A XP Asset e a Life Capital Partners (LCP) anunciaram, nesta quinta-feira (31), a criação do fundo Sports Media Futebol Brasileiro Advisory, que dará acesso aos direitos comerciais do Brasileirão em relação aos clubes que integram a Liga Forte Futebol (LFF) e ao grupo independente de clubes geridos por Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), formado por Botafogo, Coritiba, Cruzeiro e Vasco. Alguns setores, como a própria XP e a LCP, chamam esse bloco de clubes de Grupo União. Os próprios times já rejeitaram esse nome.
O fundo é voltado para investidores com aporte mínimo de R$ 10 mil. Para ampliar o patrimônio líquido do fundo de maneira mais rápida, cotas de capital call na ordem de R$ 1 milhão também serão disponibilizadas para os investidores.
“Os brasileiros são apaixonados por futebol, mas o esporte como um produto de investimento nunca foi acessível. Com o lançamento desse fundo inédito, vamos democratizar o acesso a investimentos em futebol para milhares de investidores, criando um ciclo virtuoso para o nosso esporte nacional”, afirmou Bruno Castro, CEO da XP Asset.
“Algumas das maiores ligas de futebol do mundo vêm sendo potencializadas por esse modelo de negócio, e o futebol brasileiro terá a oportunidade de atingir todo o seu potencial de geração de receita e visibilidade”
Bruno Castro, CEO da XP Asset
Era dos investidores
A iniciativa da XP/LCP segue um modelo que já acontece em ligas nacionais fora do Brasil. LaLiga (Espanha) e Ligue1 (França), por exemplo, contam com investimentos da CVC Capital Partners.
No Brasil, esse movimento ainda não conseguiu criar uma liga brasileira de futebol. Atualmente, os clubes se abrigaram em três grupos: a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), a LFF e o grupo de clubes ligados às SAFs. Com investidores distintos, é cada vez mais difícil que haja uma composição em favor de uma liga unificada.
A LFF e o grupo das SAFs assinaram um contrato de investimento com a LCP e com o fundo norte-americano Serengeti Asset Management, que adquiriram, em linhas gerais, 20% dos direitos comerciais (incluindo patrocínios e direitos de transmissão) de um grupo de 26 clubes. Fazem parte desse bloco: Internacional, Athletico-PR, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Vasco, Fluminense, Fortaleza, América-MG, Cuiabá, Goiás, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Figueirense, Juventude, Londrina, Operário-PR, Sport, Tombense e Vila Nova.
Procurada para comentar o lançamento do fundo no Brasil, a Serengeti informou que “apoia a iniciativa da XP/LCP, mas o fundo não faz captações no Brasil. Seus recursos vêm de investidores internacionais”. Apenas entre os 22 clubes que fazem parte da LFF, o consórcio Serengeti/LCP investiu R$ 2,3 bilhões.
Além dos clubes que acertaram compromisso de longo prazo com Serengeti/LCP, há os times da Libra já firmaram acordo com a Mubadala Capital, investidora dos Emirados Árabes Unidos. Fazem parte desse grupo 17 equipes: ABC, Atlético-MG, Bahia, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória.
Ganho limitado
Sem a união entre LFF e Libra, os ganhos dos clubes a partir de 2025, quando será finalizado o atual contrato de TV, ficarão muito limitados. Os clubes poderão vender seus jogos por intermédio da Lei do Mandante.
No entanto, nenhum dos blocos de times poderá negociar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro como um todo, nem ativos de uma liga unificada, como álbum de figurinhas, séries documentais (como as que fazem sucesso na Netflix), NFTs e fan tokens (e demais produtos digitais que vierem a ser lançados), placas publicitárias, title sponsor e patrocínios à competição como um todo.
Alheio a isso, Carlos Gamboa, sócio da LCP, acredita que, mesmo com todas as limitações, investir no fundo Sports Media poderá ser vantajoso para o torcedor.
“A diversificação nos portfólios, a maior profissionalização dos esportes e as novas tecnologias de mídia têm trazido cada vez mais investidores”, ressaltou o executivo.
Dependendo do sucesso da iniciativa, o fundo também poderá ajudar a remunerar os clubes, fazendo com que o produto cresça.
“Estamos muito empolgados em ajudar os clubes e a liga brasileira a crescerem. Esse mercado ainda vai amadurecer mais, inclusive deve se expandir para outras modalidades nos próximos anos. É só o começo de uma nova era nos investimentos em esporte”, acrescentou Gamboa.