A Parimatch chegou ao Botafogo em janeiro de 2023, em um contrato de dois anos de duração e que foi anunciado, à época, como o maior patrocínio máster da história do clube, com um valor global de R$ 55 milhões.
A plataforma de apostas esportivas estampou sua logomarca no espaço principal do uniforme da equipe alvinegra, naquele que pode ser descrito como o período mais vitorioso do time da Estrela Solitária nas últimas três décadas.
Em 2024, tendo a Parimatch como patrocinadora máster, o Glorioso conquistou sua primeira Copa Libertadores e sua terceira Série A do Campeonato Brasileiro (depois de um jejum que já durava 29 anos).
Agora, porém, após tantas juras de amor trocadas em público, o Botafogo e a casa de apostas não estão mais dando match, e o contrato de patrocínio não será renovado.
As operações da Parimatch, controladas globalmente pela Growe, acabam de ser vendidas no Brasil. O anúncio oficial foi feito na última terça-feira (10).
Quem assumirá o negócio é a VBet, que migrará os clientes da Parimatch para sua plataforma. Os caminhos desse acordo, porém, são bem mais longos do que foi anunciado no comunicado à imprensa.
Procuradas, tanto a assessoria de comunicação do Botafogo quanto a da VBet limitaram-se a afirmar que o contrato atual ficará em vigor até 31 de dezembro deste ano.
A Máquina do Esporte apurou, com fontes ligadas ao clube, que a Parimatch deixará de fato o Botafogo. Em seu lugar deverá entrar outra empresa de apostas, ainda em reta final de negociação.
Na rodada do último fim de semana do Brasileirão, quando o Botafogo garantiu o título, a Parimatch publicou um vídeo em tom de despedida, com a seguinte legenda: “Uma parceria de dois anos que chega à sua reta final. ‘Perfect Match’, ou como a gente gosta de falar nas arquibancadas, ‘A União Perfeita’. A Parimatch hoje estampa no uniforme do Glorioso a marca do nosso agradecimento. E vamos para mais uma batalha pela frente neste domingo, em busca de mais uma conquista! Obrigado, Botafogo!”.
Em entrevista ao canal do YouTube Opinião Fogo Play, o CEO da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, Thairo Arruda, admitiu que o clube já estaria negociando com outras marcas, que poderiam assumir o patrocínio máster da equipe.
“Para o ano que vem, obviamente, a gente está em conversas com várias empresas, obviamente casas de apostas, que é onde está a maior atratividade hoje em dia para os clubes. A gente tem conversado bastante, eu me envolvido pessoalmente junto com o diretor comercial do clube, o Rafael Ganem, e espero ter alguma coisa para anunciar até o fim do ano, para começar já 2025 com uma nova parceria”, declarou o dirigente.
Ainda não está claro se, com a compra pela VBet e a migração dos clientes, a Parimatch seguirá operando no país ou se a plataforma deixará de existir.
Mudança de comando
Globalmente, a Parimatch é controlada por uma empresa chamada Growe, cuja sede está localizada em Varsóvia, capital da Polônia. Em seu site, a empresa declara apoio à Ucrânia, que atualmente enfrenta uma guerra contra a Rússia, que já dura cerca de dois anos.
A partir deste mês, as operações da Parimatch no Brasil foram vendidas para a VBet. As duas plataformas de apostas esportivas conseguiram autorização do Ministério da Fazenda para operar no Brasil.
A outorga da Parimatch foi obtida pela Amplexus Corporation Ltda.. Informações obtidas pela Máquina do Esporte na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) mostram que a empresa está situada no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista.
Ela foi constituída em abril deste ano, com capital inicial proveniente da Bailamia Investimentos e Participacões Ltda., empresa que tem como sócia principal a Bailamia Investments Ltd., com sede em Limassol, no Chipre.
Nessa cidade, aliás, reside o CEO da Growe, Anton Rublevskiy, de acordo com informações que ele próprio compartilha no LinkedIn.
Em 16 de julho deste ano, a Bailamia brasileira, que tinha um capital declarado de “apenas” R$ 10 mil, recebeu um aporte, com seu patrimônio saltando para R$ 37 milhões.
Em 24 de outubro deste ano, a participação da Bailamia brasileira na Amplexus passou para R$ 35 milhões.
Esse valor, por coincidência, é o mesmo que o Governo Federal cobra pela taxa de outorga para empresas de apostas interessadas em operar no Brasil.
Endereços iguais e mesmo sócio
À época, a Amplexus também alterou seu estatuto, incluindo no objeto social a exploração de apostas de quota fixa.
Já a autorização da VBet para operar no mercado brasileiro foi solicitada pela SC Operating Brazil Ltda., que, por sinal, está localizada no mesmo endereço da Amplexus, na Mooca.
Constituída em fevereiro deste ano, com o nome de SHLFCOF Ltda. e capital de “apenas” R$ 100, ela registrou um aumento de patrimônio declarado em agosto, que passou a R$ 35 milhões.
Foi a partir de então que a empresa adotou a denominação SC Operating, mudou sua sede para a Mooca e alterou sua atividade econômica para “exploração de jogos de azar e apostas não especificados anteriormente”.
Além do endereço, SC Operating e Amplexus têm em comum o sócio Everardo Wilson Pontes de Oliveira, que ingressou na primeira em 7 de agosto deste ano, enquanto na segunda havia entrado em abril. Ele é proprietário de uma empresa denominada Kreston Partnership, que funciona no mesmo local onde estão registradas as duas casas de apostas.
A Máquina do Esporte tentou contato com o empresário, mas não obteve retorno. A VBet também foi procurada, mas, até o fechamento desta matéria, não havia respondido aos questionamentos enviados pela reportagem.