A confecção de uma camisa do Palmeiras “limpa”, com apenas um patrocinador máster, é o sonho do diretor de marketing do clube, Everaldo Coelho. Em entrevista à Máquina do Esporte, o executivo disse que esse é um dos objetivos para 2025, após chegar ao fim o atual contrato com Crefisa e FAM, que podem deixar a camisa do clube após nove anos de parceria, no final deste ano.
“Particularmente, gostaria que fosse apenas uma marca, que a gente conseguisse deixar a camisa limpa. Mas aí é preço e valor”, afirmou o executivo.
“Mas é óbvio que, como marketing, não rasgamos dinheiro. Se tiver que aumentar a participação, vou aumentar. Mas meu sonho é conseguir um parceiro que entenda o tamanho do Palmeiras. Ficaria uma camisa muito bonita, com uma nova era iniciando, se não for a Crefisa”, acrescentou.
Defasagem
O atual contrato com as marcas ligadas à presidente do clube, Leila Pereira, conta com exposição de todas as propriedades para Crefisa e FAM por R$ 81 milhões por temporada.
O valor era significativo anos atrás, mas é visto pela torcida, hoje, como defasado, já que houve um inflacionamento do mercado, principalmente nas duas últimas temporadas, provocado pelas empresas de apostas.
Atualmente, o Corinthians ganha da VaideBet quase 50% a mais (R$ 120 milhões) apenas pelo espaço máster do uniforme. Já o Flamengo votará na próxima quinta-feira (23) uma proposta da Pixbet para aumentar o valor para a mesma propriedade na camisa de jogo para R$ 105 milhões em 2024.
“Neste momento, a presidente [Leila Pereira] me autorizou a ouvir o mercado. A Crefisa e a FAM podem cobrir a proposta? Podem. Tenho recebido diversas propostas [de empresas] brasileiras e internacionais, de bets [apostas] e de outras empresas”
Everaldo Coelho, diretor de marketing do Palmeiras
“Ainda não estamos na fase de discutir valor. Não pretendo fazer leilão. Por isso, estou falando para que voltem para suas empresas, estudem o mercado e o que estamos fazendo em termos de inovação para 20 milhões de torcedores e precifiquem isso”, acrescentou.
Nova Era
Para Coelho, a ideia é que o Palmeiras assine um acordo de longo prazo, como o clube já teve em outras épocas com empresas como Parmalat, que ficou no clube entre 1992 e 2000, e a própria Crefisa, que é parceira há nove anos.
“As marcas sempre ficam muito tempo com o Palmeiras, como foi a Era Parmalat e a Era Crefisa”, lembrou o executivo.
“O Palmeiras é o maior campeão do Brasil, vai disputar em 2025 um Mundial [de Clubes da Fifa] para bilhões de torcedores no mundo, tem uma gestão profissional que garante uma performance vitoriosa ao longo do tempo. Tudo isso é uma precificação do que a gente imagina”, completou.
Segundo Coelho, o novo patrocínio só deve ser divulgado no final do ano, mas a tempo de confeccionar a camisa para a próxima temporada.
“Não estou com pressa de fazer [o anúncio do novo patrocinador máster]. Quero fechar o melhor negócio”, resumiu.
Material esportivo
Embora ainda não tenha confirmado oficialmente, o Palmeiras deve assinar uma renovação de contrato com a Puma para o fornecimento de material esportivo. A atual parceira enfrentou concorrência forte da Adidas, mas deve vencer a disputa.
“Material esportivo está em fase de renova…, de assinatura de contrato. Foi um contrato muito vantajoso. Ampliamos bastante a participação”, afirmou Coelho, praticamente entregando que a Puma será mantida como fornecedora.
Em seguida, adotou novamente um ar de mistério.
“Não posso antecipar porque o contrato ainda não está assinado. A assinatura vai ser feita nos próximos dias. Imagino que, em breve, vamos anunciar com uma ativação específica. Deve ser nas próximas semanas”, revelou
O executivo ainda destacou que houve um aumento significativo de valor em relação ao contrato atual com a Puma.
“Tivemos uma boa valorização na parte fixa. Não posso falar em números por questão de confidencialidade do contrato. Mas foi extremamente vantajoso”, salientou.
Palmeiras Pay
Outro setor que tem rendido boa arrecadação ao Verdão é o Palmeiras Pay, banco digital do clube, lançado no início de 2023.
Algumas iniciativas geraram novos negócios ao ecossistema do próprio clube, como a concessão de seis meses de isenção no programa de sócio-torcedor do Palmeiras para o cliente que ativasse o cartão de crédito com a bandeira do Palmeiras. Hoje, o Avanti é o maior programa de sócio-torcedor do Brasil, com mais de 180 mil associados.
“Lançamos o Palmeiras Pay para atingir o palmeirense que não está na região de São Paulo. Queríamos ter uma fintech que pudesse proporcionar uma conta digital do Palmeiras. Com isso, começamos a ter uma relação com um grande número de palmeirenses que não tínhamos”, contou Coelho.
Recentemente, o Palmeiras Pay já superou a marca de 600 mil correntistas. Segundo o executivo, há clientes do banco digital em 94% dos municípios brasileiros.
“A maioria [dos correntistas] é de fora de São Paulo. Nós fizemos uma campanha, e a cidade que mais abriu contas foi Alagoinhas, na Bahia”, revelou o diretor de marketing.
Para ele, a força do Palmeiras Pay é mais um atrativo para que as empresas se interessem em firmar parcerias comerciais com o clube.
“Estamos cada vez mais trazendo produtos e serviços para dentro da plataforma digital, como Zé Delivery e FAM. A empresa vê que pode colocar seu produto lá. Então, vou ampliando os produtos e serviços que fazem sentido ao palmeirense”, finalizou.