A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) tem aproveitado o bom desempenho internacional da modalidade e a projeção de atletas como Rebeca Andrade para ampliar sua base de fãs, atrair patrocinadores e desenvolver a ginástica no país. A estratégia inclui ações de marketing, investimento em seus canais digitais e descentralização da prática esportiva.
“Nosso crescimento se deve a um conjunto de ações. Hoje, a CBG tem resultados alinhados com a gestão. Um ponto importante dessa virada foi a descentralização, levar a ginástica para todo o território nacional”, afirma Ricardo Resende, diretor geral da CBG, em entrevista à Máquina do Esporte.
“Hoje, a ginástica é o esporte que mais vence e cresce no país”, acrescenta.
Ídolos
Um dos trunfos que Resende tem nas mãos é Rebeca Andrade, que se tornou a brasileira com mais medalhas olímpicas nos Jogos de Paris 2024, superando o velejador Robert Scheidt.
Rebeca soma 2 ouros, 3 pratas e 1 bronze em Olimpíadas, mesmo competindo na mesma época de Simone Biles, uma das maiores ginastas da história.
“Se você não tiver o ídolo, não tem crianças entrando no esporte. Se você não tiver crianças entrando no esporte, amanhã não tem um ídolo”, acredita o dirigente.
Para ele, o tamanho que Rebeca Andrade ocupa hoje no esporte olímpico brasileiro é um ótimo chamariz para atrair mais fãs e popularizar a modalidade no país. Isso precisa ser bem aproveitado pela CBG.
“Rebeca é a maior atleta do Brasil, que inspira novas gerações. Muitas crianças querem ser a Rebeca. Isso faz com que nosso esporte tenha um futuro consolidado, com novos praticantes. Esses novos praticantes amanhã serão os nossos ídolos”, prevê.
Resultados
A evolução da ginástica brasileira em competições internacionais tem sido expressiva. Até os Jogos de Atenas 2004, o país não havia conquistado nenhuma medalha olímpicas na modalidade.
A partir de Pequim 2008 as conquistas começaram a aparecer. Após Paris 2024, o Brasil já soma dez medalhas: 3 ouros, 5 pratas e 2 bronzes. Em Campeonatos Mundiais, o país já acumula 6 ouros, dez pratas e 5 bronzes no mesmo período.
“A CBG investe muito em performance, na base e no alto rendimento. Acredito que é um conjunto de ações. Mas também precisa investir na comunicação e no marketing. E investir em nosso produto que são os eventos nacionais”, ressalta.

Audiência
As conquistas ajudaram a amplificar as mensagem da CBG. A entidade é atualmente a terceira confederação olímpica mais seguida no Instagram, com 792 mil seguidores. Fica atrás apenas da CBF (18,5 milhões) e da CBV (1,5 milhão).
A ginástica já supera modalidades tradicionais como basquete (700 mil), judô (241 mil), atletismo (189 mil), handebol (165 mil), tênis (104 mil) e esportes aquáticos (92 mil); ou de ascensão recente, casos de skate (235 mil) e surfe (104 mil).
“A gente exclui futebol, que é uma religião no nosso país. De fato, o vôlei é o segundo esporte mais praticado e tem muito mais conquista do que a ginástica”, justifica, para ressaltar o bom desempenho da CBG
Geração Z
A boa presença em redes sociais garante a propagação de narrativas e mensagens que atinjam diretamente a Geração Z. Para o diretor geral da CBG, é preciso oferecer várias possibilidades de interação para ser bem-sucedido com esse público.
“Transmitimos nossos eventos no YouTube e no Instagram. Temos o TikTok e o X. Você tem que diversificar como a informação chega para essa geração”, analisa.
“A Confederação tem feito o esforço necessário para que a comunicação chegue em todas as faixas etárias. É ser eclético, é sempre estar antenado no que está acontecendo, no que muda na nossa sociedade, que está em constante transformação”, completa.

Patrocínio
A presença de ídolos e o trabalho de comunicação e marketing têm gerado retorno comercial. A CBG conta com dois patrocinadores máster (Caixa e Loterias Caixa), além de Correios, Vivo, Neutrox, Piracanjuba, Atroveran, Gelol, Max Recovery e Vale como patrocinadores. A Estácio é parceira oficial.
“Temos muito resultado, que geram negócios. Esse é o primeiro ponto. Outro é que temos uma equipe qualificada de comunicação e marketing. Quando firmamos um contrato com o patrocinador, ele agrega valor ao negócio”, destaca Resende.
No marketing, o dirigente trouxe em 2024 o experiente Gilberto Ratto, que por oito anos comandou o setor na CBF. Com muitos contatos no mercado, Ratto logo começou a empilhar contratos de patrocínio para a entidade.
“Temos um setor específico para esse assunto, que busca a captação. Não é só uma agência de marketing. Temos o marketing dentro da confederação”, explica Resende.
Orçamento
Segundo o diretor geral, a CBG projeta um orçamento de R$ 50 milhões para 2025, com R$ 20 milhões de verba pública, R$ 20 milhões do patrocínio de Caixa e Loterias Caixa e cerca de R$ 6 milhões de recursos privados.
Em 2025, a entidade também receberá o maior repasse do Comitê Olímpico do Brasil (COB) através da Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixas ao esporte olímpico e paralímpico do país. No total, está prevista a liberação de R$ 15.241.679,44.
Como comparativo, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) receberá R$ 13,2 milhões, a de judô, R$ 11,9 milhões, e a de atletismo, R$ 11,7 milhões, segundo dados divulgados pelo COB.
“Vamos ultrapassar acredito que essa faixa de orçamento. É um recorde na confederação e em um ano não olímpico. A ginástica está em crescente evolução e exige cada vez mais para nos mantermos no topo”, afirma o dirigente.