Alvo de uma série de denúncias, o Ministério do Esporte sofreu novo revés nesta terça-feira. Documentos publicados pelo jornal “Folha de S.Paulo” comprovam que Orlando Silva Júnior, responsável pela pasta, já sabia que a ONG do policial João Dias Ferreira, delator do esquema de corrupção, havia desviado dinheiro. Mesmo assim, reduziu as contrapartidas para que a entidade fizesse um segundo convênio.
As novas denúncias levaram a oposição a classificar a situação de Orlando Silva Júnior como insustentável. Nesta tarde, o ministro fará um depoimento na C”mara dos Deputados e deve ignorar o assunto.
Silva Júnior falará a uma comissão especial sobre o projeto de Lei Geral da Copa, conjunto de ajustes que o país deve fazer para receber o evento internacional. Alguns pontos dessa regulamentação, como a venda de bebidas alcoólicas nas arenas e a existência de meias-entradas, estão entre os principais entraves na relação entre o governo federal e a Fifa.
O depoimento de Silva Júnior deve dar grande espaço à preparação do Brasil para a Copa do Mundo. Em seu perfil no Twitter, o ministro anunciou nesta terça-feira que selou um acordo de cooperação entre as pastas de Esporte e Meio Ambiente e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “Será a mais verde de todas as Copas”, projetou.
O problema é que propalar todos esses ganhos não deve diminuir os danos causados à imagem de Silva Júnior. Nesta terça-feira, por exemplo, a “Folha de S.Paulo” disse que o Ministério do Esporte fez visita técnica em março de 2006 ao projeto da ONG de João Dias Ferreira e que considerou o plano “inviável”.
Em abril, a Secretaria de Esporte Educacional indeferiu o pedido de prorrogação da iniciativa. Entretanto, a contrapartida foi reduzida por Orlando Silva Júnior em junho. Isso permitiu que a ONG se adequasse e mantivesse o investimento.
Dias Ferreira é o principal delator de um esquema de corrupção envolvendo o Ministério do Esporte. Preso no ano passado, o policial foi entrevistado pela revista “Veja” e acusou Orlando Silva Júnior de ter recebido propina na garagem do ministério.
Segundo as contas do policial, o esquema pode ter desviado mais de R$ 40 milhões do Ministério do Esporte nos últimos oito anos. As ONGs só recebiam dinheiro da pasta mediante ao pagamento de comissões, e essas taxas podiam atingir 20% do valor total dos aportes.
Todo esse cenário aumentou a pressão da oposição sobre Silva Júnior. “Ele tenta se esquivar desse conjunto de coisas que acontece, mas seus principais auxiliares estão envolvidos”, acusou o deputado ACM Neto (BA), líder do DEM na C”mara, em entrevista à mesma “Folha de S.Paulo”. “O principal responsável pelo esquema é o ministro”, completou Alvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado.