Os investidores da Life Capital Partners (LCP) e da Serengeti Asset Management, em conjunto com os clubes da Liga Forte Futebol (LFF) e o bloco independente das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), concluíram um acordo, com fechamento previsto para este mês, pelo qual pagarão R$ 2,6 bilhões por 20% dos direitos comerciais (marketing e mídia) gerados pelos clubes no Brasileirão no período de 50 anos, a começar por 2025.
“Esse acordo representa mais um passo significativo rumo à transformação do futebol brasileiro e do Campeonato Brasileiro em uma das ligas mais competitivas e emocionantes do mundo”, destacou Joseph LaNasa, conhecido como Jody, fundador e CEO da Serengeti Asset Management.
“Nossos investimentos ajudarão a melhorar nossos clubes parceiros e trazer grande alegria aos seus fãs”, acrescentou o executivo.
SAFs e LFF
O grupo das SAFs é chamado por muitos pelo nome de Grupo União, nome rejeitado pelos clubes. Integram esse bloco: Botafogo, Coritiba, Cruzeiro e Vasco.
“Demos mais um passo importante. O movimento é significativo porque podemos debater os melhores mecanismos de governança de compliance, o fair play financeiro, qualidade dos gramados, logística… O futebol brasileiro inicia um movimento fundamental de crescimento financeiro institucional, que passará também pela gestão e a criação de uma liga”, afirmou Gabriel Lima, CEO do Cruzeiro.
Já a LFF conta com a participação de América-MG, Athletico-PR, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Vasco, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Criciúma, Juventude, Londrina, Sport, Tombense e Vila Nova.
“Consideramos um passo muito importante termos um bloco comercial unido, com bases sólidas, os mesmos objetivos, já congregando a maioria dos clubes”, analisou Mário Bittencourt, presidente do Fluminense.
“A partir daí, eu acredito que possa haver uma nova rodada de diálogo para tentar juntar todos os clubes das Séries A e B em um só grupo para formarmos a tão sonhada liga de clubes”, completou o dirigente.
Distanciamento
Apesar do otimismo do mandatário tricolor, o fato é que nunca houve tanta desunião no futebol brasileiro. Apesar de integrar o mesmo bloco que a LFF na venda dos direitos comerciais, os times geridos pelas SAFs sempre deixaram claro que se mantêm independentes na disputa entre a LFF e a Liga do Futebol Brasileiro (Libra).
Ou seja, na prática, há uma divisão de três blocos de times, com duas investidoras diferentes, já que a Libra negociou seus direitos comerciais com a Mubadala Capital, investidora dos Emirados Árabes Unidos.
Na última sexta-feira (29), o clima beligerante entre os clubes atingiu outro patamar depois que os times integrantes da Libra se posicionaram publicamente para rechaçar o fundo de investimentos lançado pela LCP em conjunto com a XP para levantar R$ 800 milhões no mercado para a compra dos direitos comerciais do bloco formado pela LFF e o grupo das SAFs.
Os times da Libra reclamaram sobre o uso de seus escudos no material de divulgação da iniciativa da LCP e da XP. Houve, inclusive, reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Mesmo assim, Carlos Gamboa, fundador e membro do Conselho da LCP, mostrou otimismo diante do imbróglio formado.
“Esperamos que a gente possa avançar também aqui no Brasil, onde temos uma história futebolística das mais belas do mundo. Temos muitos bons estádios, temos grandes marcas e principalmente o talento dos jogadores brasileiros”, destacou o executivo.
“Então, o projeto dos clubes alinhados no bloco comercial e com suporte dos investidores é um passo fundamental para o futebol brasileiro. E acreditamos que, na sequência, ainda será possível alcançar o grande objetivo que é a liga unificada”, finalizou.