A cronologia é bem rápida. Nem dá para se perder.
No dia 2 de agosto, último dia de competições individuais do judô nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, enquanto a maioria dos torcedores brasileiros olhava para Rafael Silva, o Baby, dono de duas medalhas de bronze olímpicas até então, Bia Souza, estreante em Olimpíadas e desconhecida do público em geral, ganhou luta após luta e, ao derrotar a israelense Raz Hershko, conquistou o primeiro ouro do país na competição, indo ao topo do pódio na categoria acima de 78kg.
No mesmo dia, enlouquecido pelo sucesso da esposa, o ex-jogador de basquete Daniel Sousa viralizou com sua comemoração nas redes sociais. Dias depois, ele protagonizou um comercial do Bradesco. Mais alguns dias se passaram, e a própria Bia se tornou embaixadora da plataforma de apostas Betnacional.
Depois, ela esteve presente no anúncio da renovação do Time Petrobras, equipe de atletas de diversas modalidades patrocinados pela estatal, do qual ela faz parte e, agora, é um dos principais nomes.
Por último, nesta segunda-feira (26), foi a vez da judoca, ao lado do marido, se tornar a estrela da nova campanha do próprio Bradesco.
“Estamos sempre atentos às conversas e interações que acontecem. Vimos o quanto a Bia foi abraçada por todos os brasileiros e o quanto a torcida e entusiasmo do Daniel ressoou em diversos meios. Portanto, foi natural na nossa estratégia unir a forte presença do casal entre o público à nossa marca, permitindo destacar a excelência dos nossos produtos de uma maneira autêntica, em sinergia com os atletas, tudo envolto em um astral de muita leveza e bom humor”, explicou José Mauricio Lilla, head de comunicação do Bradesco.
Isso tudo em pouco mais de 20 dias.
Sim, ainda faltam quase quatro anos para Los Angeles 2028. Mas, com essa correria desenfreada atrás da nova heroína do esporte nacional, seria exagero dizer que Bia Souza pode ser, para este ciclo que se inicia, o mesmo que Rebeca Andrade e Rayssa Leal foram para o ciclo que acabou de chegar ao fim?
As “queridinhas” Rebeca e Rayssa
Em Tóquio 2020 (2021), em sua segunda Olimpíada, Rebeca Andrade foi ouro no salto e prata no individual geral. Já Rayssa Leal, com apenas 13 anos, conquistou a prata na estreia do skate street (e dela própria) em Olimpíadas. Antes dos Jogos na capital japonesa, as duas já tinham alguns (poucos) patrocínios individuais. No entanto, após a conquista das medalhas, elas se tornaram verdadeiras “queridinhas” do mercado publicitário brasileiro.
Tanto Rebeca como Rayssa chegaram a Paris ostentando, cada uma, mais de uma dezena de marcas no portfólio. E dá para dizer que ambas as listas contam com “pesos-pesados”.
Rebeca é patrocinada por Adidas, Docile, Havaianas, Hemmer, Invisalign, Medley, Nivea, Panasonic, Parmalat Whey Fit, Riachuelo, Sankhya, Volvo e Vult.
Já Rayssa possui acordos com April, Banco do Brasil, Bones Wheels, Docile, Independent Truck Company, Louis Vuitton, Mob Grip, Monster Energy, Nescau, Nike, Samsung, SKF, Snickers e Vivo.
São 26 marcas diferentes, com apenas a Docile tendo as duas jovens estrelas como atletas patrocinadas.
Com mais uma medalha de ouro, duas de prata e uma de bronze, tendo, assim, se tornado a maior medalhista da história do país em Jogos Olímpicos, Rebeca deve aumentar essa lista em breve. E o mesmo deve acontecer com Rayssa, que foi bronze em Paris e, aos 16 anos, já possui duas medalhas olímpicas, além de ser a única a subir ao pódio nas duas edições do skate street em Jogos Olímpicos.
E Bia Souza?
A Máquina do Esporte foi atrás de especialistas para entender se Bia Souza poderá seguir esse mesmo caminho no ciclo que se inicia agora para Los Angeles 2028. A judoca chegou a Paris com apenas uma marca como patrocinadora, a Petrobras. Mas, em muito pouco tempo, isso já mudou. E a tendência é que não pare.
“A Bia tem tudo para ser um dos grandes nomes desse próximo ciclo da publicidade esportiva brasileira. Ela já demonstrou ser uma pessoa de muito carisma, tem uma oratória muito boa, e o esporte dela é um esporte muito tradicional, atual recordista de medalhas na história do país em Olimpíadas”, afirmou Bernardo Pontes, sócio da agência de marketing esportivo Alob Sports e colunista da Máquina do Esporte.
“Então, se bem trabalhada, a Bia certamente é um grande potencial na publicidade para o ciclo de Los Angeles 2028. Mas ressalto a importância dela entender o papel dela na formação de “novas Bias”, por isso é fundamental, dentro dos projetos de publicidade para ela, incentivar as marcas a investirem em projetos sociais de judô também”, acrescentou.
E a judoca ainda possui outras características que podem alavancar seu nome no mercado nos próximos quatro anos, incluindo aí a força no digital que ela já passou a demonstrar assim que garantiu o ouro em Paris.
“A Bia Souza tem inúmeras características que foram reveladas ao grande público após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2024. Talentosa, vencedora, simpática e carismática, ela se tornou um dos principais nomes do esporte brasileiro e estourou com força a bolha do judô. Um exemplo disso é o crescimento de mais de 25.384% na sua conta de Instagram em pouco mais de 20 dias: passou de 13 mil seguidores no início do seu dia de competições em Paris para 3,3 milhões”, destacou André Stepan, diretor de marketing do canal Goat, desenvolvedor de negócios da Horizm no Brasil e também colunista da Máquina do Esporte.
“Ser uma mulher preta, batalhar e estar no topo do planeta também gera muita inspiração a toda a população do país. Por todas essas razões, a Bia atrai o mercado publicitário com méritos, e acredito que essas duas grandes marcas [Betnacional, como embaixadora, e Bradesco, como estrela de campanha] sejam só o começo de uma série que vai se interessar em ter a imagem atrelada a ela. Sem dúvida, hoje ela está no topo e ocupa a mesma prateleira de Rebeca Andrade e Rayssa Leal”, finalizou.