Há cerca de 10 anos na presidência da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos disse que acredita na formação de uma liga de futebol no Brasil durante a sua participação no Maquinistas, o podcast da Máquina do Esporte. Para isso, o mandatário acredita que os presidentes dos clubes precisam se reunir mais e se acostumar a discutir e compartilhar experiências relacionadas ao futebol.
“Vai acontecer (a formação da liga). Eu tenho dito o seguinte para os clubes: vocês já venderam os seus direitos por cinco anos para diferentes detentores, então sentem na mesa para se acostumar a ter os 20 presidentes juntos. Sem pauta. Vamos falar do problema que um teve com o treinador, da contratação do outro que deu certo, conversar sobre o marketing. Está na hora de se acostumar a sentar à mesa. Esse é o primeiro passo”, afirmou Reinaldo Carneiro Bastos no podcast Maquinistas.
A diferença do futebol brasileiro para o europeu também foi um dos temas abordados no programa. O presidente da Federação Paulista de Futebol acredita que o Super Mundial de Clubes da Fifa, que será disputado entre junho e julho deste ano, será um grande exemplo de como os clubes da Europa estão à frente das equipes dos outros continentes.
“Nós temos que fazer justiça. A gente não chegou aqui única e exclusivamente por culpa do Ednaldo. Estamos há muito tempo perdendo espaço para o futebol europeu, profissional, para as grandes ligas. O Ednaldo ainda foi um presidente que disse aos clubes ‘façam a liga’. Todos os anteriores trabalharam muito para boicotar a união dos clubes e a liga”, comentou o presidente da FPF.
“Nós vemos um exemplo muito claro da nossa distância. No Mundial de seleções, sempre passa uma seleção da Ásia, outra da África, da América do Sul, mesmo com a maioria sendo de europeus. A gente vai ter que saber em relação aos clubes no Mundial, em que temos 32 clubes. Acho que esse Mundial vai dar a nossa régua no quesito clube. Mas não tenham dúvida de que estamos distantes”, acrescentou.
SAFs
Perguntado sobre o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futebol brasileiro, o presidente da FPF analisou que esse é o caminho para que os clubes sejam mais profissionais, mas não o único. Além disso, também defendeu que a troca de gestão a cada três anos, como acontece em muitos times associativos, é prejudicial por conta da alta rotatividade de profissionais envolvidos nas gestões.
“É o caminho. Se a gente analisar, Noroeste e Velo Clube são duas SAFs que tiveram acesso. Capivariano e Primavera são outras duas SAFs que tiveram acesso. Na final da Libertadores, duas SAFs, na final da Copa do Brasil, o Flamengo e uma SAF. O campeão brasileiro foi outra SAF”, ressaltou Reinaldo Carneiro Bastos.
“Eu não vejo nenhuma possibilidade de uma empresa ter sucesso se a cada três anos troca o presidente e toda a diretoria. Não se faz isso. Vamos copiar lá fora. Que clube do exterior que troca de comando a cada três anos é um sucesso na Europa? É por isso que eu vejo que essa alternância no poder não é benéfica para quem quer fazer um clube de futebol vencedor e com regularidade financeira”, completou.
Assista abaixo ao episódio completo do Maquinistas, comandado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), que irá ao ar a partir desta terça-feira (22), às 19h (horário de Brasília), disponível no canal da Máquina do Esporte no YouTube e também no Spotify: