Principal nome do tênis brasileiro na atualidade, João Fonseca embala as esperanças dos fãs por grandes conquistas, em um país um tanto carente de ídolos indiscutíveis no esporte.
O ex-jogador e atual comentarista de tênis Fernando Meligeni acredita no potencial do jovem de 19 anos.
Em entrevista concedida Erich Beting e Gheorge Rodriguez, no podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte, Fininho comparou João Fonseca a um diamante, mas que ainda precisa ser lapidado.
“Acho que João é um diamante. ‘Tenisticamente’, muito bom. Mentalmente, para a idade que ele tem, ele é muito bom. Só que ele ainda tem o processo físico e principalmente tático. Ele ainda não descobriu. A gente vai ver. Se a gente fizesse, hoje, um ‘pause’ em nossa vida e pegasse daqui a três anos, a gente vai ver um João Fonseca completamente diferente”, afirmou Meligeni, que contou ter acompanhado essa evolução em outros grandes nomes do tênis mundial.
Caso, por exemplo, do espanhol Carlos Alcaraz, atual número 1 no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP).
“Quando vi o Alcaraz jogar pela primeira vez no US Open, fazendo o jogo pela ESPN, ele era um cara que não sacava, que não voleava e não usava slice. Ele virou número 1 do mundo, mais ou menos com essa característica. Em meses, o saque dele melhorou, ele mudou a maneira de jogar, parou de proteger tanto a esquerda e ficou mais para a direita. Ele foi moldando. Hoje Alcaraz é um cara totalmente diferente”, disse.
Rafael Nadal, um dos maiores tenistas da história, foi outro exemplo citado por Fininho. “Conheci o Nadal quando ele tinha 15 anos. Era um cara que mandava a bola para cima e corria uma maratona na quadra. Chegou uma hora em que ele sacava bem, voleava bem, trocava com slice”, afirmou.
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Meligeni disse discordar da máxima segundo a qual “em time que está ganhando não se mexe”. “É mentira. A gente perde tempo, não mudando”, afirmou.
Durante a entrevista, Meligeni comentou sobre a euforia criada em torno de João Fonseca.
“O problema do Brasil é a falta de ídolo. Você falar que ainda falta um pouquinho para o João, é você destruir as cabeças das pessoas que já acham que ele é o ídolo. Quem é o ídolo do Brasil no esporte, hoje? Neymar? Controvérsia – muita gente gosta, muita gente não gosta. Quem é o grande ídolo do Brasil? A Rebeca [Andrade]? Mas ela também não quer assumir esse posto. Aí vem o garoto de 19 anos [João Fonseca]. É ele? Ainda não, mas estão querendo botar. Como quiseram botar a Bia [Haddad]”, declarou.
Na visão de Meligeni, para ser considerado um ídolo nacional, um esportista teria que beirar à unanimidade.
“Pelé, Senna, Ronaldo, Guga. É quase unanimidade. O cara pode não gostar um pouco. Quem é hoje [o ídolo nacional]? A gente não tem. E ele [João Fonseca] não pode se perder para isso. O time não pode se perder para isso e falar: ‘Vamos negociar’. Não tem que negociar. É melhor perder agora e demorar para ser o ídolo, mas ir pelo caminho certo”, afirmou Meligeni.
Ele recomendou que João Fonseca e sua equipe deveriam “dar tempo ao tempo”. “Ele pode ganhar um Grand Slam amanhã. Mas, mesmo assim, ele não está pronto. Daqui a dois anos ele estará, se fizerem a coisa certa, se ele quiser muito e, principalmente, se ele quiser o protagonismo”, disse Fininho.
Assista ao podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação do ex-jogador e comentarista de tênis Fernando Meligeni, no canal da Máquina do Esporte no YouTube: