Análilse: Com NBA, basquete brasileiro precisa se reinventar

O acordo com a NBA foi saudado pelos dirigentes da Liga Nacional de Basquete quase como a solução para todos os problemas da modalidade no país. Não por acaso, o plano onírico deu o tom no discurso dos dirigentes na entrevista de anúncio do contrato, feita nesta quinta-feira, no Clube Pinheiros, em São Paulo.

“Esse é mais um passo para o sonho de tornar o basquete o segundo esporte do Brasil. Lugar que já foi dele”, ressaltou João Fernando Rossi, vice-presidente da entidade.

Kouros Monadjemi, ex-mandatário da liga e atualmente diretor de relações institucionais, foi além. “O sonho está começando”, afirmou ele. “E para que ele se realize, é preciso ter alguém que acredite”, acrescentou, citando o autor de livros de autoajuda Roberto Shinyashiki.

O acordo de longo prazo foi destacado por Cássio Roque, atual presidente do LNB. “Não sei o que esperar daqui a dez, 12 anos. Só sei que estamos do lado certo.”

Em seu sétimo ano, a liga é celebrada até por concorrentes do futebol e vôlei como a grande aventura dos clubes que deu certo.

Nesse período, o Brasil voltou a frequentar o torneio masculino da Olimpíada, algo que não acontecia havia 16 anos. Nunca o país colocou tantos jogadores para atuar na NBA, a principal liga de basquete do mundo. A força dos clubes fez com que o Novo Basquete Brasil fosse capaz até mesmo de peitar a TV Globo e programasse seu mata-mata final em melhor de três jogos. O badalado vôlei não teve essa força.

Com foco na preparação das seleções brasileiras, a Confederação Brasileira de Basquete fez aposta louvável em trabalhos de longo prazo. O técnico Zanon, da seleção feminina, tem contrato até a Olimpíada do Rio-2016. Já o argentino Ruben Magnano, há quatro anos no cargo, assinou compromisso até 2017 para dirigir o time masculino.

Mas, passado o entusiasmo, é hora de arregaçar as mangas. Na atual temporada, iniciada em outubro, a direção da liga ainda tem pouco a oferecer aos clubes. O torneio conta apenas com parcerias com Globo e Spalding, e carece de mais patrocinadores capazes de desonerar as despesas dos participantes.

É claro que essa realidade tem boas chances de mudar com a associação do NBB à NBA, uma sutil diferença de letras, que não entrega o abismo social que separa as ligas. É análise corrente entre os dirigentes a dificuldade em atrair patrocinadores privados quando até o futebol tem enfrentado o êxodo de investidores a cada ano.

Solução para isso? É preciso abandonar velhas práticas que não deram certo e se reinventar. A vinda da NBA pode ser o primeiro passo. 

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