A questão que abre essa coluna me bateu fundo quando, já quase adormecido diante do jogo da seleção de Dunga, ouvi o locutor gritar “Gooool do Peru!” Desperto, aguardei os seis minutos de confabulação entre os árbitros para validar ou não o gol de mão de Ruidíaz, atacante obscuro com passagem pelo Coritiba.
Por fim, o pior: o gol valeu. Não lamentemos por aí. Na estreia, o Brasil só não perdeu para o Equador graças à anulação de um gol legítimo de Bolaños, atacante do Grêmio, que viu o goleiro Alisson, do Inter, levar um frango antológico.
É difícil ser otimista com uma seleção eliminada da Copa América em um grupo que também contou com o Haiti. Em sexto lugar entre dez países nas eliminatórias para a Rússia-2018, a seleção de novo desperta o velho temor de que o Brasil possa ficar fora da próxima Copa.
Com tudo isso, a seleção brasileira ainda é um bom negócio?
Desde o final do ano passado, a CBF sofre fuga de patrocinadores. P&G, Unimed, Sadia e Michelin, sucessivamente, encerraram seu vínculo com a seleção. É certo que outras empresas entraram, sem fazer frente a essas perdas.
Sempre foi vantajoso anunciar na seleção mais badalada do futebol. Mas, nos últimos tempos, os vexames seguidos rebaixam o Brasil também no interesse dos patrocinadores. Se não tem nenhum apreço pela paixão que ainda desperta nos brasileiros (e parece não ter, diante dos sucessivos erros de gestão), a CBF deveria ao menos pensar a seleção como produto. Desvalorizar seu objeto de venda terá consequências desastrosas, a médio prazo, também no faturamento.