Ministro saudita rebate acusações de “sportswashing” e defende Copa do Mundo no país

Príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal

Príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal participa de evento realizado na Arábia Saudita - Reprodução / Instagram (@abdulaziztf)

Em meio à polêmica criada em torno da possibilidade da Arábia Saudita sediar a Copa do Mundo de 2034, o ministro dos esportes do país, o príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal, resolveu vir a público defender a candidatura da nação do Oriente Médio para receber o evento da Federação Internacional de Futebol (Fifa).

Em entrevista concedida nesta semana à emissora britânica BBC, Faisal defendeu o direito do reino de receber o Mundial. Ele também rebateu as acusações de que sua nação praticaria “sportswashing”, termo em inglês equivalente a “lavagem esportiva”, utilizado para se referir a nações ou organizações que utilizam o esporte supostamente como forma de melhorar sua reputação e desviar a atenção de práticas escusas ou que atentam contra a dignidade humana.

A Arábia Saudita é fortemente criticada internacionalmente, especialmente nos países do Ocidente, por conta de violações de direitos humanos praticadas pelo governo, especialmente contra mulheres, pessoas LGBTQIA+, minorias religiosas e dissidentes políticos.

Na entrevista, Faisal alegou que as denúncias de “sportswashing” feitas contra a Arábia Saudita seriam muito superficiais. De acordo com o ministro, os investimentos vultuosos realizados na área esportiva não buscam melhorar a reputação do país perante a opinião pública internacional, mas impulsionar e diversificar a economia da nação árabe.

“Na nossa população, 20 milhões de pessoas têm menos de 30 anos. Então, precisamos engajá-las. Estamos desempenhando nosso papel para desenvolver o esporte no mundo e fazer parte da comunidade internacional”, argumentou Faisal.

Direitos humanos

Na visão do ministro, a Arábia Saudita seria uma escolha adequada para receber a principal competição de futebol do planeta.

“Mostramos isso. Sediamos mais de 85 eventos globais e entregamos no mais alto nível. Queremos atrair o mundo por meio do esporte. Espero que, em 2034, as pessoas tenham uma Copa do Mundo extraordinária”, disse.

As diretrizes da Fifa preconizam que os países que se candidatam a sediar o torneio devem se comprometer a respeitar os direitos humanos. Isso não impediu, porém, que o Catar fosse escolhido para receber a última Copa do Mundo, em 2022, mesmo com o país sendo alvo de acusações graves, similares às que pesam contra a Arábia Saudita.

Questionado a esse respeito, Faisal afirmou que “qualquer país tem espaço para melhorar, pois ninguém é perfeito”.

“Reconhecemos isso, e esses eventos nos ajudam a reformar para um futuro melhor para todos. Todos são bem-vindos no reino. Como qualquer outra nação, temos regras e regulamentos que todos devem respeitar. Quando chegamos ao Reino Unido (local da entrevista), respeitamos as regras e regulamentos, quer acreditemos neles ou não. Nos 85 eventos que tivemos até agora, não tivemos nenhum problema”, afirmou o ministro.

Copa no meio do ano?

Faisal ainda comentou sobre a época do ano em que a Copa do Mundo poderia ser realizada em território saudita. Em 2022, como forma de amenizar os efeitos do calor no Catar, o período escolhido foi entre novembro e dezembro, que coincide com o fim do outono e o início do inverno no Hemisfério Norte. Na entrevista, o ministro deu a entender que seu país estuda meios de manter a competição entre junho e julho, como tradicionalmente tem ocorrido desde o primeiro Mundial.

“Por que não ver quais são as possibilidades de fazer isso no verão? Se é verão ou inverno, não importa para nós, desde que nos certifiquemos de que [entregaremos] a atmosfera certa para sediar um evento como esse”, disse ele.

Perguntado sobre as medidas que serão adotadas pela Arábia Saudita com o intuito de coibir violações de direitos trabalhistas como as que foram denunciadas durante as obras da Copa do Mundo do Catar, Faisal disse que o problema não se repetirá.

“Temos dez anos para trabalhar nisso. Já começamos em muitos locais, então temos como fazer no tempo certo, no processo certo. Já estamos desenvolvendo infraestrutura e não somos obrigados a construir muito mais para sediar um evento como esse”, enfatizou.

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