O Comitê Olímpico do Brasil (COB) espera gerar receitas, ganhar visibilidade e conquistar a atenção do público jovem, particularmente entre os que compõem a Geração Z, com a compra dos direitos de transmissão dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, que serão disputados de 20 de outubro a 5 de novembro.
“Havia o impasse de que nenhuma emissora adquiriu os direitos [de mídia] do segundo evento mais importante do nosso calendário. O Pan não ser transmitido no Brasil seria um problema gigante porque impacta em todo o nosso ecossistema”, afirmou Gustavo Herbetta, diretor de marketing do COB.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, Globo e Band chegaram a ter reuniões presenciais com o chileno Neven Ilic, presidente da PanAm Sports, entidade que gere os Jogos Pan-Americanos. A primeira aconteceu na sede da Globo, no Jardim Botânico (zona sul do Rio de Janeiro). Ilic pediu valores próximos ao que recebia da Record TV, que chegou a pagar US$ 30 milhões pelo evento.
À ocasião, a emissora carioca não apresentou proposta nem para a TV aberta (Globo) nem para a TV fechada (Sportv). Em São Paulo, o dirigente não teve sorte melhor na sede da Band.
“Se tivesse uma emissora [que fosse transmitir o Pan], muito provavelmente não teríamos feito esse movimento”, comentou Herbetta.
Divisão de receitas
O COB investiu US$ 1 milhão nesses direitos e exibirá a competição no Canal Olímpico do Brasil, no canal do Time Brasil no YouTube e na Cazé TV.
Esse último acordo foi costurado em parceria com a PanAm Sports, entidade que gere o Pan-Americano no chamado modelo revenue share (divisão de receitas). Ou seja, as cotas de patrocínio vendidas na Cazé TV serão divididas entre LiveMode, que faz a produção do canal, COB e PanAm Sports. A porcentagem que cabe a cada uma está em uma cláusula de confidencialidade do contrato.
“Há o potencial de geração de receita nessa parceria com a Cazé TV que hoje o Canal Olímpico por si só não gera. Até porque ele tem muito mais um papel de entrega para os patrocinadores do que uma captação de recursos”, explicou Herbetta.
Calendário
O potencial de geração de receitas com a Cazé TV não se resume ao acordo para transmissão do Pan de Santiago 2023. O COB também montou uma grade de eventos olímpicos em conjunto com a plataforma de streaming. Já foram transmitidos os Jogos Sul-Americanos de Praia de Santa Marta, em julho, e haverá a exibição dos Jogos da Juventude, que serão em Ribeirão Preto (SP), em setembro, com a participação de atletas de 14 a 17 anos.
Os Jogos Mundiais de Praia, que seriam disputados neste mês, em Bali, também estavam incluídos nesse pacote. No entanto, a competição foi cancelada após o Comitê Olímpico da Indonésia abrir mão de sediar a competição e não haver tempo hábil para se buscar uma sede alternativa.
“As marcas que estão sendo prospectadas podem optar por um ou outro pacote. Reforçamos muito o pacote completo porque, além de ter uma grade mais extensa e mais pontos de relacionamento ao longo do ano, divulgamos outros eventos”, contou Herbetta.
Público jovem
Para o executivo, outra vantagem de a entidade também gerir esses direitos de transmissão é a renovação do público que acompanha o esporte olímpico no Brasil.
“É uma oportunidade de reforçar nossa estratégia de marca, de impactar os mais jovens, que são o público da Cazé TV. É uma estratégia do COI [Comitê Olímpico Internacional] de rejuvenescimento de marca, de conquistar corações e mentes da nova geração”, afirmou Herbetta.
“Acredito que não existe no mercado, hoje, um parceiro tão ideal para isso que não seja a Cazé TV”, acrescentou.
Patrocínios
Com o anúncio da Ajinomoto como patrocinadora do Time Brasil, o COB chegou a 15 empresas apoiadoras do Movimento Olímpico no país. Segundo Herbetta, mais três serão anunciadas, chegando a 18 parceiros comerciais do COB.
“Vamos anunciar uma empresa até o final do mês e outros dois provavelmente no comecinho de setembro porque eles já devem ativar no Pan-Americano, em outubro”, revelou o executivo.
O diretor do COB afirmou ainda que, para ter atualmente 15 patrocinadores, o comitê apresentou o projeto a mais de 200 empresas e recebeu muitas respostas negativas durante esse ciclo olímpico.
“Nós envelopamos de uma maneira diferente o que é o produto, e o mercado tem aceitado muito bem. Aí, quando uma marca relevante entra, começa a puxar outras, que veem que existe alguma coisa interessante ali”
Gustavo Herbetta, diretor de marketing do COB
Além de buscar novos parceiros comerciais, a conquista de patrocinadores gera maior quantidade de trabalho para o departamento de marketing do COB para garantir visibilidade e crescimento dos negócios com as empresas que investiram no Time Brasil.
“O desafio agora é fazer todos esses planos de ativação, fazer as entregas e mostrar as métricas. Porque é diferente do Ibope Repucom do futebol. Lá no Corinthians, eu tinha 15 vezes de ROI [retorno sobre o investimento, na sigla em inglês]. Não é assim que funciona no Movimento Olímpico”, analisou Herbetta.
“A gente cria uma métrica que não existe hoje no olimpismo, que não é só visibilidade, mas que a gente consiga mostrar para as marcas que dá resultado”, finalizou.