A Adidas parece uma mãe para a Fifa. Não importa o quantos os filhos aprontem (e eles aprontam um monte), ela sempre passa a mão na cabeça. Desde que explodiram os escândalos envolvendo a maior instituição do futebol mundial, em nenhum momento a empresa, uma das mais tradicionais patrocinadoras da Copa do Mundo, enfrentou de fato a entidade.
No fim do ano passado, no mais próximo de uma ameaça pública, a empresa diz que iria pensar em alternativas caso o “caminho certo” não fosse seguido. E na opinião da Adidas, o “caminho certo”, de reformas na Fifa, tem sido seguido.
Com a Iaaf, a reação foi diferente. Após os escândalos que envolveram a entidade, a marca alemã falou grosso e irá retirar o patrocínio à modalidade mais tradicional do esporte.
É fato que a Adidas poderia ser mais enfática com a Fifa, mas a diferença de reação faz absoluto sentido. Basicamente, a empresa de material esportivo está gritando o que ela pode tolerar: a corrupção não pode entrar em campo. Nos bastidores, a empresa pode fazer vistas grossas. Para além disso, não.
A linha de pensamento não é uma questão ética, até porque essa é palavra proibida em ambas as entidades. Mas a Adidas sabe que “marmelada” é o que mata o esporte. Quando há o sentimento de armação, o torcedor vira as costas.
O torcedor comum, de forma geral, ignora as negociatas que envolvem o esporte. Mas doping vai além disso. Doping é a marmelada sofisticada. É a gota d’água, é o intolerável para qualquer torcedor. É o que acabou com Lance Armstrong e que pode acabar com qualquer outra lenda do esporte. Esse foi o limite para a Adidas.