Em liquidação judicial, a 777 Partners, antiga controladora do Vasco, teve seus clubes e bens colocados à venda como forma de arrecadar dinheiro para pagamento de credores. Segundo o site norueguês Josimar Football, a A-CAP, empresa sediada em Nova York (EUA) e principal financiadora da 777, pediu ao banco Moelis & Co. para examinar a viabilidade de vender todos os clubes da investidora, que deixou de existir como empresa em atividade, além de uma lista de bens que inclui um iate e um jatinho.
A 777 chegou a deter parte ou o todo de Vasco, Standard Liège (Bélgica), Genoa (Itália), Red Star (França), Hertha Berlin (Alemanha), Sevilla (Espanha) e Melbourne Victory (Austrália). Agora, a empresa americana também busca investidores dispostos a comprar a participação da 777 nessas equipes, entre elas o clube brasileiro.
A bancarrota acontece menos de um ano depois de Josh Wander, dono da 777, ter se gabado dos negócios da investidora de private equity no esporte.
“Existe alguém no mundo que tenha levado mais a sério a compra de clubes de futebol na história do que Josh Wander?”, questionou o executivo, à ocasião.
Despejo
Nas últimas semanas, a 777 foi despejada dos escritórios em Miami (Flórida) e Newport Beach (Califórnia) por falta de pagamento do aluguel. No Reino Unido, recebeu ordem de liquidação de sua filial e perdeu o controle sobre o London Lions, time de basquete que havia sido uma de suas últimas aquisições antes de se envolver em uma crise financeira. A equipe de basquete quase foi obrigada a fechar as portas.
A 777 Asset Management, da qual Pasko era o diretor, nomeou um liquidante voluntário no Reino Unido. Outra subsidiária, a Efoa, entrou com pedido de falência nos Estados Unidos. Não bastasse isso, a Bonza, companhia aérea de baixo custo (low cost), está sendo liquidada na Austrália.
Um relatório da Hall Chadwick, liquidatária da empresa aérea, afirma que um ou mais diretores da Bonza “podem ter violado seus deveres” ao permitir que a empresa negociasse enquanto insolvente e “podem ser responsabilizados por dívidas contraídas”.
Demandas sobre essas negociações no período de insolvência foram emitidas em julho contra os quatro diretores da empresa, incluindo Adam Weiss, chefe de aviação da 777.
E o Vasco?
Desde o início do ano, o clube carioca está entre os ativos que a 777 não conseguia mais controlar. O clube conseguiu na Justiça impedir que a empresa seguisse no comando da SAF vascaína. Porém, como já havia investido na aquisição de parte do Vasco, a empresa continua a deter uma participação sobre a SAF.
Desde que o presidente Pedrinho conseguiu retomar o controle sobre a sociedade anônima vascaína, clube e empresa procuram um investidor para assumir a porcentagem a que a 777 tem direito. Até o momento, porém, não houve negócio. Com a decisão da Justiça americana, um novo comprador pode aparecer, sem necessariamente ter qualquer relação com o futebol.
O clube, porém, se apoia no acordo feito com a A-Cap para que, juntos, os dois lados decidam quem será o novo investidor. Isso poderia impedir a venda forçada pela Justiça americana. O que pode acabar gerando nova batalha jurídica. Até o momento, porém, a possibilidade é considerada remota dentro do próprio Vasco.
Iate e jatinho
Entre os ativos à venda está um luxuoso iate de 67 pés, fabricado pela Azimut e batizado de 777. O barco possui quatro cabines, lancha e deck para banhos de sol, com velocidade máxima de 30 nós (cerca de 55 km/h). A embarcação, que era de propriedade de Steven Pasko, um dos fundadores da 777, vale US$ 1,875 milhão. O empresário postava fotos no iate regularmente em seu perfil no Instagram, até torná-lo privado.
Segundo o site norueguês, o jato particular, modelo Bombardier Global 6000, que os executivos utilizavam para deslocamentos pelo mundo, também está à venda. Avaliada em US$ 20 milhões, a aeronave possui motores Rolls Royce, interior luxuoso e capacidade para 13 passageiros.
Nominalmente de propriedade de uma empresa chamada Triplet Global LLC, subsidiária da 777, não está claro na documentação da empresa quem realmente é o proprietário da aeronave e que, portanto, ficaria com o dinheiro de sua venda.
O primeiro credor da lista parece ser a Hudson Cove Capital Management, que tenta recuperar o dinheiro investido na empresa, após ficar à beira da falência.