Análise: Argentina precisa levar racismo no futebol mais a sério

Uma torcida organizada do São Paulo resolveu se unir à torcida do Rosario Central, da Argentina, para fazer no duelo da Copa Sul-Americana um manifesto contra o racismo no futebol. O movimento acontece em meio a uma sequência de casos de injúria racial por parte dos torcedores argentinos. É surpreendente, aliás, o quão pouco é feito contra isso no país.

O fato, claro, não é exclusividade do país vizinho. Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo da Universidade da Flórida Central apontou um aumento de 31 para 41 casos de racismo no esporte entre 2016 e 2017, um movimento paralelo ao ressurgimento de grupos de extrema direita no país, além das duras palavras de Donald Trump contra imigrantes.

A diferença é a reação que as entidades esportivas mantêm contra os casos. Recentemente, o Red Sox expulsou permanentemente um torcedor que fez manifestações racistas nas arquibancadas. Na última semana, mandou até mudar uma placa de rua que lembrava um ex-presidente do time com histórico racista. No último ano, a NFL foi palco aberto para protestos de jogadores negros contra casos recentes nos Estados Unidos.

A impunidade também não é uma característica apenas da Argentina. O Brasil também vive com problemas do tipo, ainda que no caso recente mais notável, que envolveu o goleiro Aranha no estádio do Grêmio, a punição foi rígida, com a expulsão do time da Copa do Brasil.

Nesta temporada, houve uma sucessão de casos na Argentina. O Independiente chegou a pedir desculpas em 2017 pelo ato de torcedores em partida contra o Flamengo; foi tão efetivo que tudo se repetiu neste ano, em jogo contra o Corinthians. Injúrias se repetiram com o Rosario Central e o Racing na atual temporada.

Não é papel do esporte servir de palco para as piores pessoas.

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