do estádio) 

Outros: Boulanger, Caisse D’Epargne, D&P, Parions Sport, Randstad, Coca-Cola, EA Sports FC, Intersport, Onet, Sorare e Uber Eats  

Metz 

Principais: Kappa (material esportivo) e Leclerc Moselle

Outros: Rega, Malezieux, LCR, Eurométropole Metz, Axia Intérim, Car Anevue, Technitoit, Conseil Général de Moselle e Nacon  

Monaco 

Principais: Kappa (material esportivo), VBet, Fedcom, Triangle Intérim e Bang & Olufsen 

Outros: Rarecubes, Catawiki, TGI, Purnell, UFL, Cupra, Zumub, Socios.com e Casino Secret  

Montpellier  

Principais: Nike (material esportivo), Loxam e Proman

Outros: Partouchesport, Montpellier Métropole, Région Occitanie, Sud de France L’Occitanie, Groupe Nicollin, Super U e Faun  

Nantes 

Principais: Macron (material esportivo) e Synergie  

Outros: Groupe AFD, Proginov, LNA Santé, Préservation du Patrimoine, Group Millet, Anvolia, Crédit Mutuel, ZEbet, Leclerc Pôle Sud e Nantes Métropole  

Nice 

Principais: Le Coq Sportif (material esportivo), Ineos (dona do time e patrocinadora máster) e Allianz (naming rights do estádio) 

Outros: VBet, Crédit Agricole, Groupe Nice-Matin, Ville de Nice, Métropole Nice Côte D’Azur e Département des Alpes Maritimes  

PSG  

Principais: Nike (material esportivo), Qatar Airways (máster) e Goat (manga de camisa)  

Outros: Visit Qatar, ALL, QNB, Visit Rwanda, Ooredoo, Orange, Bein Sports, EA Sports FC, Aspetar e Yassir  

Reims 

Principais: Umbro (material esportivo) e Maisons France Confort

Outros: Hexaôm, Crédit Agricole, Eva Air, Ebury, Winamax, Caillot, Triangle Intérim, Würth Modify, Comuna de Reims, Grande Reims, Kia, Charvet Digital Media e OMP  

Rennes 

Principais: Puma (material esportivo) e Samsic

Outros: Del Arte, Launay, Blot, Group Rose, BWT, Lojas U, Mercedes-Benz Etoile 35, Crédit Mutuel de Bretagne, Ville de Rennes e ELA  

Strasbourg 

Principais: Adidas (material esportivo), ES e Winamax  

Outros: La Région Grand Est, Comuna de Estrasburgo e Conselho da Alsácia  

Toulouse 

Principais: Craft Sportswear (material esportivo), LP Promotion e Newerest

Outros: GLS, Hyunday Toulouse, Sud de France L’Occitanie, Banque Populaire Occitane, Vissionaire, Bizness, La Dépêche, Serge Blanco, Mairie de Toulouse, Haute Garonne, La Région L’Occitanie, Burger King, Free e Tutti Pizza  

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