Desde que os automóveis modernos foram criados e depois as competições de automobilismo, ainda na segunda metade do século 19, esse universo todo sempre esteve envolto em uma simbologia altamente masculina. Motor, por muito tempo, foi considerado assunto de homens, mesmo com inúmeras mulheres tentando romper barreiras e conquistar seu espaço nesse ambiente.
Nos dias atuais, uma das principais competições de motor do Brasil tem um toque feminino em seu DNA. Desde a sua criação, em 2005, a Porsche Cup conta com a atuação decisiva de Regina Franzé, que atualmente ocupa o cargo de diretora de marketing e eventos da competição.
Sua trajetória profissional iniciou-se muito cedo. Regina começou a trabalhar na adolescência, na área de atendimento ao cliente. Aos 19 anos, ela teve uma experiência decisiva na carreira. Foi quando entrou para o quadro de funcionários da companhia aérea TAM, atual Latam.
“Com 19 anos entrei para a TAM e tive a oportunidade de trabalhar com o Comandante Rolim [Adolfo Amaro, fundador da companhia aérea, falecido em 2001]. Com ele, aprendi que o cliente tem de ser tratado com excelência e respeito”, contou Regina.
Trajetória na Porsche
A experiência na TAM durou nove anos. Em 2003, ela ingressou na Porsche, inicialmente atuando diretamente com clientes, em eventos promovidos pela marca. Com o passar do tempo, Regina foi realizando cursos na área e graduou-se em marketing.
Foi em 2005 que ocorreu a grande guinada em sua jornada profissional e que a levaria ao estágio atual. Era o ano da criação da Porsche Cup Brasil, competição de motor promovida pela empresa e que utiliza os modelos da linha Porsche Carrera, preparados para a pista.
“Dener Pires, enquanto CEO, acreditou no meu trabalho. Com ele, aprendi muito e aprendo até hoje. Temos uma relação de muita confiança e amizade. Devo muito a ele”, afirmou Regina, que iniciou na Porsche Cup também trabalhando na área de eventos.
Três anos mais tarde, ela assumiu o comando do departamento de marketing da competição, realizando o atendimento e também a captação de patrocínios. Hoje, na condição de diretora de marketing e eventos, Regina lidera uma equipe fixa de 15 pessoas e aproximadamente 50 freelancers contratados para as provas. São 17 anos ininterruptos de experiência no automobilismo.
Desafios para a mulher no esporte
Competições de motor são ambientes ainda predominantemente masculinos. Regina tem consciência das barreiras que as mulheres têm de enfrentar para alcançar seu espaço nesse meio. Mas acredita que conseguiu tirar de letra os desafios surgidos ao longo de sua trajetória profissional.
“Sempre tive apoio e confiança das pessoas que trabalham comigo, e consegui me posicionar quanto a meus pensamentos e opiniões. No meu caso, o fato de ser mulher me ajudou porque, como é um ambiente 90% masculino, sempre me destaquei com os cuidados em relação aos pilotos e às equipes”, analisou.
Ao longo de todos esses anos atuando no automobilismo, ela diz enxergar um movimento crescente de mulheres ocupando espaço dentro e fora das pistas, nas mais variadas funções.
“No automobilismo, isso tem crescido a cada ano, com as mulheres desempenhando vários cargos, como mecânicas, engenheiras, pilotas, coaches, chefes de equipe, repórteres e atuando em áreas como marketing e eventos”, afirmou.
Na avaliação dela, as novas ferramentas digitais de comunicação contribuem para aproximar o público feminino do universo esportivo, que antes parecia restrito aos homens.
“Com as redes sociais, ficou mais fácil as mulheres se unirem, se apoiarem e isso tem sido um processo muito bonito e gratificante de se ver”, destacou.
Regina concilia a rotina de eventos e compromissos da Porsche Cup com a criação das duas filhas, que, segundo ela, são suas maiores fãs e incentivadoras.
“Mesmo que eu esteja sempre viajando, elas reconhecem minha dedicação e amor pelo meu trabalho”, comentou.
Ela acredita que, na medida em que mais mulheres forem conquistando espaços de decisão no meio esportivo, isso poderá servir de inspiração para uma participação feminina maior nesse universo.
“Hoje, tem muita gente que acompanha meu trabalho e me vê como exemplo de garra e dedicação. Elas se espelham na minha trajetória de sucesso na Porsche Cup. Isso, com certeza, me motiva a cada dia para ser uma profissional melhor e poder apoiar as mulheres que têm este sonho”, finalizou.
