Marco Antonio La Porta, candidato de oposição, foi eleito novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). O antigo vice-presidente da entidade derrotou Paulo Wanderley Teixeira, que buscava um novo mandato, por 30 votos a 25. A eleição aconteceu nesta quinta-feira (3), na sede do COB, no Rio de Janeiro (RJ).
“Estamos muito satisfeitos, principalmente com o processo. Acho que o processo foi democrático. Queria parabenizar o Paulo Wanderley. Foi um processo bem democrático. Acho que a Assembleia escolheu o que é melhor para o Comitê Olímpico neste momento”, declarou La Porta, após ser eleito.
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La Porta, que chefiou a delegação do Time Brasil nos Jogos de Tóquio 2020, contou com o apoio da Comissão de Atletas do COB (Cacob) para triunfar no pleito.
Os 19 votos da Cacob foram determinantes para a vitória, já que a Cacob havia apoiado Paulo Wanderley na eleição passada, em 2020. Yane Marques, eleita vice-presidente na chapa de La Porta e medalhista de bronze no pentatlo moderno em Londres 2012, dirigiu a Cacob até março.
“Temos a proposta de uma gestão mais moderna, de melhora nos resultados esportivos. Estou muito feliz. Para mim, é um orgulho ter a Yane do meu lado. Temos muitos projetos pela frente”, afirmou La Porta.
“Tenho certeza de que, junto com a Yane, vamos dar muita alegria ao esporte brasileiro”, acrescentou o dirigente.
Diversidade
Pernambucana de Afogados de Ingazeira, Yane Marques é formada em Educação Física e se tornou, em junho de 2023, secretária-executiva de Esportes Educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Recife (PE).
A dirigente afirmou que se sente capacitada a exercer o cargo pela experiência não só como atleta, mas nos cargos de gestão que ocupou após abandonar as competições.
“A gente está tomando um espaço que estamos preparados para ocupar. E eu fico muito feliz de ser a voz dos atletas. Mas eu sei não só seguir a dor dos atletas, sei seguir a dor do dirigente, do presidente de confederação, das pessoas que fazem a parte administrativa da gestão esportiva”, destacou.
A nova vice-presidente disse querer aprimorar o relacionamento do COB com o ecossistema espotivo, ouvindo os diferentes segmentos que formam o Movimento Olímpico do Brasil.
“Eu estou disposta, disponível, com energia, para colaborar, para fazer um trabalho bem bacana, com muita sensibilidade, a partir de muitas escutas, entendendo que cada confederação tem suas particularidades, seus sonhos, suas histórias, seu objetivos. E a gente vai fazer um belo trabalho”
Yane Marques, vice-presidente eleita do COB
Descentralização
Entre as promessas de campanha de La Porta está a descentralização dos Centros de Treinamento (CTs) do Time Brasil. O novo presidente, que é ligado ao triatlo, quer estabelecer parcerias com o poder público para ter CTs disponibilizados para a descoberta e a preparação de atletas em outros locais pelo Brasil.
“Hoje, o COB tem o Centro de Treinamento no Rio de Janeiro, no Maria Lenk, e não tem outros centros de treinamento pelo Brasil que possam absorver esses atletas”, afirmou La Porta, em entrevista à Máquina do Esporte, durante a campanha.
“Pretendemos estar no Nordeste, com o Centro de Formação Olímpica, em Fortaleza, em São Paulo, no NAR [Núcleo de Alto Rendimento], que hoje já atende sete confederações, e tem o Centro Olímpico [de Treinamento e Pesquisa, o COTP, no Ibirapuera]”, acrescentou.
Outros locais citados pelo dirigente são os CTs da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e da Universidade de Brasília (UnB).
Diversidade
Mais um compromisso do presidente eleito será promover maior diversidade no COB. La Porta quer dirigentes de mais modalidades em cargos-chave dentro do comitê. A promessa é uma reação às críticas à chamada “República do Judô” que dominou o organograma da entidade durante a gestão de Paulo Wanderley, ex-presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
“Costumo fazer uma brincadeira que é a seguinte: o pessoal pode ficar tranquilo porque, se eu pegar o pessoal do triatlo e a Yane pegar o do pentatlo moderno, não sobra ninguém”, afirmou La Porta, referindo-se às modalidades de origem dele e de sua vice-presidente.
Reeleição
A eleição de La Porta à presidência afastou do COB a polêmica de que Paulo Wanderley estaria tentando um terceiro mandato, o que fere o artigo 18-A da Lei Pelé, ratificado pela Lei Geral do Esporte (LGE) em 2023.
Caso a eleição do dirigente configurasse um terceiro mandato, o COB ficaria impedido de receber recursos públicos, como a Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixa ao esporte olímpico e paralímpico, o uso da Lei de Incentivo ao Esporte e até o patrocínio da Caixa e das Loterias Caixa ao COB, firmado há duas semanas em Brasília (DF).
Novo ciclo
O contrato do banco estatal com o comitê, que irá até 2028, é o maior já firmado pela entidade e prevê o pagamento de R$ 40 milhões anuais (R$ 160 milhões pelo ciclo todo).
Para o ciclo até os Jogos de Los Angeles 2028, o COB já renovou contrato com outros cinco patrocinadores que apoiaram o Time Brasil em Paris 2024: Vivo, Mormaii, Grupo Águia, Hemmer e Max Recovery.