Análise: “Abadá” exibe pouca evolução no futebol

Mesmo sem um patrocínio máster, o Santos fechou nesta terça-feira (14) com a sexta marca para expor no uniforme, sem contar com a presença da fornecedora de material esportivo e o próprio escudo do time. É mais um clube no futebol brasileiro a sustentar o “Abadá de Carnaval”, um sonoro erro da gestão do esporte que insiste em permanecer nas principais agremiações do país.

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O maior expoente dessa estratégia é justamente o time que alavancou a tendência há dez anos. Hoje, o Corinthians possui incríveis 11 marcas no uniforme, com direito a propriedades novas, como a lateral da camisa e o ombro com duas empresas.

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Em 2010, o time paulista puxou a estratégia graças a um contrato com a Hypermarcas que, na época, valia R$ 38 milhões (mais de R$ 60 milhões, com a correção da inflação). Com a soma dos valores investidos pelo Banco Panamericano, o clube se gabava de ser o mais valorizado do país, o que justificaria ter marcas até mesmo na região da axila do uniforme.

A estratégia adotada, no entanto, não se mostrou sustentável. Basicamente, as propriedades menores no uniforme são praticamente invisíveis aos torcedores, o que as torna um investimento ruim para as empresas. Além disso, a poluição de patrocínio desvaloriza o aporte máster. Com plano comercial focado na exposição, ativações ficam em segundo plano, enquanto as companhias passam a ver menos valor na presença da camisa de jogo.

Isso foi dito à época, mas, na abundância, foi ignorado pelos clubes. O resultado é que hoje o próprio Corinthians recebe consideravelmente menos pelo aporte máster. Em 2005, o time mantinha um contrato de R$ 15 milhões com a Samsung, cerca de R$ 30 milhões com a inflação. Não há crise econômica que justifique tamanha desvalorização, especialmente ao considerar o profundo processo de restruturação do clube nos últimos anos, com uma arena moderna e uma coleção de títulos.

Portanto, é incompreensível que o time mantenha a estratégia atualmente; ficou o excesso de marca, mas a fartura foi deixada para trás. Se não há um novo plano em longo prazo para a valorização dos clubes, eles ficarão sempre à mercê de aventureiros do mercado e nunca serão apontados como plataformas confiáveis e eficientes para as principais companhias. É um ciclo muito pouco inteligente que hoje cerca a grande maioria dos times nacionais. Não deveria ser assim. O mercado evoluiu muito nos últimos anos para ainda existirem “abadás” pelos gramados nacionais.

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