Sem títulos em campo, Corinthians fecha o ano com mais de R$ 950 milhões em faturamento

Atualmente, todas as propriedades da frente e das costas do uniforme do Corinthians estão ocupadas - Lucas Uebel / Grêmio

Sem nenhuma conquista dentro de campo com o time profissional masculino na gestão de Duilio Monteiro Alves, o Corinthians finalizará o ano de 2023 com um faturamento superior a R$ 950 milhões, número 15,6% superior à previsão inicial da diretoria, que era de R$ 822 milhões.

Às vésperas da eleição que elegerá o sucessor de Duilio, o Timão voltou a ostentar o segundo uniforme mais valorizado do país, atrás apenas do Flamengo, com faturamento de R$ 123 milhões por ano e 11 propriedades negociadas. O pleito será no próximo sábado (25), quando os associados do Corinthians escolherão entre André Negão, candidato da situação, e Augusto Melo, da oposição.

O time masculino não conquistou nenhum título em 2023 para ajudar as vendas do departamento comercial e de marketing. O Corinthians foi eliminado pelo Ituano logo nas quartas de final do Paulistão. Na Copa do Brasil, caiu diante do São Paulo, que ficaria com o título, na semifinal. Já na Copa Sul-Americana, acabou derrotado pelo Fortaleza também na semifinal (os cearenses seriam vice-campeões). No Brasileirão, ocupa a 11ª posição, com 44 pontos, e, embora não esteja ameaçado pelo rebaixamento, está distante da briga pelo troféu.

“Antes de buscador de títulos, o Corinthians é um clube muito forte gerador de audiência. Tanto quando tem resultados expressivos como quando vive às vezes suas crises fora e dentro de campo. Independentemente do Corinthians estar vencendo títulos ou não, o Corinthians é uma plataforma geradora de audiência muito forte”, afirmou Sandor Romanelli, superintendente comercial do Corinthians, em entrevista à Máquina do Esporte.

Tal força fez com que os 11 espaços comerciais do uniforme do clube tenham sido vendidos nesta temporada. Atualmente, contam com exposição no equipamento de jogo as seguintes empresas: Neo Química (patrocínio máster), Nike (fornecedora de material esportivo), Tele Sena (barra frontal), Bmg (mangas), Pixbet (clavícula e costas superior), Ale (esterno), Spani Atacadista (barra traseira), Unicesumar (calção frontal), Grupo Lukma Electric (calção traseiro) e Cartão de Todos (meiões).

“Para 2024, temos três espaços em fase de renovação”, disse Romanelli, que não revelou quais são as empresas cujos contratos se encerram no final do ano.

Para ele, o bom desempenho comercial causou incômodo para os arquirrivais.

“A gente não vai ficar falando em valores, porque isso vai irritando os concorrentes. Acabou deixando gente brava com a gente”

Sandor Romanelli, superintendente comercial do Corinthians

Romanelli indiretamente se refere à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que também é a patrocinadora máster da camisa do clube palestrino, que pediu provas de que o valor do uniforme do Corinthians seria de R$ 123 milhões, montante 51% acima do que ela paga ao Alviverde para ter todas as propriedades da camisa. A dirigente chegou a dizer que, se provassem que o valor é esse mesmo, aumentaria o patrocínio ao Palmeiras.

Força das redes

Segundo o executivo, contando todas as propriedades negociadas pelo Corinthians entre masculino, feminino, categorias de base e ativos digitais, houve parceria com 50 a 60 empresas.

A força do clube nas redes sociais é um dos principais trunfos do departamento comercial. Atualmente, segundo o ranking do Ibope Repucom, o Corinthians conta com 35,4 milhões de seguidores em suas cinco principais contas oficiais (Facebook, Instagram, X, YouTube e TikTok), sendo o segundo clube com mais fãs, atrás apenas do Flamengo. No entanto, para o executivo, o mercado ainda olha muito apenas para a camisa do time masculino profissional.

“Hoje, você encontra mais anunciantes do Corinthians fazendo outras coisas que não só [exposição na] camisa. Mas se você pensar em volume de investimento, em oportunidades aproveitadas, ainda tem bastante mercado para ser explorado e conscientizado”, analisou Romanelli, citando o acordo com a Disney para a promoção da Copa Sul-Americana 2023 nas redes sociais do clube.

Assessoria

Para o sucesso da gestão comercial do Corinthians, o executivo da área comercial destacou os contratos firmados com KPMG (auditoria) e Falconi Consultoria (aperfeiçoamento de gestão).

“O Corinthians teve o apoio de auditoria da KPMG para que melhorasse a questão reputacional dos negócios para que anunciantes, clientes e parceiros tivessem mais clareza das comunicações e contratos mais bem amarrados. Deu ao Corinthians um tom de profissionalismo maior no âmbito comercial de marketing”, explicou Romanelli.

Já a Falconi teve papel importante para o clube mostrar seu potencial ao mercado e, assim, atrair novos parceiros comerciais.

“A contratação da Falconi, da nossa consultoria, ajudou o Corinthians a enxergar de uma forma mais 360º quais eram as suas possibilidades potenciais reais de venda. Isso trouxe para o clube uma mudança de mentalidade que foi trazer para as mesas de negociação de vendas amparado em uma teoria de que o Corinthians não é só um clube de futebol, mas uma plataforma de mídia”, contou o executivo.

Feminino e base

Se o masculino vive má fase, o time feminino tem feito uma temporada espetacular. O time foi campeão do Brasileirão e da Libertadores. No Paulistão, eliminou o arquirrival Palmeiras com uma goleada humilhante de 8 a 0 na semifinal. Já no primeiro jogo da final, contra o São Paulo, acabou derrotado por 2 a 1. O duelo decisivo, porém, será na Neo Química Arena, no próximo domingo (26).

“Comercialmente falando, o time feminino vai muito bem. Inclusive para Libertadores e Campeonato Paulista, tivemos dois novos patrocinadores que se somaram aos anteriores, Neobetel e Kingspan, que entraram na reta final do ano”

Sandor Romanelli, superintendente comercial do Corinthians

Ambas as empresas entraram em setembro. Marca de isolamento térmico e eficiência energética, a Kingspan ocupa atualmente o espaço de patrocinador máster. Já a Neobetel, distribuidora de equipamentos de proteção individual (EPI), possui exposição no esterno da camisa de jogo.

“O feminino está sempre entre os primeiros times do Brasil em arrecadação de bilheteria. É o recordista nacional de todas as competições: Libertadores, Brasileiro, Paulista. É uma vantagem que temos para que nosso feminino tenha liberdade e independência financeira do clube”, destacou o superintendente comercial.

Já o time Sub-20, recordista de títulos da Copa São Paulo de Futebol Júnior, terá dois novos patrocinadores para a edição da Copinha de 2024. Os nomes serão revelados até o final do ano.

“Esse tipo de iniciativa que não é só a camisa, tem experiência na arena, com as redes sociais amparando essas iniciativas. É sempre trazendo para o anunciante um pacote de soluções e não o anúncio clássico na camisa”, finalizou Romanelli.

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