O Comitê Olímpico do Brasil (COB) está mirando novas receitas com a integração das estratégias de criação e distribuição de conteúdos próprios a partir da parceria anunciada com a Play9 nesta quinta-feira (17).
A entidade máxima do esporte olímpico brasileiro divulgou um acordo com a mediatech baseada em conteúdo e expansão de audiência para marcas e influenciadores. O objetivo é posicionar de maneira mais eficiente os conteúdos próprios nos ambientes digitais.
“O COB tem cada vez mais investido na sua produção de conteúdo. Isso vem dos últimos dois, três ciclos olímpicos, desde o Rio 2016 e do Time Brasil. E evoluindo, na verdade, junto com o ambiente digital. A gente não falava de TikTok nos Jogos do Rio 2016”, disse Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB, à Máquina do Esporte.
“Eu cheguei logo depois dos Jogos de Paris 2024 e quis mergulhar nas iniciativas, para entender o que o COB tinha feito, entender as oportunidades que se abriam, os grandes resultados. E identifiquei que tinham muitas grandes iniciativas, mas eu, como público, sentia um pouco de dificuldade de entender o que unia tudo aquilo”, acrescentou.
A partir da parceria, surge a Time Brasil Media House. A iniciativa não se trata de uma nova plataforma, mas sim de uma harmonização dos conteúdos para garantir melhor distribuição e evoluir o engajamento gerado por eles.
O trabalho realizado entre COB e Play9 deverá definir quais conteúdos serão criados e em quais ambientes eles serão veiculados, como plataformas de streaming, redes sociais ou o canal do Time Brasil no YouTube, entre várias outras possibilidades. Vale lembrar que as partes já trabalharam juntas durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, quando a Play9 foi responsável pelo case “Paris é Brasa”.
Novos espaços
Com a melhor organização dos conteúdos próprios, o COB também abrirá novas possibilidades de acordos de patrocínio. A entidade enxerga a parceria como um caminho para realizar novos negócios ou expandir a presença das marcas que já são patrocinadoras.
“Isso não exclui o lugar de ninguém, pelo contrário, agrega. Podemos ter canais de mídia tradicional fazendo parte disso, bem como atletas e influenciadores, os canais proprietários do COB e novos projetos que a gente nem sabe quais são ainda”, exaltou Manoela Penna.
“A ideia é ganhar uma unidade e um alcance maior, uma capacidade de engajamento maior e também uma nova fonte de receita. Será um produto também a ser comercializado para nossos patrocinadores ou não patrocinadores, que poderão se apropriar, entrar no movimento olímpico através desse ambiente digital de conteúdo”, apontou.
Público
O planejamento também envolve expandir o público impactado pelo COB e suas iniciativas. Como uma forma de se aproximar das novas gerações, por exemplo, a entidade transmitirá os Jogos Pan-Americanos Júnior no TikTok. O evento será disputado entre 9 e 23 de agosto deste ano, em Assunção, no Paraguai.
“A distribuição de conteúdos ao vivo está planejada na nossa estratégia, mas nunca como competição com os players de grande audiência, e sim como conteúdos complementares que ajudem a reforçar a narrativa”, detalhou João Pedro Paes Leme, fundador e CEO da Play9, à Máquina do Esporte.
“Escolhemos essa plataforma por conta do público de faixa etária mais jovem. Estamos tentando olhar para outros caminhos, para nos relacionarmos com um público diferente”, acrescentou Manoela Penna.
Todo esse movimento será, logicamente, conectado de forma estratégica com as outras iniciativas já promovidas pelo COB para se aproximar das novas gerações.
“Com o nosso aplicativo, por exemplo, buscamos um olhar infantil. A gente não fala com a criança, mas queremos criar um ambiente seguro digitalmente para que os pais tenham confiança de colocar os filhos nessas plataformas. Isso já é fruto do trabalho que estamos desenvolvendo com a Play9”, lembrou a diretora de comunicação e marketing do COB.
Ciclo
Um dos grandes desafios do Comitê Olímpico do Brasil, e de qualquer entidade ou personalidade ligada aos Jogos Olímpicos, é manter o engajamento e o contato com o público mesmo nos longos períodos em que as Olimpíadas não estão sendo disputadas.
“Uma das ideias centrais para a criação da Media House é exatamente manter a relevância dos conteúdos relacionados ao Time Brasil ao longo do ciclo olímpico. E, para isso, uma iniciativa muito importante é olhar também a estratégia de distribuição”, explicou João Pedro Paes Leme.
“Nesse aspecto, não vamos apenas dar espaço nas redes do COB, mas também em parceria com emissoras, plataformas de streaming e influenciadores para potencializar o alcance dessa audiência”, completou.
A criação da Time Brasil Media House também deve auxiliar na construção de uma imagem ao longo do ciclo, de forma a beneficiar não só o COB, mas também as marcas que são parceiras da entidade desde já.
Atualmente, o comitê tem acordo com Caixa (máster), Vivo, Hemmer, Mormaii, Smart Fit, Grupo Águia, Peak, Max Recovery, Neoenergia e Medley, que renovou a parceria até Los Angeles 2028 nesta quarta-feira (16).
“A ideia é que a gente integre todos nesse ambiente e, ao fazer os Jogos, possamos ter uma linha do tempo bem pontilhada que atenda o nosso patrocinador. Temos vários patrocinadores que estão com a gente desde agora. Eles não estão esperando acender a pira olímpica. Diversos continuam ao longo do ciclo. Precisamos entregar para eles também maneiras de se relacionar com o público e dar visibilidade de marca”, pontuou Manoela Penna.
“Cada plataforma e cada parceiro vai cumprir um papel importante para que o movimento olímpico chegue a vários perfis de público e fure todas as bolhas possíveis”, concluiu João Pedro Paes Leme.