Se tem uma coisa que podemos dizer que não mudou de duas gerações para agora é a experiência de ir a um jogo de futebol. Há 50 anos, meu pai ia a uma partida no Pacaembu e vivia exatamente a mesma coisa que eu vivo agora quando levo meus filhos ao mesmo estádio municipal. Os saudosistas podem até exaltar essa situação, mas, se analisarmos do ponto de vista do negócio, é simplesmente inacreditável que nada tenha mudado em meio século num estádio.
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O atraso brasileiro em relação aos estádios começou a ser reduzido agora, com a construção das arenas um pouco mais modernas para a Copa do Mundo. Só que, fora daqui, neste exato instante, os centros mais desenvolvidos do esporte entenderam que não adianta nada erguer um estádio e não dar ao torcedor uma nova relação com ele.
Em meio século, o consumo do esporte mudou radicalmente. Mas só para quem não está presente no local do evento. Temos televisões cada vez maiores e câmeras com ultrasupermega resoluções que captam até o pensamento do atleta na jogada.
Dentro das arenas esportivas, porém, continuávamos a ter disponíveis exatamente os mesmos recursos de quem estava num evento ao vivo há 50, 60, 90 anos!!! A emoção da torcida e a sensação única de estar presente no momento da ação. Só! O máximo de mudança que aconteceu, de 30 anos para cá, foi no conforto do torcedor. Os estádios possuem projetos arquitetônicos pensados para tratar melhor o fã. Cadeiras numeradas, acolchoadas e, quase sempre, totalmente cobertas.
É essa a melhoria que o torcedor está vivendo agora no Brasil. Temos, finalmente, estádios projetados para dar o mínimo de conforto a ele. Só que estamos chegando atrasados a essa nova realidade! A revolução, agora, vem da aplicação plena da tecnologia dentro do campo de jogo. Precisamos ter arenas não apenas confortáveis mas completamente interativas, interligadas com o torcedor, preparadas para gerar o maior consumo possível dele dentro do período em que acontece o evento.
É louvável a evolução do mercado brasileiro em entender a importância de ter um aparato esportivo bom para o seu cliente. Só que, na realidade, os nossos estádios modernos já estão nascendo com o conceito de arena que está ultrapassada.
Como ocorreu nos principais países da Europa, a Copa do Mundo serve para mostrar a importância de se modernizar os estádios. Mas isso acontece geralmente uma década depois do evento. É preciso abrir espaço para sermos, de fato, modernos.