O São Paulo encerrou o primeiro semestre de 2025 com redução de 16,7% em seu endividamento bancário em relação ao final de 2024, segundo o relatório gerencial do FIDC SPFC.
O passivo oneroso caiu de R$ 259,2 milhões em dezembro de 2024 para R$ 215,8 milhões em maio de 2025. A queda ocorre em meio à estratégia de reestruturação financeira adotada pelo clube desde a constituição do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), em outubro de 2024.
Apesar de ter tido déficit nos dois primeiros trimestres do ano e não ter cumprido o limite de despesas com futebol, o Tricolor Paulista apresentou melhora em alguns indicadores. O prejuízo acumulado nos dois primeiros trimestres de 2025 foi de R$ 31,8 milhões, resultado inferior ao déficit de R$ 287 milhões registrado em 2024.
A expectativa da diretoria, apesar dos números até o momento, é encerrar 2025 com resultado positivo, apoiado por medidas de austeridade financeira e geração de receitas não recorrentes (venda de atletas), novos contratos comerciais e racionalização de despesas operacionais.
Fundo
O FIDC SPFC foi estruturado pelas gestoras Outfield Ventures e Galapagos Capital, com patrimônio líquido de R$ 400 milhões. Desse total, R$ 240 milhões correspondem à cota sênior, voltada a investidores do mercado de capitais, com custo de capital de CDI + 5% para o clube.
O fundo tem como objetivo antecipar receitas e permitir ao clube maior previsibilidade de caixa. Até setembro de 2025, R$ 135 milhões foram integralizados e utilizados para compromissos operacionais e amortização de dívidas. Cerca de R$ 39 milhões já foram devolvidos aos investidores da cota sênior.
A cota subordinada é integralmente do São Paulo, que participa com 40% dos recebíveis descontados. Entre os contratos antecipados estão acordos com Viva Sorte, Superbet, Ademicon e Globo, além de mensalidades do clube social.
Após a rescisão com a Viva Sorte em abril, o clube substituiu o contrato por parcelas futuras da Superbet como garantia.
Dívidas
Além do fundo, o São Paulo fez um empréstimo com o Banco Daycoval no valor de R$ 50,6 milhões, a uma taxa de CDI + 6,74% ao ano. A operação foi aprovada pelo comitê de crédito do FIDC e não configurou quebra do contrato do fundo.
O clube não conseguiu cumprir duas das principais cláusulas do fundo no primeiro semestre de 2025: limite de despesas com futebol e superávit nos trimestres.
As despesas com o futebol profissional ficaram 29,27% acima do limite no primeiro trimestre e 26,03% acima no primeiro semestre. O resultado financeiro foi negativo em R$ 23,1 milhões no primeiro trimestre e R$ 10,5 milhões no segundo.
Apesar do desenquadramento, o São Paulo registrou redução de 37% nas despesas com aquisição de atletas, incluindo aí luvas, bônus e comissões, em relação ao mesmo período de 2024.
O clube também obteve R$ 107,2 milhões em receitas com vendas de jogadores, valor 2,4 vezes superior ao previsto no orçamento.
Rombo
Em 2024, o São Paulo registrou despesas totais com o departamento de futebol profissional de R$ 625,4 milhões, segundo o balanço financeiro divulgado pelo clube.
O valor superou em R$ 82,5 milhões a projeção orçamentária inicial, que era de R$ 542,9 milhões. O aumento foi atribuído a contratações e outros custos operacionais, em um ano marcado pela baixa arrecadação com venda de atletas.
