A tecnologia 5G chegou mesmo para ficar nas transmissões esportivas feitas no Brasil. Mesmo ainda não estando disponível em todas as cidades do país (por enquanto, está presente nos grandes centros urbanos de alguns estados), as operadoras de telefonia e as emissoras, assim como os organizadores das competições, estão apostando pesado nessa inovação e nos recursos que ela tem a oferecer.
A primeira transmissão oficial utilizando 5G no Brasil ocorreu em 2021, na Stock Car. Foi em 25 de abril, por meio de uma parceria entre a operadora Claro e a emissora Band, durante a etapa de Goiânia (GO) da principal categoria do automobilismo nacional.
À ocasião, contando com o apoio de gigantes da tecnologia como Huawei, Qualcomm e Motorola na operação, um drone foi utilizado para captar as imagens da corrida e enviá-las via sinal 5G à central de edição da emissora.
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Copa do Mundo
Em 2022, o uso do 5G foi decisivo para garantir a estabilidade das transmissões da Copa do Mundo do Catar, especialmente via streaming, grande novidade do torneio. A edição do ano passado do torneio foi a primeira a contar com essa tecnologia na cobertura. Um relatório da Ookla, baseado em dados do medidor de internet Speedtest, mostrou que era possível fazer downloads no país-sede da competição com uma velocidade de 489 megabites por segundo (Mbps). Já a de upload chegou a 38,3 Mbps.
Esses números podem não dizer muita coisa para usuários leigos, mas fazem uma diferença brutal na qualidade do serviço de internet oferecido e, consequentemente, na velocidade e na estabilidade das transmissões que utilizam essa tecnologia.
O 4G, que ainda é utilizado largamente no Brasil, pode (em tese), alcançar até 300 Mbps de velocidade de download, o que é bem menos do que o 5G do Catar, por exemplo. Na vida real, porém, o pico de rapidez identificado pela Ookla no nosso país em 2022 foi de 31,9 Mbps. Na maioria das cidades brasileiras, a média costuma ficar entre 10 e 20 Mbps.
Nos Estados Unidos, onde a tecnologia já está mais disseminada, a experiência proporcionada pela maioria das operadoras no 5G ainda fica abaixo dos 100 Mbps. Mesmo assim, os usuários de lá já desfrutam de uma velocidade de conexão muito maior do que nosso 4G atual.
Ótimo desempenho em outros eventos
No ano passado, alguns eventos esportivos conseguiram superar significativamente a velocidade alcançada pelas redes móveis na Copa do Mundo. No Grande Prêmio de Abu Dhabi de Fórmula 1, o 5G alcançou 808 Mbps, enquanto o US Open registrou 737 Mbps. O recorde foi no Super Bowl, que alcançou 1.063 gigabites por segundo (Gbps).
Todos esses eventos, porém, tiveram número menor de espectadores simultâneos em comparação à Copa do Catar. O Super Bowl, por exemplo, teve 103 mil pessoas na sua última edição, ao passo que o Mundial de Futebol atraiu mais de 2,4 milhões de torcedores, sem que isso prejudicasse a velocidade da internet.
Esta é outra vantagem do 5G: por mais usuários que estejam conectados a uma rede, ela não perderá rapidez. A menor latência é mais um ponto forte da nova tecnologia. Com ela, cai o tempo de resposta do sinal, de 130 milissegundos no 4G, para algo entre 1 e 5 milissegundos. Isso reduz o delay, que é a diferença entre o que um usuário diz e o que o outro escuta em uma transmissão.
Paulistão Feminino
Com tantas vantagens, o 5G vai sendo adotado em todas as transmissões esportivas, não apenas em eventos internacionais, mas também em competições regionais, caso do Campeonato Paulista Feminino de Futebol, que, em 2022, já utilizou a tecnologia, juntamente de outras inovações, visando ampliar as experiências oferecidas aos espectadores.
A estreia foi na partida entre Corinthians e Santos, pela nona rodada do campeonato. O clássico foi transmitido usando essa tecnologia de banda de rede, com as imagens da partida sendo geradas e distribuídas com equipamento LiveU e chips 5G.
Com transmissão em diferentes plataformas, que vão da TV aberta ao streaming, a competição tem sido utilizada como uma importante vitrine de inovações pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Uma delas foi a bodycam acoplada a uma das gandulas na semifinal entre Santos e São Paulo, gerando imagens ao vivo do jogo.
No clássico Corinthians x Santos, a bodycam já havia sido testada na jogadora Brena, do time praiano, que utilizou o equipamento durante o aquecimento, com imagens que foram transmitidas aos espectadores do jogo.
“Conseguimos testar e implementar algumas inovações importantes no Paulistão Feminino 2023, como a bodycam, trazendo para torcedores uma experiência completamente nova. E é esse showcase de inovação que iremos levar para 2023, ao longo das nossas competições como o Paulistão Sicredi, a Copa São Paulo de Futebol Júnior e o Paulistão Feminino”, afirmou Bernardo Itri, vice-presidente executivo de marketing e comunicação da FPF.