O Coritiba anunciou, nesta terça-feira (9), um acordo para a venda de 90% de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) à Treecorp Investimentos. Esta é a primeira transação desse tipo envolvendo um fundo de capital privado (private equity) no futebol brasileiro.
Apesar de haver sido confirmada nesta semana, a notícia já circulava com força no meio esportivo. Em fevereiro deste ano, o empresário Roberto Justus, dono de 22% da empresa, concedeu entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, e contou que seu genro, Bruno Levi D’Ancona, sócio-diretor do fundo de capital privado, estava à frente das negociações com o clube paranaense.
A promessa é de que a Treecorp invista mais de R$ 1,3 bilhão no negócio ao longo da próxima década. Desse total, R$ 450 milhões seriam direcionados para investimentos no time de futebol, enquanto R$ 100 milhões seriam para a construção de um centro de treinamento moderno para o Coritiba.
Além desses valores, também foi anunciado que a Treecorp aplicará outros R$ 500 milhões na reforma e modernização do Estádio Couto Pereira e mais R$ 270 milhões para quitar as dívidas do clube, que, atualmente, passa por um processo de recuperação judicial, instrumento previsto na Lei das SAFs e que permite às agremiações equacionarem seus débitos e negociarem condições favoráveis, junto aos credores, para quitar esses compromissos.
“Revolução”
No fim de 2021, a Assembleia Geral de Sócios aprovou, por 95,47% dos votos, a criação da SAF do Coritiba.
“Queremos ter alguém com a mesma preocupação de pagamento da dívida, um parceiro que queira fazer um projeto sustentável a longo prazo, que tenha vontade de formar jogadores, busque ganhos esportivos e crescimento da torcida, e respeite as tradições do clube”, afirmou, à época, Lucas Pedrozo, chefe administrativo e financeiro do clube, ao comentar sobre o perfil do parceiro buscado.
Em suas redes sociais, o Coritiba referiu-se à negociação com a Treecorp como “um novo passo na revolução”. Os valores da operação são descritos como os maiores da história do clube.
Para se concretizar, porém, a negociação com a Treecorp depende da aprovação do Conselho Deliberativo e da Assembleia Geral do Coritiba, além do juízo da recuperação judicial.
Por fim, vale explicar que “private equity” é um termo surgido na década de 1980 e refere-se a um tipo de aplicação financeira em que investidores adquirem empresas que apresentam bom potencial de crescimento, com o intuito de fazerem o negócio crescer por meio de aportes de capital privado e de boas práticas de gestão, de modo a que ocorra lucro em uma eventual venda futura da companhia.